TW!! depressão, menção a suicidio, abuso físico e psicológico. Se preferir não leia este capítulo.
- Meteors -
capítulo dezoitoKatsuki tremia. Lágrimas rolavam pelo seu rosto enquanto sua mãe o olhava sem nem um pingo de piedade
— Homens não choram Katsuki. Engole essa merda de choro antes que eu faça isso por você —Ela ameaçou o bater mais uma vez enquanto ele tampava o rosto com os braços
O cinto bateu com tudo em sua pele enquanto ele gritava. As marcas em seus braços mostravam o motivo de seu choro
Nessa época, ele tinha nove anos de idade, não entendia o porquê de sua mãe não o amar, não entendia o porquê de seu pai nunca estar em casa, e não entendia o porquê de ninguém o escutar quando gritava por ajuda.
— Se você quer levar o nome da família nas costas, seja um homem de verdade. Eu faço isso porque te amo, então deixe de drama— Ela jogou o cinto no chão e sem nenhuma expressão foi para o quarto, se trancando lá. O loiro olhou para o chão em que já estava e chorou em silêncio, pedindo para que alguém ouvisse seu choro silencioso e o salvasse.
…
É difícil pensar que por aí existem crianças de doze anos que pensam em suicidio, mas esse estava sendo o caso de Katsuki.
O mundo para ele nunca foi colorido como as pessoas diziam, havia dias em que ele não conseguia levantar da cama por mais que ele precisasse. Toque físico então? Nem pensar. Ele estremecia só na possibilidade de alguém estar encostando nele.
Mas em seu caso, havia exceções
Por mais que fosse pouco, ele permitia que Izuku o tocasse, seja para desenhar alguma besteira em suas mãos no meio da aula ou só por que ele havia apagado na cabana enquanto eles conversavam. Também havia Shouto, mas ele era um caso à parte
Todoroki tinha muitos problemas a mais que ele. Comparando a situação dele com a do colega, era quase ridículo ele achar que estava na merda. O garoto estava no fundo do poço, fazendo Bakugou se sentir horrível por achar que tinha algum problema grande
Mas nunca contou nada disso para ninguém, afinal, sua mãe disse que se quisesse ter sucesso, deveria jogar todos os sentimentos fúteis no lixo, e assim ele fez
Trancou tudo que podia numa caixa, não podia ser fraco
E por conta disso, as pessoas se afastaram cada vez mais
Mas por algum motivo, aqueles dois sempre estavam com ele, e acabou que seguiram assim.
Várias vezes ele já pensou em acabar com tudo aquilo. Já havia pensado em um milhão de possibilidades mas ele não conseguia. Por mais que se jogar do prédio parecesse mais fácil, ele não conseguia, porque ainda era difícil. Ele não tinha mais nenhuma esperança, tudo tinha se esgotado e ele simplesmente não tinha forças nem para cogitar essa ideia
Mas foi nessa época que seu amor pela astronomia começou.
Pensar que existe um universo inteiro ainda não descoberto por aí, e como nossos problemas são insignificantes comparado com a grandeza da galáxia, era extraordinário. Passava horas e horas lendo livros sobre o espaço, e teorias de como ele surgiu
E foi aí que ele pensou: se talvez eu consiga viver até maior idade, eu quero ser astrônomo.
E nessa esperança de realizar seu sonho, ele decidiu não fazer o que ele achava que era mais fácil. Talvez, a vida desse uma oportunidade de ter algo que tanto almejava
Podia não ser para sempre, mas por enquanto, essa vontade de conhecer o universo o fez querer viver.
…
Sabe quando você assiste todos os seus sonhos serem destruídos aos poucos enquanto você não pode fazer nada? A sensação de ver toda sua esperança ir embora?
Sua mãe havia tido mais um surto, e descontado nele mais uma vez. Qualquer fagulha de expectativa foi apagada de uma vez, deixando um vazio inteiro no seu peito.
Ele tinha quatorze anos quando o mundo parou de fazer sentido de vez.
A terra parou de girar, a galáxia parou de se mover e as estrelas se apagaram
Ele havia desistido.
Era o fim.
Acabou.
Ele estava na beira da praia quando decidiu que era ali que ele ia terminar com tudo. Finalmente seria livre. A água batia na barriga quando ele ouviu risadas altas vindo das rochas próximas
Um garoto ruivo junto com dois amigos pulavam de uma pedra para outra, enquanto conversavam e riam. Foi nesse momento que o seu olhar fitou o do ruivo, mesmo que por um instante. Ele logo desviou a atenção, mas aqueles olhos vermelhos o marcaram.
“Talvez asfixia não seja a melhor forma de morrer.”
E foi assim que ele resolveu dar uma última chance a vida, e ele nunca se arrependeu disso
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— Você tá bem? Meu deus eu fiquei aterrorizado quando vi a carta que você deixou — Izuku abraçou o colega que tentava o afastar. Ele tinha lágrimas nos olhos e nunca esteve mais feliz de ver o amigo com vida
— Sim sim, tá tudo bem. Só foi uma recaída
— Eu também fiquei preocupado. Tive que pegar dinheiro com o Natsu pra pegar o ônibus até aqui — Shouto disse enquanto mostrava as mensagens que havia deixado para o irmão
— Avisa a ele que eu vou pagar a passagem de ida e volta de vocês. Vocês não deveriam ter vindo aqui por mim — Ele disse enquanto pegava a carteira no bolso da bermuda
— Deixa de ser idiota. Nós somos seus amigos, nos preocupamos com você. Eu não ia conseguir dormir até ter certeza que você estava bem — o esverdeado falou enquanto impedia ele de pegar a carteira
— O Izuku tem razão. Nós fizemos isso por que queremos, você não nos deve nada. Agora, se quiser conversar nós estamos aqui
Bakugou por um momento teve vontade de chorar, mas algo o disse para não ser fraco.
— Não preciso conversar. Entrem, eu vou fazer alguma coisa pra vocês comerem — Ele falou enquanto arrastava os dois para o apartamento.
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Meteors - Kiribaku
FanfictionE mais uma vez, Ejirou Kirishima observava a janela do apartamento em sua frente. Ele não conseguia deixar sua curiosidade de lado quando se tratava do garoto que morava no 012, era como se os dois fossem destinados a se encontrar. finalizada :D