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Parte 2 de "Bolo"

          A Ilha de Tipora contém bosques e florestas que separam o vilarejo, como uma divisória que por anos esconde segredos, afasta alguns moradores da mansão amaldiçoada, mantém o padre, Francisco Oblito, longe do penhasco e protege os mais novos, da verdade.

          Na densa vegetação de um desses bosques, um garoto caminha tranquilamente com passos longos, conhecendo cada pedaço daquela área. Entre as árvores altas e próximas, a luz tem dificuldade em atravessar e iluminar a passagem, mas não parece ser um problema, não para Milo.

          Aquele atalho que Milo conhece tão bem o guia até as proximidades da mansão em menos tempo que levaria indo pelo caminho comum, mas assim que o garoto sai das árvores e escuridão, ele encontra não só a estrada, como se depara com alguém.

— Oi. — diz Olivier com um pequeno sorriso ao ver o garoto.

— Oi. — ele responde e olha ao redor por um instante — Aconteceu alguma coisa?

— Hã, não, acho que não.

— Então... Por que você tá aí?

— Ah, tava te procurando.

— Ah. É e-eu tava indo ver se a Bárbara acordou e, e...

— Ela tá na mansão com a Amelie, acho que vão ficar um tempo sozinhas. — Milo solta mais um "ah" concordando com a cabeça. Olivier respira fundo e continua — Você quer me fazer companhia?

          Milo mexe no cabelo, esfregando a mão na parte de trás em movimentos repetitivos, subitamente, seu rosto parece esquentar.

— C-claro, o que... O que você quer fazer? — as palavras tropeçam como sempre, apressadas para sair antes mesmo que o cérebro as formule.

— A gente pode andar um pouco até eu decidir?

— Tá. — Milo aceita e estende o braço para que Olivier comece a andar, os dois andam lado a lado rumo a lugar nenhum ou qualquer lugar oposto a mansão.

          Nos minutos seguintes, há um silêncio confortável entre eles, Olivier foca tanto em seus pensamentos, procurando o que pode fazer para manter Milo longe de seu bolo de aniversário surpresa que não percebe o garoto encarando-o.

          Milo olha para o braço de Olivier, a manga do casaco sempre posta apenas de um lado, uma luva no braço que está só coberto pela blusa de baixo, "o que ele esconde nesse braço?" pensa o garoto, mas não tem coragem o suficiente para perguntar agora.

          Devagar, a caminhada parece um momento sereno depois de uma tempestade, apenas dois garotos passeando até o vilarejo. Próximos à casa de Barnabé, o garoto de capuz vê a desculpa perfeita para manter Milo ocupado e essa desculpa, tem doze anos, fofura excessiva e se chama Amora.

          A garotinha vê a dupla segundos depois que Olivier e esboça um enorme sorriso. Em suas mãos, ela carrega uma caixa cheia de papéis e materiais infantis para desenho, mas do que ela precisa ou pareça aguentar.

— Milo! Olivier! — Amora chama bem animada se aproximando.

— Oi Amorinha. — cumprimenta Milo bagunçando o cabelo dela. Olivier diz "oi" da mesma forma.

— O que estão fazendo? — ela questiona ainda sorridente, esperando que a resposta seja "nada" ou algo não tão trabalhoso.

          E é exatamente isso que ela recebe.

— A gente só tava andando por aqui, nada importante. — responde Milo levantando os ombros.

— Querem desenhar comigo?! — pergunta ela com olhinhos pidões.

Shot At The Night • OSNIOnde histórias criam vida. Descubra agora