Cassian e Victoria haviam dado um jeito de sair de Velaris sem que ninguém do Círculo Íntimo e haviam ido para o Lago do Encontro. Os dois estavam deitados na grama, encarando as estrelas e com vagalumes voando ao redor deles.
-É você que está fazendo isso? - Cassian perguntou, referindo-se aos vagalumes.
-Não - ela respondeu - Mas eu atraio esses bichos mesmo sem querer - ela encolheu os ombros.
-Deveria me preocupar? - ele perguntou e ela o encarou.
-Cassian, são vagalumes - ela resmungou e Cassian riu, colocando a mão no rosto dela e a beijando.
-Eu sei - Cassian respondeu - Você sempre corta as minhas piadas - ele reclamou e ela rolou os olhos.
-Vou pegar framboesas - ela se sentou e se levantou - Já volto.
-Precisa de ajuda? - ele perguntou, se sentando também.
-Não senhor - ela respondeu - Volto em cinco minutos - se embrenhou na mata e desapareceu.
Ele encarou as águas calmas do lago até o vento ao seu redor parar. Ele franziu o cenho, se levantando, achando aquilo muito estranho.
-Victoria? - ele chamou, mas não obteve resposta. Ele deu um puxão no laço, e Victoria puxou de volta. Ela estava bem, mas não era ela que havia paralisado o vento.
Cassian sacou a espada quando viu uma silhueta se aproximar lentamente por entre as árvores. Ele se preparou, mas sentiu os pelos de sua nuca arrepiarem ao ouvir uma risada feminina grotesca.
-Illyrianos - uma voz feminina disse com tom de deboche - Brutamontes que sempre buscam em alguém para empalar - uma fêmea saiu por entre as árvores, vestidas com as roupas típicas de Hybern - Imagino que saiba quem eu sou.
-Zira - ele afirmou e ela sorriu, as presas brilhando na escuridão.
-E você é o macho com quem Victoria está brincando de casinha - ela cruzou as mãos na frente do corpo - Você espera que isso dure por quanto tempo? Porque, convenhamos, você não tem a mínima vocação para ser Grão-Senhor - ela deu uma pausa dramática - Cassian, minha criança, existem pessoas que nasceram predestinadas a grandezas, predestinadas a realizar maravilhas... E existem pessoas que nasceram apenas para servir. Está acompanhando meu raciocínio? - perguntou retoricamente - Atualmente, Victoria é a criatura mais poderosa que caminha sobre a terra, e não tivemos chance de fazê-la atingir seu potencial máximo antes de vocês e seus amiguinhos alterarem as mentes das minhas meninas - ela trincou os dentes - E então, a Mãe comete um erro grotesco ligando duas Grã-Senhoras a dois illyrianos bastardos que só chegaram onde chegaram porque são amigos do Grão-Senhor a quem servem - Cassian sentiu o coração errar uma batida, Zira havia dito exatamente a mesma coisa que Nestha - Victoria é brilhante, uma máquina de guerra que nasceu para reinar, mas decidiu ligar-se a um bastardo illyriano sem linhagem nenhuma - ela olhou por cima do ombro, ouvindo um barulho na mata - Bom, minha menina de ouro está voltando, e temos alguns assuntos inacabados que acabarão em sangue se nos encontrarmos - sorriu felina - Até mais ver, Principe dos Bastardos - e atravessou, deixando um Cassian estático pra trás.
-Encontrei as framboesas - Victoria avisou, saindo do meio dos arbustos com as mãos cheias de frutinhas, mas seu sorriso caiu ao ver a expressão de Cassian - Aconteceu alguma coisa? - perguntou, e Cassian sacudiu a cabeça.
-Não - ele negou, rápido demais - Não aconteceu nada - ela se aproximou.
-Eu sei que está mentindo - ela afirmou e Cassian suspirou, desviando o olhar do dela.
-Eu... Estive pensando em algo - ele começou e ela o encarou impassível, esperando o que ele iria dizer - Acho que... Deveríamos dar um tempo - Victoria ariu a boca.
-O que? - ela perguntou calmamente, os olhos escurecendo.
-Acho que deveríamos dar um tempo - ele repetiu, por mais que eu coração estivesse doendo como se estivesse sendo apunhalado repetidas vezes.
-Então quer dizer que você esperou eu aceitar o laço para me dizer isso? - ela perguntou e Cassian abriu a boca para responder, mas nada saiu e Victoria passou a mão pelo cabelo, suspirando exasperada - Quer saber - cerrou os olhos - Passar bem, Cassian - ela disse e atravessou, e Cassian deu uma respiração trêmula, antes de deixar suas lágrimas escorrerem.
[...]
Quando ele voltou para a Casa do Vento, tanto Ranzinza como as coisas de Victoria haviam desaparecido. Ele não duvidava que ela havia descido os dez mil degraus caminhando.
Ele foi até a adega e pegou uma garrafa de vinho, antes de sentar-se em uma poltrona, de frente para a janela. Ele não sentia nada pelo laço, então, tinha certeza que Victoria havia bloqueado.
Ele ficou algumas horas ali, até sua casa ser invadida.
-Qual é o seu problema? - era a primeira vez que ele havia visto Feyre tão irritada, mas ele sabia em partes do que se tratava, mas achava que a gestação havia contribuído um pouco.
-Eu... - Cassian começou, mas Feyre o cortou.
-Eu não sei em qual droga você estava pensando, mas você está recusando a sua parceira, então eu espero que você tenha um motivo que faça sentido na sua cabeça.
-Eu não a mereço - Cassian murmurou e Feyre arregalou os olhos ao ouvir.
-O que? - ela perguntou confusa - Como assim?
-Victoria é uma Grã-Senhora, Feyre - Cassian bebeu um gole do vinho - Nestha sempre teve razão.
-Cassian, você está se ouvindo? Porque você não está no seu juízo perfeito - Feyre argumentou exasperada, mas Cassian não olhava pra ela. Feyre rosnou e foi até a janela, abrindo as cortinas e revelando um céu escuro - Está vendo isso? - apontou para a janela - É Victoria quem está fazendo isso, em toda a Prythian. Você partiu o coração dela, Cass, e vai ter que conviver com isso.
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Tudo estava muito feliz e fofinho, né? Vamos para um pouco de drama
Continua...
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O Senhor da Guerra não gosta de crianças
RomanceHybern estava acordando, mas não era o povo hyberiano. Sete herdeiros de sete cortes destruídas na primeira guerra. Sete herdeiros que queriam seu território de volta. Córmaco, herdeiro da Corte Terrenal. Casper, herdeiro da Corte Músical. Stephan...