VIII- mesa para cinco

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O que os olhos não veem, o coração não sente. É isso que todos dizem, certo? É uma frase que, na teoria, parece verídica, mas nunca foi realmente testada na prática.

Eu tinha minhas dúvidas se isso realmente acontecia: se bastava ignorar um problema, que o coração deixaria de sentir o impacto de toda a situação.

Infelizmente eu descobri que, sim: o que os olhos não veem, o coração não sente. Pois eu estava radiante naquela manhã de segunda-feira até eu ver Harry Styles: o motivo da minha mente estar uma confusão, e me lembrar de tudo aquilo que me atingia nos últimos dias.

Assim que ele entrou no meu campo de visão, eu desviei meus olhos quase que automaticamente. Como eu poderia sequer trocar uma palavra com ele sabendo que aquele furacão que vivia na minha mente era quase todo sua culpa?

Eu me encontrava tão submerso nos meus próprios sentimentos que nem reparei o garoto alto com cachos castanhos andando em minha direção.

- Ei, Louis. – Harry disse, andando ao meu lado. – Você está bem? Você tá com uma cara estranha e fiquei preocupado.

- Harry, oi. – Respondi, tentando ao máximo disfarçar o pequeno susto que tomei. – Não precisa se preocupar, eu estou bem. Eu juro.

Por mais que eu achasse que seria difícil trocar palavras com ele, percebi que foi mais fácil do que eu imaginei.

Afinal, eu não poderia simplesmente ignorá-lo e apenas me afastar dele, sem explicação. Se eu fizesse isso, eu perderia uma das amizades mais incríveis que eu tinha feito, e com certeza isso não era algo que eu gostaria, nem um pouco.

Eu apenas teria que aprender a esconder meus sentimentos. E, pelo visto, isso era muito mais fácil do que eu jamais pensei que seria.

Durante o caminho até a sala de Artes, ficamos em um silêncio confortável, que me ajudou a observar meus arredores com mais cuidado. Geralmente, eu ando pelos corredores de cabeça baixa, evitando contato visual com as pessoas andando na minha direção oposta, mas algo naquele momento me deu coragem o suficiente para olhar para frente e imaginar o que cada um estava fazendo, para onde estavam indo e o que poderia estar passando por dentro de suas cabeças.

- Então, como foi seu final de semana? – Harry perguntou assim que nos sentamos em nossa mesa na sala de Artes.

- Nada demais, na verdade. – Rebati, enquanto pegava meus materiais de dentro da minha mochila. – Sábado fui com Zayn em um parque ali perto de casa. Ele precisava passear com o cachorro e queria companhia. E alguns conselhos.

- Conselhos? Sobre o que? – Harry indagou, curioso.

- Amorosos. – Respondi, sem nem pensar duas vezes se eu poderia dizer isso ou não. – Ele estava meio confuso sobre seus sentimentos por Amanda, e disse que queria minha ajuda para saber o que fazer. Sinceramente, não sei se eu sou a melhor pessoa para ajudar com esse tipo de coisa, mas acho que dei o meu melhor.

- Será que esses dois vão acabar em coisa séria?

- Acho que sim. Zayn está caidinho por ela, e pelo visto, é recíproco. Eu estou a um passo de ser trocado por ela!

Harry riu do meu comentário. Honestamente, eu poderia ficar horas e horas a fio encarando aquele sorriso. Acho que eu nunca seria capaz de me cansar dele.

Não demorou para que nossa atenção se voltasse completamente para o projeto que havíamos começado alguns dias atrás, o silêncio reinando entre nós dois, que estávamos extremamente focados e completamente submersos naquilo que deveríamos fazer.

Durante os rabiscos e traços que pareciam não acabar mais, resolvi pegar meu sketchbook de novo, para ter mais referências de técnicas e pequenos desenhos que eu poderia acrescentar naquele projeto para que ele ficasse ainda melhor.

I Met Harry in The Bathroom {l.s}Onde histórias criam vida. Descubra agora