Desconfiança

542 74 57
                                    

     Phil, antes de responder S/N, olha curioso para Jake, que ainda está dormindo tranquilamente.

     - Você sabe como são os moradores dessa cidade. Fiquei sabendo que você foi resgatada de um incêndio na casa do Michael Hanson, então, eu vim correndo para cá.

      S/N encara o belo rosto de Phil, comovida pela preocupação dele. Apesar de os dois terem se distanciado, o dono do bar continua sendo um bom amigo.

     -Ah é claro! As notícias em Duskwood não correm, elas voam. – a moça constata. É claro que a notícia do um incêndio criminoso na casa abandonada, que pertenceu a Michael Hanson, espalharia como um rastilho de pólvora.

     - Voam como um foguete... É um preço que pagamos pela tranquilidade. – o dono do bar ri. No fundo, ele gosta de saber das novidades pelos fofoqueiros de plantão.

    - Tranquilidade?! Pode ser... exceto quando umas lendas bizarras resolvem agir. Eu deveria esperar por isso, não é mesmo? - é a vez de S/N sorrir. – Esta região serviu de inspiração para os contos e lendas escritas pelos irmãos Grimm.

     - E você ama essa aura de mistério, Senhorita Sherlock Holmes. – Phil gargalha. Ele sempre achou interessante o lado detetive da ex-ficante.

     - Sherlock Holmes? Que exagero! - ela diz, rindo. - Gosto dos bons suspenses, porém, só na ficção. Não curto pular de uma janela para fugir de um incêndio provocado por um maníaco. – olhando para Jake, a moça fala. - Phil, por favor, me ajude com o suporte de soro. Vou voltar para a sala. – apontando para o hacker, ela complementa. - Não quero acordá-lo. Ele precisa descansar bem.

     - Sem problema, senhorita. O que você não me pede chorando, que eu não faço sorrindo? – Phil fala, divertido,

     Antes de ir, S/N, inclinando-se, instintivamente, beija a têmpora de Jake, falando em um tom de voz baixo e suave, despede-se.

     - Até mais! Fique bem!

     Phil repara a cena e segura o riso, imaginando como seria impagável observar a expressão do arrogante e detestável chefe de polícia se por um acaso presenciasse a noiva sendo tão carinhosa com outro homem. Ele conhece muito bem a amiga a ponto de perceber que ela está estranha. Aliás, quem é esse desconhecido que a está deixando assim? Só pode ser ...

     - Vamos? - S/N interrompe os pensamentos do dono do bar. Ao perceber que Phil está com um brilho malicioso no olhar, ruboriza-se, torcendo para que ele, nada discreto, não faça perguntas a respeito de Jake.

     Porém, o dono do bar não tece comentários sobre a cena, apenas pergunta, antes de auxiliar a amiga a voltar para a sala. – Você será transferida para o quarto logo?

    - Ainda não sei. – ela responde, acomodando-se no leito, com a ajuda do amigo. – Talvez não seja necessário. A equipe médica está aguardando o resultado de exames. Espero ter alta logo.

      -Eu pensei que fosse encontrar os seus amigos barulhentos aqui, especulando quem fez isso com você e fazendo planos para invadir o meu bar. – o dono do bar graceja. - Eu reforcei a porta do meu depósito.

      Os dois dão risada, recordando-se da fracassada invasão da Cleo e do Thomas no depósito do bar Aurora, há 5 anos, para procurar Hannah.

      - Ainda não falei com eles. – fitando Phil, S/N pede. – A propósito, você poderia fazer um outro favor? Avise a Jessy que estou no hospital, antes que ela saiba pelos fofoqueiros da cidade, e fique preocupada. Eu pensei em falar com eles, mas estou me sentindo cansada.

     - Pode deixar. Farei isso. – olhando em volta, o dono do bar deixa escapar. – Também pensei que fosse encontrar o Bloomgate ao seu lado, como um cão de guarda. Não que eu faça questão de encontrá-lo, é claro, mas ele deveria estar aqui, cuidando de você. De qualquer forma, é bom que ele não esteja, pois assim poderemos conversar mais à vontade.

O Retorno do Homem Sem RostoOnde histórias criam vida. Descubra agora