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Mirella

Eu nunca na vida quis afastar minha filha do pai dela, sabe? Mas eu não tenho outra saída! Vou embora e deixar Sophia? Vou abrir mão de algo que sempre quis pra ele não ficar triste? Não!

Antes de Sophia nascer, eu vi que tinha sido aprovada e ganhei um bolsa 50% pra estudar fora. Porra, aquilo sempre foi meu sonho! Eu fiquei muito feliz, mas logo caí na real. Como eu iria afastar Felipe de Sophia? Como ele ficaria? E minha filha? Ia crescer longe do pai? Nossa, mil pensamentos.

Quando Sophia nasceu, foi um dos momentos mais difíceis pra mim. Felipe não estava lá, não segurou minha mão. Ele tava me traindo em pleno nascimento da nossa filha. Se eu não ligasse pra dona Marisa, acho que Sophia teria nascido no banheiro aqui de casa, pois ele me deixou sozinha!

Nós não tocamos no assunto por uma semana, até eu chamar ele pra conversar. Ele não se deu ao trabalho nem de negar, e foi melhor assim. Ali eu caí na real de que a gente nunca foi um casal de verdade. Mas, independente de tudo, somos a família da Sophia. Juntos ou não! Chegamos ao acordo de que eu ficaria aqui e ele sairia de casa quando Sophia tivesse maiorzinha.
E sinceramente? Depois que demos última forma, nossa relação melhorou muito. Em uma semana eu descobri nele um amigo que nunca tive. Se eu soubesse que as coisas seriam assim, teria separado antes e me poupado de certas humilhação, vergonhas e sofrimentos desnecessários.

Depois de muito pensar se deveria ou não, eu decidi ir. A Mica, minha meia irmã, filha do meu padrasto, já mora lá tem uns dois anos. Ela vai me ajudar com a Sophia, inclusive ela tava comigo no dia do parto.

Contei pro Lipe sobre minha decisão e ele deu uma surtada de leve. Agora tô aqui, chorando no banheiro enquanto tomo banho pra ir pra casa da minha mãe. E ele chorando no quarto com a Sophia. Saí enrolada na toalha e fui pro quarto. Me sequei, botei a roupa e comecei a pentear o cabelo. Dias que não faço isso!

Lipe: Não tem nenhuma outra forma da gente resolver isso?-Eu o olhei através do espelho, e seus olhos estavam vermelhos de tanto chorar.

Mirella: Se tiver, me avisa.

Lipe: Deixa ela comigo, por favor, Mirella. Eu nunca te pedi nada.

Mirella: Eu não vou aguentar ficar longe dela.

Lipe: Nem eu!

Mirella: Você tá complicando tanto as coisas, Felipe. Poxa, eu não tô afastando vocês dois por querer. Só que eu não posso deixar minha filha e ir embora!

Lipe: Eu sei, cara. E eu te entendo! Mas, porra. Você só tá pensando em si própria.

Mirella: Tô mais de um mês pensando se devo ou não por causa de você, cara. E tu vem dizer que eu tô pensando só em mim?

Lipe: Quando você vai?

Mirella: Daqui há 3 meses.

Lipe: Ela é tão bebê, cara.

Mirella: Realmente, e ela mama. Precisa de mim-Terminei de pentear o cabelo e guardei meu creme no guarda roupa-Pode me levar na minha mãe?

Lipe: Tá-Concordou, e levantou-Mas pensa mais pouquinho, tá? Por favor-Assenti.

Terminei de me arrumar, ajeitei a bolsa da Sophia e Felipe me levou pra casa da minha mãe.

(...)

Na madrugada de sexta e sábado, Felipe me ligou a noite todinha podre de de bêbado! Ficou falando que amava muito a Sophia, mas que entende meu lado. Ficou me agradecendo toda hora, dizendo que eu dei o melhor presente da vida dele. Disse que vai sofrer muito sem a Sophia, mas um bebê precisa mais da mãe do que do pai. Aí ficou pedindo desculpas por tudo que já me fez. Disse que eu fui incrível com ele, e ele um pau no cu comigo. Nossa, falou a beça! Mas só falou a verdade.

Hoje é domingo, e eu voltei pra casa. Felipe veio me buscar e nós fomos o caminho todo em silêncio. Durante a madrugada, eu pensei numa coisa que talvez desse certo. Se ele não aceitar, não vou poder fazer mais nada também.

Mirella: Se eu deixasse a Sophia aqui, você teria como cuidar dela sem mim?-Perguntei e sentei no sofá. Ele já tava babando na neném.

Lipe: Claro, né. Eu tenho minha mãe.

Mirella: Eu pensei numa forma de ficar bom pra nós dois, sabe?-Ele me olhou, mas logo voltou a olhar pra bebê-Tô seriamente em ir sem ela.

Lipe: Por mim tudo bem!-Falou demonstrando entusiasmo.

Mirella: Calma, deixa eu terminar!-Ele sentou de lado para prestar atenção-Eu vou deixar ela seis meses aqui, mas vou voltar pra buscar. Daí ela fica seis meses comigo, depois eu trago ela pra você de novo. E assim vai, o que você acha?

Lipe: Se não há outra saída, eu aceito!

Mirella: Vai me doer muito ficar seis meses longe da minha filha, sabe? Mais vai doer mais ainda se eu ver ela crescendo longe do pai.

Lipe: Eu não ia conseguir ficar longe dela por muito tempo não, cara. Eu ia acabar indo atrás de você, papo reto.

Mirella: Disso eu não tenho dúvidas!-Ele segurou minha mão e sorriu.

Pronto! Entramos nesse acordo aí. Seis meses comigo, seis com o pai. Uma guarda compartilhada, mas sem envolver a justiça. Até porque se fossemos para justiça, Felipe não ia concordar em deixar eu levar a Sophia e eu teria que ficar. Ainda bem que Felipe é um pouco leigo nesses assuntos!

LAIANEOnde histórias criam vida. Descubra agora