Capítulo 26

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A brisa do vento bateu na janela do quarto, fazendo com que Dean desviasse o foco da TV ligada e olhasse para Castiel adormecido de uma maneira serena.

Mas ao mesmo tempo, viu Benny encostado na janela. Parado e taciturno.

— Você voltou.

— E você ainda aparece — Dean se levantou e olhou para o relógio. Eram 04:34 da manhã.

— Eu sempre estou por aqui — Benny suspirou — Fico feliz que você voltou. Ele sentiu sua falta.

— Eu fui dos piores babacas na vida dele.

— Talvez tenha sido — Benny deu de ombros — Espero que não volte correndo para outro lugar.

— Não tenho planos para isso. Porque eu quero e preciso ficar.

— Eu quero acreditar nisso — Benny apoiou a cabeça na janela — Mas você já fugiu. Mais de uma vez.

— Nunca fugi mais de uma vez.

— Quando Bobby morreu, na noite depois do funeral... Você me ligou. Disse que tinha um plano de viajar pelo mundo. Havia comprado uma caminhonete e estava atrás de um trailer. Havia transferido um dinheiro para sua conta e que tinha uma lista de lugares que queria visitar. Não me diga que isso não foi uma fuga.

— Uma fuga?

— Você não aguentou a dor da perda. Seu pai estava sofrendo pela perda do irmão. Ellen e as crianças se afundaram em um luto permanente. Você não foi homem ou humano o suficiente para perceber e aceitar que Bobby havia morrido. O pior: Nos seus braços.

— Não quero lembrar disso.

— Você não precisa de mim para lembrar disso.

— O que um morto sabe do que eu sinto?

— Você também quis fugir quando recebeu a notícia que eu estava morto, Dean — Benny o confrontou— Mas não podia. Você era a única pessoa que eu conhecia, que era a minha família. Mas antes de vir para cá, você tentou dar sua escapada. Você não veio no meu funeral. Não despediu de mim. Não que eu esteja chateado, mas você sempre foge do que tem medo. Da morte, da perda e do luto. E agora, do amor e da estabilidade. Quer viver fugindo agora?

— Eu estou aqui, não estou?

Benny se aproximou. Perto demais, Dean até achou que ele estivesse realmente vivo.

— Se fugir de novo, vai me fazer questionar o homem certo e corajoso que tive o prazer de chamar de irmão e amigo no exército.

— Não estou com a vontade de fazer isso — Dean encostou no sofá, suas emoções ali expostas — Eu amo o Castiel.

— Espero que o ame mesmo — Benny se sentou ao lado dele, arrumando o boné — Ele não merece perder mais ninguém. Nem de fuga e nem de morte.

Dean deu um sorriso. Mas seus olhos estavam cheios de lágrimas.

Lágrimas que ele deveria ter chorado quando Bobby morreu. Lágrimas que ele deveria ter derramado quando recebeu a notícia que Benny havia morrido. Aquelas que ele havia chorado, simplesmente por ser humano.

Estava se sentindo um ridículo. Se escondeu nas suas viagens, no dinheiro. Se escondeu entre tantas coisas na vida, que estava ali, despido e exposto para quem quisesse ver. Benny o despiu, Ellen o ajudou. E seu pai havia finalizado. Pessoas que estavam com ele em todos os momentos que havia presenciado a perda e a vergonha.

Ele era apenas um garoto de 14 anos ainda fascinado pelo mundo. O garoto que havia sido criado em uma redoma de vidro pela família rica, e retirado dela por um aventureiro. E exposto ao mundo estranho tão velho, mas tão inexperiente.

Road of Love ⎢⎢ Destiel VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora