17.

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— Meteors —
Capítulo dezessete

Faltavam apenas dois dias de férias e eles estavam no hospital.

Katsuki odiava hospitais. Aquele clima estranho o deixava enjoado, mas no momento, ele só conseguia pensar em como eles pararam alí

Era mais uma tarde comum. Kirishima, Kaminari, Sero e Mina jogavam vôlei na parte aberta do condomínio - mesmo que não fosse permitido - era um dia quente e nenhum deles queria ir pra praia agora

Katsuki e Midoriya assistiam o jogo sentados no banco. Há alguns minutos eles jogavam com os outros, mas nem todo mundo tinha tanta energia quando eles

Em certo momento, Ashido mandou um toque errado para Denki, que quase não conseguia pegar, a bola voou por cima do muro, indo para o condomínio vizinho

— Que merda! O que a gente faz? — Mina se apoiou olhando para baixo. Para eles, o muro era baixinho e nada os impedia de pular para o outro lado a não ser a distância enorme de cima do muro onde estavam até o chão do condomínio alheio

— O porteiro não vai deixar a gente pegar! Que ótimo! — Ironizou Eijirou enquanto se encostava no muro decepcionado

O de cabelos amarelos olhou para a bola da amiga lá embaixo e se sentiu culpado por um instante. Era ele que deixou ela cair

— Eu vou descer lá pra pegar ela — Denki amarrava os tênis e Bakugou se levantou em um pulo

— Tá maluco? Se tu cair tu morre! — Ele apontou pro "precipício" do outro lado

— Tá vendo a grade que segura as plantinhas no muro? É só eu descer por elas e voltar. Eu já pulei de alturas muito maiores, vai dar certo — Ele subiu em cima do muro e se preparou para descer

Os outros cinco olhavam para o outro que estava determinado a pegar a bola. Quando ainda faltava uma grande distância do chão, um funcionário chamou a atenção de Kaminari que no susto, escorregou, caindo de uma altura considerável

E isso volta para onde estamos

Katsuki não podia deixar de se sentir culpado. Se ele tivesse se oferecido para descer no lugar do colega, talvez eles não estivessem ali agora. Se ele tivesse o convencido de quão idiota era aquela ideia talvez-

— Ei, tá tudo bem? — O ruivo entregou um copo com água para o colega que aceitou

— Tá sim, não se preocupe comigo

Kirishima estava preocupado. Dava pra ver na expressão alheia que o loiro se culpava pela queda do amigo, mesmo que ele não tenha nada a ver com a situação.

A porta da sala da frente foi aberta, saindo de lá Kaminari, em uma cadeira de rodas com um gesso no pé, sendo empurrado por Shinsou

— Ele não morreu — Sero botou a mão no peito, realmente assustado com essa possibilidade

— Eu tô mais vivo do que nunca! Achou mesmo que uma quedinha ia me matar? Eu caí de quanto? Um metro e meio?

— Cinco metros — Disse Shinsou

— Quase acertei. Mas eu tô ótimo!

— Você teve muita sorte de só ter quebrado a perna e ter tido ferimentos leves! Juro, você poderia ter morrido, seu sem noção! — Mina deu um tapa na cabeça de Kaminari que riu

— E põe sorte nisso! Mas você tá bem e é isso que importa. Mas é o seguinte, você vai ter que ir pra casa mais cedo — Kirishima disse enquanto via Denki fazer uma cara emburrada

— Deus me odeia, só pode!

— Deixa de drama, vamos logo que eu tô morrendo de fome — Bakugou se levantou, aliviado que o amigo estava bem.

As mães de Kirishima estavam do lado de fora do estabelecimento conversando com os pais de Hitoshi sobre o acontecido. Aizawa passou cinco minutos dando uma bronca no genro que pedia mil e uma desculpas, enquanto as senhoras Kirishima verificaram se todas as crianças estavam entrando no carro. Quando somente Katsuki faltava para entrar, Kimiko o interrompeu

— Katsuki, querido, posso conversar com você? — a de cabelos pretos perguntou enquanto via Asami dentro do carro tentando controlar a confusão lá estabelecida

Ele concordou e seguiu a mais velha até um banco mais afastado do carro, onde não havia quase ninguém além de uma senhorinha com sua neta

— Quando o Eijirou me contou sobre você, eu fiquei com um pé atrás, pois eu já tinha escutado seu nome em algum canto, mas não sabia onde — Ela contava enquanto brincava com os dedos, então aquilo era de família. — Acontece que eu estudei com a Inko, mãe do Izuku no ensino médio e foi por ela que eu escutei seu nome

O loiro percebeu a inquietação da mulher mais velha, ela parecia buscar as palavras certas para contar algo

— Eu e a Asami já tínhamos um palpite do que estava acontecendo na sua casa, mas acabou que a Inko confirmou. Eu também escutei você e o eiji conversando sobre a sua mãe, me desculpa por isso mas eu estava preocupada e eu não podia fazer nada

Katsuki ficou em silêncio. Se era tão perceptível o que acontecia naquele lugar, por que ninguém fazia nada? Por que ninguém nunca perguntou se ele precisava de ajuda ou perguntou o que realmente acontecia

— Então nós três decidimos que íamos denunciar sua mãe para a polícia. Já temos provas, testemunhas, tudo. Mas nós não podíamos fazer isso sem antes conversar com você. A situação é complicada e eu sei que você deve sofrer muito com isso, mas de qualquer forma ela é sua mãe, não podemos fazer isso sem antes saber se é isso que você quer. O que me diz, querido?

Inquieto, Bakugou começou a pensar no que ele deveria responder. Obviamente que ele queria que tudo aquilo acabasse de uma vez, mas se for assim o futuro seria incerto. E se na verdade tudo aquilo tivesse sido um exagero da parte dele? E se ele só estivesse dando trabalho para a mulher?

Por um minuto, ele pensou em falar para ela que estava tudo bem e que ela não precisava ter trabalho, mas ele viu nos olhos dela, a determinação de fazer a coisa certa, a mesma coisa que ele viu em Kirishima. Ele engoliu seu orgulho e sua incerteza por mais uma vez e se decidiu

— Eu quero que vocês façam isso.

A morena sorriu, um sorriso verdadeiro e aliviado. Ela levantou e apertou a mão dele, garantindo que tudo ia dar certo.

Por um segundo, ele se sentiu esperançoso com a possibilidade de finalmente as coisas darem certo para ele

Meteors - Kiribaku Onde histórias criam vida. Descubra agora