Capítulo 27

564 87 28
                                    

Julia

🏈

Penny está vestida com um de seus vestidos sociais, cor neutra, cintura justa e abaixo dos joelhos. Colar de pérolas, brincos pequenos e delicados, cabelo preso em um coque e perfume adocicado demais

- Atrapalho? - pergunto tentando amenizar o tom de voz, Penny me olha de cima abaixo e suspira

- Vejo que recebeu a intimação

Olho para o papel amassado em minha mão e pisco duas vezes. Era como estar voltando ao inferno

- Porque está fazendo isso Penny? - pergunto engolindo meu medo - Porque quer jogar a Maya dessa forma nessa bagunça?

- Não estou jogando minha neta, estou querendo colocar mãe e filha juntas novamente - ela fala cruzando os braços finos sobre o peito - Elas precisam uma da outra

- A Maya precisou dela dois anos atrás quando teve uma infecção - falo e ela pressiona os lábios - Também precisou dela quando o pai se foi e não restou nada além de mim e de Danton. Precisou da mãe quando fez a primeira apresentação na escola e vomitou porque ficou nervosa

- O que está querendo...

- Porque eu estava lá - termino e empurro as lágrimas para o lado com a mão - Eu estava lá em cada momento, eu, uma menina que não sabia de nada. Uma garota recém formada. Eu Penny, não você, não seu marido, e muito menos a Anne

Penny dá um passo à frente e eu inclino o queixo para cima amassando um pouco mais o papel em minha mão

- Ela é mãe, uma coisa da qual você não entende, como você mesmo disse ainda é uma garota - pisco assentindo me abstendo de responder - Ela passou por muita coisa, ela precisa da filha agora e não é você quem vai atrapalhá-la

- Duas coisas se sobressaíram dessa sua fala - pontuo levantando os dedos - E eu como advogada devo levantá-los em questão - Penny bate o seu dedo longo na corrente fina em seu punho e eu sorrio vendo seu tique - Primeira, você falou que Anne precisa da filha agora, tempo presente, não passado, não futuro. É quase como se você quisesse usar minha sobrinha para algum fim estranho - Penny abre a boca mas eu levanto o segundo dedo - Segundo, você disse que ela é mãe. Acho que essa palavra não é muito vista em seu vocabulário é Penny? Porque se eu for olhar para trás vou ver a Anne na maior parte do tempo sozinha, sem a mãe, inclusive no dia em que ela foi pega pela polícia com drogas no bolso. Foi seu marido quem a tirou, não foi?

Penny dá um passo à frente respirando pesado e eu firmo meus pés no chão

- Não ouse me colocar nessa posição Laurent, você nunca entenderia. E nem pense por um segundo sequer que eu não posso levar a Maya para longe de você, para um lugar que você nunca pisará

- Não me ameace - sussurro dando um passo à frente e inclinando a cabeça - Você é inteligente o suficiente para saber que o juiz olhará para mim com a mãe de Maya, não apenas como tia. Então pense como isso ficará quando eu relatar detalhadamente o quanto Maya gosta de ficar na sua presença e nos lugares que você a leva quando tem tempo para ela

- Saia - Penny fala e eu sorrio esfregando o rosto

- Ok, mas pense nisso Penny, eu nunca fui sua inimiga - olho para dentro de sua casa imaginando se a Anne estaria lá - A Anne precisa da mãe assim como a Maya precisa de mim assim como eu preciso dela. Apenas pense nisso

Dou a volta indo embora e estremeço quando a porta de madeira se fecha com força atrás de mim

🏈

ENDZONE: Sem RegrasOnde histórias criam vida. Descubra agora