Seu nome

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"Meu nome é Samuel Hux, e esse é meu filho, James Hux." O Alfa diz ao se inclinar sobre a poltrona e encostar a cabeça no braço esquerdo. Seus olhos ainda estão presos no ômega que alimenta seu bebê.

"Eu sei quem você é, Senhor Hux. Sou uma funcionária deste andar." A mulher responde ao voltar seu olhar para o bebê em seus braços, sua mão livre indo até seu menino e usando seus dedos para acariciar os cabelos do filhote. Cada toque cheio de um carinho adorador.

James mantém seus olhos na mulher que o amamenta e arrulha em felicidade ao enfim ser saciado da fome extrema. Suas mãos pequenas ainda presas na pele dos seios dela, apertando o seio roliço e sugando o líquido sagrado para seu pequeno corpo.

"É claro que sabe, eu não deveria supor..." Samuel começa a dizer estranhamente envergonhado, ele é o diretor administrativo desta filial, é claro que ela saberia, sendo uma de suas funcionárias. A parte da vergonha era ele não saber quem ela era.

Samuel não têm nenhuma noção que empregava uma Ômega entre seus funcionários. O setor de recursos humanos e contratação sabia que não era sua preferência contratar os nascidos nesta designação.

Contratar ômegas era caro por uma série de questões legais, além do problema que um calor inesperado pode causar em uma equipe composta por muitos nascidos Alfa. E o mundo empresarial estava cheio de nascidos nesta designação.

Além do homem não saber da existência dela em seus corredores, ele nunca prestou muita atenção na equipe de limpeza e manutenção de recursos. O que era uma grande falha e vergonha para ele.

E agora aqui estava ela, oferecendo algo inestimável para o bem-estar de ambos, pai e filho.

"Meu nome é Darla, Senhor. Darla Brendon." A mulher fala ao voltar a encará-lo. "Trabalho aqui há oito meses, e meu filhote deve ter uma idade parecida com o seu."

Em um primeiro momento a informação bate no Alfa de modo funcional, após alguns segundos ele sente seus instintos Alfa acender em um rosnado que ele, por pouco, não consegue conter.

"Ômega tomado. Não a encontrei a tempo!" Sua designação martela por dentro, para Samuel era desconcertante se sentir tão à flor da pele, com seu Alfa interno martelando por controle.

O que o acalma foi o perfume desprendido por Darla, seu cheiro ômega é limpo do odor marcante que significa um acasalamento e não mostra nenhuma nota masculina, ou algo que demonstra que ela estava em um relacionamento.

Entretanto, Samuel não teve tempo de falar nada, ainda menos questionar sobre o filhote dela, seus pensamentos são grosseiramente interrompidos quando seu telefone começa a tocar insistentemente.

Ele sabe quem é sem nem olhar para o aparelho odioso. Seu atraso não será tolerado por muito tempo e logo, um dia precioso de trabalho estará perdido e as consequências serão enormes para o Alfa.

Anthony Clifford, também um Alfa e um dos chefes que controlavam a enorme multinacional para o qual Samuel trabalha, é um bastardo cruel, com temperamento curto e bastante exigente.

Samuel apenas se safa de sua atual demora por Anthony ser um amigo e o mais próximo de um padrinho que James têm. Mas o homem logo encontra por bem não pensar no outro Alfa, por algum motivo sua boca enche de uma saliva amarga ao imaginar Anthony Clifford perto de Darla.

É mais fácil manter-se quase em estado de hipnose pelo Ômega à sua frente, tão docemente manso em seu ato sagrado de amamentar um bebê faminto. Qualquer ação imprudente poderá levá-lo a perder seu cargo na empresa.

E esses pensamentos estúpidos de mansidão, submissão, possessão e dominação não eram corretos nem nos tempos mais remotos, onde supressores não existiam e Alfas caçavam ômegas para acasalar pela vida. Alguns Alfas desonestos roubavam os Ômegas de outros Alfas, separando os companheiros em busca de seu próprio acasalamento.

Pensamentos assim não são bons, por isso a sociedade desenvolveu os supressores de feromônios.

