Louis apareceu, o revólver na mão direita e o lábio inferior com alguns cortes abertos.
Seu cavalo não se remexeu nem por um instante, mesmo com os disparos e a possível luta.
"Eu te disse pra tomar cuidado com os inimigos que faz, seu idiota." Disse, desprendendo a mordaça da boca do cacheado e lutando para desamarrar a corda dos seus pés.
"Eu fui esfaqueado na perna, porra." Harry grunhiu, sentindo a ferida arder. Ele não deveria estar recebendo tratamento especial agora?
"Você é muito dramático. Ele mal feriu um músculo seu."
Louis cutucou na ferida, contorcendo o rosto quando Harry gritou.
"Certo, desculpe."
"Eu juro por Deus que assim que eu conseguir me manter de pé, eu mesmo vou te esfaquear."
"Palavras fortes pra um estúpido que está amarrado no chão" cuspiu. "Como um grande nada."
Harry virou o rosto e se calou, observando os bíceps de Louis se contraindo debaixo da farda. Ele desatou suas mãos primeiro, e assim que soltou suas pernas da corda, foi desferido um chute no joelho do xerife.
"Você é um babaca. E eu não sei porquê estou te ajudando." Louis disse, se colocando em pé.
"Por quê é sua obrigação, imbecil. Agora me ajude a levantar."
O xerife o ignora, seguindo em direção ao mato onde algemou o homem a uma grade em uma pequena cabana que tinha ali. Ele verificou lá dentro, mas não tinha nada que se ligasse ao homem.
Harry se arrastou com uma perna funcionando enquanto a outra fraquejava, quase o deixando no chão. Louis bufou, correndo até o cacheado.
Ele desabotoou o próprio cinto e o arrancou, tentando estancar o sangramento. Com uma faca, rasgou o tecido da calça desde o ferimento até os pés, o amarrando junto ao cinto.
"Fica pressionando."
"Dói." Harry grita, fechando os olhos com força e mordendo a boca por dentro.
"Eu sei que dói, mas você precisa pressionar até chegarmos na cidade."
"Não estamos em Folks?"
"Não."
Ok. Harry agora estava genuinamente preocupado, ele não podia se dar o luxo de fazer inimigos em cada cidade daquele estado, ou então estaria morto antes de chegar aos quarenta.
"Como me achou?"
"Você recebeu uma entrega, era um pacote pequeno. Foram até sua casa entregar mas tudo estava aberto e você não respondia. Entraram e viram tudo revirado." Ele fez uma pausa, ajudando Harry a montar sem machucar. "Até aí tudo bem."
"Como assim até aí tudo bem? Já era para todos os oficiais daquela delegacia virem atrás de mim na mesma hora."
"Como se a gente não tivesse mais o que fazer."
Harry o olhou ofendido. "Se eu estivesse em boas condições, socava sua cara."
"Percebeu que vim até aqui salvar sua pele e até agora você não me disse um obrigado?"
Louis subiu no cavalo e ouviu os gritos de protesto do homem algemado. "O que vai fazer com ele?" Harry perguntou.
"Já tem gente vindo o buscar."
"Continua contando como me achou."
"Minha— Uma mulher te viu no banco de trás de um carro antigo. Disse que você parecia inconsciente."
O cacheado franziu o cenho, não fazia nenhum sentido. Ele se segurou na cintura de Louis desconfortavelmente e chegou mais perto de sua orelha.
"Como você simplesmente descobriu onde eu estava? Isso aqui é só mato."
"Aquela mulher estava indo embora de Folks, Jaeden estava a levando em seu tílburi. Ela pediu pra voltar imediatamente e então me contou por onde passaram. Chequei todo o perímetro até ver a cabana de longe."
Harry ficou em silêncio o resto do caminho. Ele não conseguiu ignorar a dor insuportável na perna conforme o cavalo galopava. Incomodava como o inferno.
Ele espremeu os olhos enquanto seguia mancando para a delegacia com a ajuda de Louis. Quando se sentou na pequena cama extremamente desconfortável e dura de um quartinho minúsculo que tinha no estabelecimento, Louis tirou o cinto e o pano ensanguentado. Harry chiou ao ver a ferida aberta receber um líquido que parecia tão acido quanto sal.
Depois de um outro homem enfiar uma agulha para costurar sua pele, a mente de Harry ficou um pouco escura, e ele só tentou se esforçar para saber como estava vestido com outras roupas e debaixo de uma manta tão fina - ainda na delegacia.
Louis surge na porta, a expressão superficial de sempre, sem sorrisos ou qualquer mínima tensão ligeira em algum canto do rosto.
"Está melhor?"
"Bem, não dói como antes."
"Certo."
"Aquela mulher, ela... Era sua mãe, Louis?" Ele pergunta, cautelosamente. Não o olha nos olhos, porquê não quer levar um soco na cara. Ele já tinha sido esfaqueado.
"Ela é."
"Por que a mandou embora? Ela não chegou, tipo, ontem?"
"Isso não lhe diz respeito."
É só o que diz, e então fica lá, observando Harry - quem tem as sobrancelhas franzidas e uma sensação pulsante na perna. "Quero ir pra minha casa."
"Não há nada te impedindo."
Harry hesita, estralando o pescoço. "Sabem onde eu moro."
"Está com medo, é isso?" E lá está, a mínima reação que o cacheado procurava. Levemente surpreso por um segundo. Talvez estivesse debochando de Harry.
"Vai se foder."
Louis revira os olhos, desencostando da porta e saindo em seguida.
"Pode ir, Styles." Ele grita ao longe. Harry suspira, se levantando e pegando a droga da bengala que agora teria que usar. Era do oficial Dante, uma provável herança de algum parente morto.
Harry crispou os lábios com o pensamento, suas noites seriam cobertas de perseguição fantasmagórica e a sensação de que algo está perto.
Talvez - mas só talvez - aquele pacote marrom chamativo em sua gaveta, gritando por atenção, seja a abertura para um novo recomeço.
Ou apenas palavras em letra maiúscula brilhando e dizendo que Harry tinha que fugir.
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breakfast at folks | hiatus.
FanficEm uma cidadezinha no interior de Goldland, as manhãs cheiravam a trapaça e tudo que se ouvia eram os galopes costumeiros e o relinchar dos equinos. Harry Styles trotava com sua égua de cidade a cidade procurando algumas presas indefesas, mas não e...