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Laiane

Dois traços e meu mundo desabou! No mesmo instante eu quis sumir, morrer, voltar uns meses atrás. Sei lá! Só queria fugir daquela realidade ali.

Mandei mensagem pras meninas contando e corri pra chorar com Big. Cara, que mancada a minha. Mas não sei o que seria de mim sem o Alan, sinceramente.

Já tem uns dias desde que fiz aquele teste. Pensei muito sobre o assunto, conversei com as minhas amigas e a mãe do Alan, e já tomei minha decisão. Não tenho condição alguma pra ter esse bebê, sinceramente. Botar no mundo pra não ser cuidado e amado? Quero não! Que Deus me perdoe um dia pelo que vou fazer, pois eu sei que nunca vou me perdoar. Mas é pro bem desse feto. Não queria tomar essa decisão, mas não vai ter jeito. Infelizmente é isso, né.

Pesquisei formas diferentes de abortar. Chá de canela, boldo, erva-doce. Remédios. Clínicas. Os chás podem dar errado, e ao invés de abortar, pode vir uma criança com má formação. Remédio pode me fazer sangrar até a morte no banheiro de casa, e isso eu não quero. Não queria de jeito nenhum ir numa clínica clandestina, mas é o único jeito.

Procurei por algumas e umas colegas da Grazi disse que tinha uma em Bonsucesso, atrás do Guanabara. Agora só me falta o dinheiro.

Mandei mensagem pro Felipe e disse que precisava conversar com ele. Ele disse que eu podia ir até sua casa, então eu fui.

Marisa: Oi, amor-Me cumprimentou quando entrei-Como você tá?

Laiane: Tô bem! E a senhora?

Marisa: Tô levando, né. Preocupada com meu filho, como sempre. Mas levando-Sorriu, e suspirou-Ele tá lá no quarto te esperando, vai lá-Assenti e fui até o quarto.

Felipe tava jogando no celular quando entrei, mas bloqueou a tela do mesmo e sentou para me dar espaço.

Laiane: Oi-Me sentei.

Lipe: E aí? Qual a boa?

Laiane: Na minha vida, a única boa seria se eu enriquecesse-Rimos.

Lipe: E teu pai? Tem te ligado?

Laiane: De vez em quando, né. Mas eu ignoro.

Lipe: Ele tá tristão com isso, tá. Toda hora fala de tu, que tá com saudades de brigar contigo.

Laiane: Pra ele eu só sirvo pra isso-Rolei os olhos-Acho que meu pai só era carinhoso comigo quando eu era pequena, porque não é possível.

Lipe: Papo reto?

Laiane: Na verdade, acho que nem pequena. Eu aprontava tanto, vivia levando sacode. Sempre era eu e Laís, cara.

Lipe: Lorena era a mais calminha, né? Até hoje!

Laiane: É! A gente fazia besteira, ela ia lá e 'x9vava' a gente. Sempre baba ovo dele-Ri lembrando as coisas passadas. Eu era feliz e nem sabia.

Lipe: Mas dá teu papo. O que tu queria conversar comigo?

Laiane: Então...-Meu coração começou a acelerar-Vou ser bem direta com você, Felipe.

Lipe: Fala.

Laiane: Preciso que você me empreste um dinheiro.

Lipe: Sabe que não precisa pedir emprestado, né? O que eu botar na tua mão, é dado!

Laiane: Eu sei...-Suspirei e segurei as lágrimas-Mas é pra um caso urgente, talvez você não apóie isso. Por isso disse emprestado.

Lipe: É dívida?-Neguei com a cabeça-Quer sair da casa dos outros e morar sozinha?

Laiane: Não, Lipe! Deixa eu terminar.

Lipe: Então fala, cara.

Laiane: Eu preciso fazer um aborto-Ele me olhou surpreso, sem acreditar.

Lipe: Como assim, Laiane? Tu tá...-O interrompi.

Laiane: Tô!-Disse, e cocei a cabeça-Mas eu não posso ter um bebê agora, Lipe. Não posso mesmo!

Lipe: Cara, isso é um bagulho muito sério-Ele levantou, trancou a porta e ficou parado ali-Tu tá falando sério mermo? Tipo, não tá me trolando?

Laiane: Quem me dera.

Lipe: Cara, não é possível que tu tá falando de aborto pra mim.

Laiane: Eu tô desesperada, Felipe! Eu não tenho outra saída.

Lipe: É meu?-Neguei com a cabeça-Dá o papo reto, cara. É meu? Se for, nós dá um jeito. Não precisa nem pensar mais nisso.

Laiane: Não tem chance alguma de ser teu. Se fosse, eu estaria bem mais tranquila.

Lipe: Caralho, Laiane-Ele sentou novamente e eu voltei a chorar.

Laiane: Eu não queria tá te pedindo isso, sério mesmo. Mas eu não tenho outra opção. Não tenho o que fazer. Eu tô desesperada!

Lipe: É do cara lá?-Assenti-Tu tem certeza que quer isso, cara? Não tem nenhuma outra solução?

Laiane: Não. Só tô te pedindo porque não tenho a quem recorrer, papo reto.

Lipe: Nunca que eu fecharia numa mancada dessa, cara. Tu sabe que eu não gosto nem desses assuntos!

Laiane: Tenta não me julgar. Tu não sabe como é horrível ser expulsa de casa e ter que morar de favor na casa dos outros. Me tratam super bem lá, melhor impossível. Mas não é minha casa. Eu não vou aguentar passar por isso, cara. Por favor, Lipe.

Lipe: O quê, que eu não faço por você, maldita?-Passou a mão no rosto-Eu vou te ajudar nisso aí. Só espero que seja a primeira e última vez que tu me peça isso, papo reto.

Laiane: Obrigada-Ele segurou na minha mão e fez um carinho.

No fundo, meu coração vai sempre bater por esse garoto. Como me arrependo de não ter ficado sério com ele, assim eu não teria dado ideia pro outro lá. Só faço besteira!

Fiquei na casa do Lipe o restante do dia, e ele pediu para que eu dormisse aqui. Eu precisava muito desse carinho, então topei na hora. Peguei meu celular e mandei mensagem pro Alan.

📳

LaiBella✨: Big?

-vou dormir aqui 😬

-mas de manhã tô aí p fazer almoço

Irmão ❤️: viu aquele bagulho ali correndo?

LaiBella✨: q bgl?

Irmão ❤️: tua vergonha na cara

-otária

LaiBella✨:🙄

📴

Não tem jeito, Alan não gosta do Felipe de forma alguma. Nem o Felipe dele. Mas vou fazer o quê? Gosto dos dois, mas de formas diferentes. E ambos tem que aceitar isso e pronto!

LAIANEOnde histórias criam vida. Descubra agora