Ômegas não são posses para se conquistar, ou presas para caçar. São seres humanos e têm direitos. O acasalamento forçado é um crime previsto no código penal.

Claro que Samuel sabe disso, todos sabem. Como também sabem que ômegas são uma designação que esteve sempre em desvantagem populacional.

Para cada cem Alfas apresentados, apenas um ômega nasce, esses eram dados oficiais do governo. E isso sempre foi uma desvantagem que no passado levou reinos à guerra, países contra países. Alfa contra Alfa.

Não dava para acasalar com nascidos betas. Selar o vínculo com outro Alfa é possível, mas as características base da designação sempre serão um grande desafio para o casal. E somente um amor e companheirismo enormes podem fazer com que essa união tenha progresso, considerando todos os desafios que o casal terá pela frente.

Marcar alguém em um acasalamento é um ato de vida para um Alfa. Ômegas podem ser marcados até duas vezes, já que possuem duas glândulas de acasalamento que estão localizadas em lados contrários na região do pescoço.

O segundo acasalamento ainda será complicado de lidar para o Ômega. Mas, em termos biológicos, o ato é possível.

Alfas possuem somente uma glândula de acasalamento no pescoço, responsável por selar o vínculo com o Ômega.

Com um pulo inesperado devido à agitação interna provida de seus pensamentos bagunçados,  Samuel ergueu-se do lugar onde estava e pega o celular para disfarçar seu comportamento estranho, desbloqueando o aparelho e abrindo seu aplicativo de mensagens, olhando para todos os textos que recebeu, mas sem verdadeiramente ler o que lhe foi enviado.

"O senhor pode ir para sua reunião. Vou ficar com o filhote o tempo que for necessário." Darla diz ao levantar seus olhos do meu filho e encará-lo com um sorriso suave. "James vai terminar de mamar e depois podemos brincar um pouco juntos, até ele dormir mais uma vez. Assim que ele fizer isso, volto para a minha função... quer dizer, isso se estiver tudo bem para você, senhor Hux."

"Você me ajuda muito ao ficar ao lado dele." Samuel é rápido em responder. O homem tenta deixar sua voz livre da sua designação, mas luta contra o instinto de deixar seu Alfa livre, seu peito esquenta com a generosidade da mulher.

Uma pessoa que ele nem sabe que existia em seus corredores. Agindo invisível em uma função menosprezada por homens e mulheres iguais a ele. E que agora, em um momento de necessidade, foi a única a estender uma mão para ajudá-lo.

Seu filhote arrulha nervoso ao ser afastado do seio que o alimentava, um pequeno grito irritado e necessitado escapando de sua pequena boca.

Tentando disfarçar seu interesse, Samuel tem, mais uma vez, a oportunidade de olhar o seio exposto do Ômega, até que ela o cubra com rapidez, travando o tecido na alça do sutiã. O homem observa seu rosto ficar mais rosado, mas os olhos da ruiva se voltam para o bebê em seus braços.

Com uma facilidade que apenas uma mãe teria, Darla em poucos movimentos manuseia o menino em seus braços e não demora ao levar para o outro seio.

Puxar sua camisa e soltar a peça de tecido que cobrem seus mamilos rosados, são feitos de modo prático, e seu menino não demora a encontrar e buscar o leite que tanto deseja. Seus olhos brilham e seus movimentos voltam a se agitar, dessa vez não de raiva, mas de prazer.

Darla o nina e acaricia em adoração, enquanto ronronados femininos cheios de satisfação são desprendidos dela.

Samuel nem tem certeza se ela sabe que está fazendo esses barulhos. Todavia, sua biologia sabe e sua biologia se agita por dentro. O perfume de seus feromônios são potentes o suficiente para fazer o homem ciente dela, um calor tortuoso crescendo desenfreado em lugares em que ele não deveria estar sentindo nada.

Afinal, a mulher ainda é sua funcionária, ele não sabe nada de sua vida e qualquer avanço será indecoroso e um desrespeito enorme com ela.

