Capítulo 16

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Izuna se preparava para dormir naquela noite, atrás do biombo, quando saiu para se deparar com a visão mais assustadora de sua vida.

-Oh, sério, Tobirama? Isso não é justo.

Ele ergueu os olhos de onde estava, reclinado na espreguiçadeira do quarto, o rosto parcialmente escondido atrás de um livro encadernado em couro verde.

-O que foi? - ele perguntou.

-Você está lendo Orgulho e Preconceito¹?

- Eu encontrei na sua estante.- Ele deu de ombros.

Vê-lo lendo qualquer livro já era ruim o bastante. Mas seu livro favorito? Aquilo era tortura.

Só me prometa uma coisa, por favor - Izuna disse.

- O quê?

- Prometa que eu nunca vou sair de trás deste biombo para encontrar você segurando um bebê.

Aquela parecia a única possibilidade mais devastadora para o autocontrole do Izuna.

Tobirama riu.

-Não acho isso provável.

- Ótimo.

-Já que estamos falando de livros...

Tobirama se levantou de seu lugar e jogou o livro de lado.

-Tenho uma pergunta para você. Se esse é o tipo de história que você prefere, por que inventou um oficial Francês como seu pretendente imaginário? Você poderia ter criado alguém parecido com o Sr. Darcy?

-Porque a França fica longe e eu precisava de alguém que nunca aparecesse.

Ele abriu um sorriso irônico.

- E isso deu certo?

- Não muito. Uma pena.

Junto à penteadeira, ele terminou de trançar o
cabelo e amarrou a ponta com um pedaço do tecido rendado. - Mais alguma pergunta?

- Sim. Tenho uma.

Izuna se virou e o encontrou olhando para ele com desejo descarado. Por que nunca me mandou um desenho de você mesmo? Izuna hesitou, surpreso

- Não sei... Acho que essa ideia nunca me ocorreu. Mas está dizendo que você pensou nisso?

- É claro que pensei. Sou um alfa, não?

Sim. Com toda certeza, um alfa. E a masculinidade dele ficou bem evidente enquanto ele soltava os punhos da camisa, expondo os braços musculosos...

Toda vez que me entregavam uma das suas cartas - ele disse.

- eu sentia uma expectativa crescer. Quem sabe... quem sabe desta vez haja um desenho de um ômega dentro deste envelope.

Ele tirou a camisa pela cabeça e a pendurou nas costas da cadeira.

- Não tive sorte. Tudo o que consegui foram traças e lesmas. Izuna mal ouviu a última parte do que ele falou. Além do estupor² costumeiro que a visão de Tobirama sem camisa provocava nele, sua cabeça tinha
se fixado em uma das primeiras palavras que ele disse. Aquela que parecia com... expectativa.

- Você...

- as palavras morreram na língua dele. Izuna pigarreou e tentou de novo. - Você ficava esperando minhas cartas?

Ele lhe respondeu do lavatório.

- A guerra é uma ocupação brutal, mon coeur. Além de ser um tédio e muito desconfortável. Meias são motivo de comemoração. Uma escova de dentes? - Ele levantou a que tinha em mãos. - Vale o peso em ouro. Cartas são o maná do céu³ no meio de toda aquela turbulência.

O Noivo Do CapitãoOnde histórias criam vida. Descubra agora