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Lipe

Depois de 12h no motel, Laiane ficou tranquila comigo de novo. Deixei fraquinha, fraquinha! Chegamos, ela foi direto pra cozinha fazer almoço. Dona Mara e Laís não estavam.

Lipe: 23h da noite eu tô partindo-Disse, enquanto almoçamos.

Laiane: Hoje?-Abriu mó olhão.

Lipe: É, mô. Eu te falei!

Laiane: Dá tempo de desistir.

Lipe: Eu não quero desistir-Dei de ombros.

No fundo, acho que faço mais pela adrenalina do que pelo dinheiro. Dessa vez é a última, eu juro! Tô com dois filhos pra criar, não posso ficar arriscando sempre. E quando eu for embora, vou de vez. Não piso no Rio nem de visita mais! Nesse tempo que Laiane tá lá, eu fiz essa parada pelo menos umas 4 vezes. Falei que só fiz uma pra ela não ficar reclamando também, né. Eu não tinha como explicar a ela a grande quantidade de dinheiro que tava sendo depositado na conta dela e na da minha mãe, então inventei esse bagulho de que vendi a casa dela pelo dobro do valor. Eu até vendi, mas pelo preço normal mesmo. Quando a gente já estiver em casa, eu falo a verdade. Me mandar embora, ela não vai. Mas se eu morrer, eu tenho certeza que ela me mata de novo!

Falando em morrer, quase que eu morri mesmo. Duas das quatro vezes que fiz essa parada, quase deu merda! Uma foi que tinha polícia na pista, mas não cismaram comigo. Sorte, né não? Mas podia ter dado merda. Ou eu ia pro caixão, ou ia pra grade. Outra foi os caras do Salgueiro que cismaram que querem me matar! Fiz nada! Eu vindo embora de lá, mandaram bala pra cima do carro que eu tava. Bagulho doido.

[...]

Laiane: Você realmente precisa ir?-Assenti-Tô com pressentimento ruim.

Lipe: Coe, cara-Bati três vezes na madeira-Repreende isso aí.

Laiane: Não vou conseguir dormir-Suspirou-Fica com celular ligado, cara. E me liga sempre que puder!

Lipe: Eu vou ligar-Disse, e me deitei com ela-Fica calma.

Laiane: Eu tô calma... Por enquanto!-Eu ri fraco, e fiquei grudado na minha pretinha.

Toda vez que Laiane fala que tá com pressentimento ruim, dá alguma merda. Da primeira vez que falou, eu tomei um tiro no braço e o Russo quase morreu.

Tava deitadão com a minha nega, mas ela dormiu. Deixei cansada mermo! Tava começando a cochilar, mas o celular dela começou a tocar. Eu ia atender, mas era um número que não tava salvo. Então eu a chamei.

Lipe: Laiane?-Sacudi, e ela despertou-Teu celular tá tocando.

Laiane: Cadê?-Sentou, e eu dei na mão dela-Alô? Quem é? O que a senhora quer? Sei... Sem condições! Meu filho não vai, dona Sandra. Não importa... A mãe sou eu, quem manda sou eu. Ele não vai! Pode chamar quem for, minha filha. Nem no Rio ele tá. Não interessa. Me erra, porra!-Desligou e botou o celular embaixo do travesseiro-A velha escrota querendo que eu leve Henri pra Bangu, é mole?

Lipe: Até quando essas porra vão achar que tem laço sanguíneo com meu filho, Laiane?

Laiane: Enquanto a gente tiver no Rio!-Bufou, e deitou-A gente já conversou sobre isso, Felipe.

LAIANEOnde histórias criam vida. Descubra agora