Entretanto, foi uma junção de muitos fatores, como o seu perfume de ômega, misturados com o cheiro doce de leite materno e o carinho de mãe oferecido ao seu filhote, que o fizeram responder aos seus ronronados.

O barulho quase não foi disfarçado por ele, que correu para encobrir seu próprio ronronar de apreciação Alpha, transformando a coisa em uma tosse alta e mal contida.

James chega a pular com o susto do barulho desordenado feito por seu pai. Todavia, manteve sua boca presa na mulher.

"Sei que não deveria te pedir isso, é ultrapassar limites gigantescos. Mas, se você puder ficar com meu filhote..."

Samuel começa a falar, porém é surpreendido e imediatamente interrompido por um riso feminino suave.

O som faz sua pele arrepiar.

"Senhor Hux, pode ficar tranquilo, seu menino está seguro comigo e prometo que vou cuidar do filhote como se ele fosse meu." Darla responde ao olhá-lo, sem esperar por sua resposta ela manobra seu corpo para estar mais confortável e usando a cabeça o Ômega aponta para sua escrivaninha, onde a bolsa de bebê contento as coisas de James está.

"Se James precisar de algo, posso pegar na bolsa?" Ela questiona ainda de modo prático.

"Claro. O monitor de bebê de James está no carrinho, não o desligue, meus instintos se agitam quando não consigo contato com ele."

Com um movimento cuidadoso, mas ainda assim ágil, Darla levanta-se de onde estava e ainda mantendo James firmemente preso em seus braços, caminha até o berço e pega o pequeno aparelho eletrônico na mão que está livre.

"Vou manter a babá eletrônica comigo o tempo todo." Ela fala ao se virar para o Alfa.

Samuel tem um momento curioso onde pode admirar seu andar firme e seguro. E uma nova onda de constrangimento surge ao se dar conta que o Ômega, mesmo usando o uniforme feio e simples, fica linda com um bebê nos braços. Parecia que a mulher estava sob uma nova luz.

Uma luz que o Alfa gostava imensamente, o que era loucura já que Samuel nunca viu essa mulher antes e não tem nenhum envolvimento com ela. O homem insiste em pensar.

Ele nem gosta de ruivas.

Morenas altas, com pernas de quilômetros e cabelos lisos sempre foram o seu padrão estético preferido em uma mulher.

Tudo era muito confuso, mas seus instintos Alfa afirmam que ele pode confiar no ômega, que ela vai cuidar de seu filho.

"Não saia da sala, por favor, não permita que ninguém chegue perto do meu filhote." Ele pede ao encarar mais uma vez a ruiva a sua frente. Uma energia crepitante começa a crescer em seus músculos. "Estarei de volta no horário do almoço, ou se você tiver qualquer problema, por favor, me chame pelo monitor eletrônico."

Darla unicamente acena positivamente, ainda mantendo seus olhos nos dele.

"Vou fazer o meu melhor, senhor. Seu filhote está seguro ao meu lado. Juro pela deusa ômega." A ruiva responde cheia de certeza e força. E sua expressão é a de um ômega com um propósito, o que volta a arranhar a biologia Alfa de Samuel.

Antes de fazer ainda mais um papel de bobo, o Alfa ergue sua cabeça em nova confiança saindo da sala e fechando a porta atrás de si.

Agora era hora de se fazer grande novamente, ser aquilo que ele foi contratado para ser. Mas, se ele for admitir, seu coração permanece na sala. 


***

Notas da autora: Olá, pessoas. 

Mais uma vez obrigada pela resposta que Ajuda Inesperada está recebendo de vocês. Fico muito contente em saber que meu propósito esta bem aplicado.

Vocês são incríveis e inacreditáveis

E esse amor me motiva muito a continuar a postar.

Espero que gostem desse capítulo, e apenas para afirmar, as postagens são sempre às Segundas (sem um horário determinado, pois tenho que fazer revisão do capítulo).

Cometem, deixem uma estrela e me façam feliz!

Um grande abraço,

DiandrabyDi

Ajuda InesperadaOnde histórias criam vida. Descubra agora