Consequências

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Darla

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Segurar o bebê James é como segurar Maya pela primeira vez.

Seu corpo precisa disso tanto quanto respirar. Seus músculos queimam com a necessidade de prover para o pequeno bebê e sanar o cheiro ruim que ele estava.

O sofrimento tem que parar, a fome não pode existir. Manter o filhote seguro.

Mas, Darla não sabe de qual figura desolada dentro daquele escritório de diretoria ela estava com mais pena. Do pobre bebê faminto e gritando por uma mãe que não existia. Ou o Alfa confuso, com seus instintos à flor da pele e o rosto bonito e austero, agora vermelho e molhado por lágrimas.

Foi uma contradição encontrar Samuel Hux, que estava sempre impecável, mantendo uma postura Alfa elegante e segura, do tipo de homem que sabe o que está fazendo e domina entre os demais, relegado a choramingos e um odor amargo de sofrimento e derrota.

Ele não sabe o que fazer com o filhote, é nítido para a mulher. Mesmo que tudo estivesse em ordem, o bebê não estava contente com o que foi ofertado e seu choro implorava pelos braços de uma mãe e seios cheios de leite nutritivo. A criança estava faminta e triste.

Em seu carrinho caro de bebê, do tipo que dava para pagar o aluguel de Darla por um ano ou mais, existe o que a ruiva acreditou ser a construção tosca de um ninho improvisado.

O material macio não está dobrado do jeito certo, o que fez Darla arrepiar por dentro, segurando uma vontade incontrolável de ir e organizar a coisa toda.

Entretanto, o ninho tosco era o menor problema na sala. O bebê gritando os pulmões para fora do corpo mantem sua atenção presa e focada. Seus seios latejam e doem do pior jeito.

Sua biologia ômega escutou o chamado do filhote e não estava disposta a facilitar nem por um segundo. No pior trecho de seu descontrole designal, a mulher visualizou o rosnado selvagem que ela daria ao Alfa ao roubar o filhote dele.

O filhote é meu. Precisa de mim.

E é claro que ela nunca agiria a favor do instinto. Talvez se o Alfa não a permitisse cuidar do filhote. Ela pode ser pequena e magricela, mas o Alfa não venceria uma disputa entre ela e um filhote.

Darla se tornaria feroz.

A coisa toda era surreal e a mulher teve que brigar a cada segundo para manter-se atenta ao presente e não viajar nos instintos mais estranhos de sua biologia imposta.

No começo, a selvageria do Alfa quase ameaçou que ela seguisse exatamente o instinto de se lançar sobre seus olhos bonitos e rasgar a carne do Alfa para chegar ao bebê.

Assim que descobriu que pai e filho estavam tão sozinhos quanto ela e sua bebê, Darla decidiu arriscar tudo e mostrar para ele quem ela realmente era.

Expor sua designação pode custar caro, tudo. Mas, o filhote precisa dela e Darla não tem como lutar contra o instinto de proteger a criança.

Para sua surpresa, Samuel não fez nada do que ela acreditou que ele faria. O grande Alfa se sentou e deixou a mulher prover para seu filhote.

E James estava desesperado pelo alimento que ela podia oferecer.

Se despir parcialmente na frente de um homem desconhecido, um alfa, criou uma sensação de impotência em seus músculos, como um queimar lento e uma vergonha genuína.

Não foi fácil, mas era necessário. Em qualquer outra situação ela estaria longe de Alfas e nunca abaixaria a guarda mais uma vez. As consequências foram terríveis, e por sua ingenuidade caiu em um truque estúpido.

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