IV- por que não?

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Em dias normais, a aula passava extremamente devagar, como se um minuto em sala de aula fosse equivalente a dez minutos fora dela.

Os minutos pareciam passar mais devagar ainda em dias em que eu encontrava Zayn apenas depois do almoço.

E hoje era um daqueles dias.

Eu já estava de saco cheio do meu professor de Geografia e das tais fontes de energia que ele apresentava. Parecia que não tinha fim, por deus!

Respirei fundo de alívio quando o sinal bateu, como se dissesse "Ei alunos, podem sair, ninguém merece assistir tantas aulas assim sem um almoço no estômago".

Enfrentar o corredor lotado nunca ficava mais fácil. Parecia que a cada dia que passava, mais pessoas apareciam naquela escola e o volume da conversa aguentava mais. Por mais que fosse uma tarefa banal, a função de andar parecia que sumia do meu cérebro e esquecia de como fazer isso, apensas lembrando graças a minha memória muscular.

Segui o caminho de sempre: fila, almoço, equilibra a bandeja, lado de fora da cafeteria, mesa ao lado da árvore. Dessa vez, tinha chegado primeiro que Zayn.

Os poucos segundos que eu fiquei sozinho bastaram para que o desespero batesse. Odiava ficar sozinho, independente do lugar e do tempo. Dava um sentimento de vazio, como se todos estivessem me olhando e me julgando por não ter ninguém por perto.

A concretização de um de meus maiores medos: estar sozinho. Mas não no sentido de não ter ninguém para conversar ou estar ao meu lado, mas sim de perder as poucas pessoas que eu realmente confio. Só de imaginar essa situação acontecendo, eu tinha arrepios.

Durante aqueles poucos minutos de solidão momentânea, pude enxergar Harry do lado de dentro da cafeteria, através do vidro que o separava da área externa. As presilhas coloridas que costumavam ficar em seus cabelos ondulados hoje estavam presas na barra de sua camiseta branca, causando um contraste um tanto quanto divertido, que combinava perfeitamente com ele.

O garoto estava acompanhado de dois outros meninos, quem eu não tinha ideia de quem fossem. Um deles tinha o cabelo descolorido em um topete e, sinceramente, precisava urgente de uma hidratação. Ele usava uma camiseta do Manchester United e uma calça jeans skinny, que combinava com ele. O outro menino estava com uma calça de moletom cinza e uma camiseta preta, optando pela opção mais confortável. Ele tinha cabelos castanho claros, organizados em um topete no topo de sua cabeça.

Eles formavam um lindo trio, não precisava me esforçar para perceber isso.

Acredito que eu não iria conhece-los tão cedo. A não ser que Harry me apresente os garotos, mas, se ele não intervir, não vou nem passar perto daqueles dois.

Fui trazido de volta a Terra quando Zayn se sentou a mesa, acompanhado da mesma garota de cabelos castanhos e compridos e com uma franja que estava quase na altura de seus olhos.

- Louis! – Amanda exclamou, sorrindo ao me ver. – Caraca, como é bom te ver de novo.

E lá estava ele: aquele conforto um tanto quanto estranho que aquela garota me trazia. Com certeza um sentimento que eu não queria me livrar tão cedo.

- Digo o mesmo, Amanda. – Respondo, sorrindo, sem nem precisar forças para que meu sorriso aparecesse.

- Me chame de Mands, por favor. – Ela rebateu, fazendo carinho na minha mão.

Das duas, uma: ou Zayn tinha pegado essa mania dela, ou ela tinha pegado essa mania de Zayn. De qualquer forma, era fofo. Eles eram fofos, isso eu tinha que admitir.

Enquanto conversávamos sobre as matérias que cada um de nós fazíamos, percebi que aquilo era uma amizade. Que Mands agora era minha amiga.

E o mais estranho de tudo aquilo era que eu não me sentia nem um pouco incomodado.

I Met Harry in The Bathroom {l.s}Onde histórias criam vida. Descubra agora