(Música na mídia)
— Obrigado — Dean sorri enquanto o garçom deixa duas xícaras com chocolate quente e torradas.
Uma garoa fina havia começado durante o almoço deles, fazendo Castiel se encolher no casaco, de frio. Dean o achou adorável por alguns minutos, antes de perceber que passou muito tempo o encarando.
Dean se reprimiu um pouco por dentro.
Ele se descobrira gay quando tinha quinze anos. Quando ele notou que nenhuma menina achava tanta atenção e seu namoro com uma colega de classe se resumiu apenas a pequenos beijinhos e mãos dadas. E que sexo o deixava apavorado, assim como tentar algo diferente.
Seu tio Bobby que foi o primeiro a saber. Afinal, ele estava de férias na casa dele. O homem que já estava com os cabelos grisalhos, sorriu para Dean e lhe deu um abraço. Não disse nada, apenas o aceitou do jeito que ele era e nada mais.
Muitos anos depois desse dia, Dean ainda se sentia bastante inseguro com sua sexualidade.
Nada de negar a sua natureza, mas não era de conhecimento público que o herdeiro de uma das famílias mais conhecidas do mundo dos empresários, fosse gay. Dean era extremamente tímido, quase não conseguia flertar. Era uma negação para falar que gostava de alguém, ou de algo.
Mas ali estava ele, atraído pelo jovem Castiel.
Castiel tinha olhos chamativos e uma beleza que poderia se destacar. Sua boca ficava vermelha quando ele estava com frio, e sua barba fazia Dean sentir uma certa curiosidade de tocá-la.
Mas com calma, Dean.
Não devo apressar as coisas. Ele pensou. Não devo apressar nada.
— Aqui é bem bonito, né? — Castiel sorriu para ele — Claire e eu costumávamos andar por essa praia quando não estava tão frio. Ela tinha oito anos, adorava fazer castelos de areia e pegar conchinhas.
Dean desfocou-se dele e encarou as areias da praia. As ondas quebravam com delicadeza e não demorava muito que outra chegasse e repetisse o movimento. Tinha um solitário albatroz na praia, correndo das ondas como um ser animado. O céu cinzento, com um mesclado de azul que insistia em aparecer... O cheiro de areia molhada e do doce som do violão do ambiente.
Dean queria viver nesse ambiente, para sempre.
Suas viagens costumavam ter um toque de nostalgia. Todos os lugares que ele pisou durante sua expedição pelo mundo, tinha que ter algo marcante. No Brasil, o que lhe marcou foi a vista de uma cidade colonial. Ruas de pedras, uma capela e muito respeito envolvido. No México, a dança de rua e uma vista de cidades coloridas e cheias de vida.
Em Londres, que era sua terra natal, a rotina impecável e pontual dos homens.
E em Devon, aquela vista do restaurante na companhia de Castiel.
Tudo não poderia ser tão marcante.
— Aqui é tudo lindo. Parece que veio alguém, com uma aquarela e pincel e teve toda a paciência de fazer essa vista — Dean sorriu — Você gosta de praias?
— Muito — Castiel mordeu uma torrada — Benny me deixava fazer longas caminhadas na praia dele. Ás vezes, ele me acompanhava. Ele gostava de contar a história do chapéu de palha.
— Deixe-me adivinhar — Dean sentiu-se uma melancolia — Um dia, ele andava pela praia, quando ele jura que um pássaro levou o chapéu dele e ele saiu correndo atrás do pássaro, até que ele caiu e começou a se lamentar, porque o chapéu de palha era do avô dele. O pássaro sentiu dó e voltou, devolvendo o chapéu dele.
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Road of Love ⎢⎢ Destiel Version
Romance"Devon tinha tudo e tinha nada. Para todos, ou para ninguém." Dean Winchester era livre. Sem mulheres, sem filhos, sem compromisso. Com seu trailer, sua caminhonete e uma conta gorda em dinheiro, ele se via longe de ter uma vida comum em um lugar co...