Wingdings

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Por pouco eu não consigo impedi-lo de fazer algo do qual ele se arrependeria para o resto da vida, eu corro em sua direção assim que o vejo erguer a faca e quando ele resolve finalizar o homem eu impeço seu braço e o ergo, o movimento brusco o faz soltar a faca sem querer.
 
- KRIS, PARA, NÃO FAZ ISSO! - Grito, ele não reage, sequer consigo ver seus olhos e ele não expressa nada, só se permite ser manipulado, como um boneco, até que ele finalmente responde.
 
- ... Tudo bem... - Quase inaldível, sinto que algo está melando minha mão, é o sangue do próprio Kris, um farol nos ilumina e então ouço o som caracteristico de uma sirene que foi tocada apenas para chamar nossa atenção.
 
Kris pega aquele coração que jogou pra mim e então o devolve ao seu peito, como se nada tivesse acontecido, e então para de se mexer completamente inconsciente...
 
Alguém desce do carro, consigo ver uma lança se formando na mão dessa pessoa, não dá pra ver direito quem é por causa dos faról alto, mas reconheço pela voz assim que ouço um "Parados aí" em alto e bom tom, a Capitã Undyne corre até mim assim que reconhece Kris em meus braços, desmaiado e ainda perdendo sangue.
 
- Ai caralho! - Ela diz quando percebe a condição dele, ela então olha para o homem ainda estarrecido com a batalha que acabamos de travar. Quase que imediatamente ela fala no rádio preso a farda. - Solicitando ambulâncias aqui, estou perto da escola, tem um inconsciente e outro que não consegue andar.
 
Eu só observo ela indo falando no rádio de volta pra viatura e se encostando ali, não consigo ouvir o que ela diz já que fala muito baixo.
 
Não sei quanto tempo demorou, mas na minha cabeça de uma hora para a outra estavamos na rua e em seguida já estavamos no hospital, levados por uma ambulância, Kris foi deitado na maca enquanto eu ia sentada em um lado e o nosso atacante no outro.
 
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- Interessante... Eu acho que posso usar voc・... - Era uma voz distante e eu não consigo entender o que diz... Mas é uma sensação fria, não consigo ver nada além do meu próprio corpo em uma escuridão infinita, sinto como se flutuasse. - Logo, sua dor ir・ desaparecer...
 
Eu acordo com o som de alguém discutindo algo sobre entrar em algum quarto, sei lá, estou me sentindo meio aéreo, assim que abro os olhos vejo Undyne se aproximando da cama em que estou, ela arrasta uma cadeira e se senta ao meu lado, seu olhar era sério, mas de alguma forma parecia amigável, ela então dá umas risadas e uns tapinhas no meu ombro.
 
- Bem, aquele cara confessou tudo, então logo sua cunhada vai ser solta. - Ela se recosta no encosto da cadeira. - É uma pena que você esteja perdendo tempo em um jornal, poderia ser bem útil na polícia. Bem... Talvez não, um policial que fica desmaiado depois de perder só um pouquinho de sangue pode atrapalhar.
 
- Quando tempo eu fiquei desmaiado?
 
- Uns tres dias, eu acho. - QUE POUQUINHO DE SANGUE QUE FAZ FICAR TRÊS DIAS APAGADO?
 
- Ah, tá... Saquei.
 
- Eu me dei a liberdade de combinar com sua chefe o que vai ser divulgado pras grandes massas e alterei um pouco meu relatório pra você sair como se estivesse só se defendendo, e baseado que você está bem pior que o outro cara, não é difícil de acreditar,
 
- Obrigado tia Dyne. - Suspiro aliviado, pelo menos não vou ter tantos problemas quanto pensei.
 
- Eu te ajudei com a lei, mas... Com sua mãe é outra história, tente não morrer. - Ela coloca a mão no meu ombro, como se essa pudesse ser a ultima vez que me ve. - O assassino provavelmente pegou mais leve do que ela.
 
- Quer saber? Eu não preciso ir pra casa, posso ficar no hospital mesmo. - Até por que não posso ficar no apartamento da Heleanor pra sempre.
 
- Acho que você vai ter alta em breve, então, se der tempo venha pro julgamento, pra saber a história completa do caso, pelo que sua chefe falou você tinha alguma ideia e até tentou tirar algo do cara, mas ele não te respondeu. - Ela se espreguiça e então se levanta indo em direção a saída. - Quando você estiver melhor eu vou te levar pra tomar sorvete como agradecimento pela ajuda.
 
E então ela sai, bem, então eu só vou esperar ter alta né? Se ela falou em breve, então imagino que daqui uma, duas... No máximo três horas eu já vou poder sair, com certeza.
Eu olho em volta, o máximo que consigo só mexendo a cabeça deitado na cama, perto do meu ombro tem um tipo de controle com alguns botões ilustrados, eu o pego e aperto um dos botões, a parte superior da cama começa a se erguer e me deixa meio sentado, bom, acho que é melhor do que ficar deitado por mais tempo, olho na mesa de cabeceira e então me estico pra pegar meu celular, praticamente sem bateria, não dá pra me divertir só com 10% de carga...
 
Posso pelo menos ver televisão, mesmo que eu não consiga ouvir e não saiba onde está o controle pra eu tirar ela do Mute, posso imaginar o que estão dizendo, e na minha cabeça é até mais engraçado de assistir essas novelas.
 
"- Mas... Jonah, por favor, ajude-me, acabo por defecar-me toda em minhas calças. - Diz a mulher, a camera foca em sua expressão chorosa e desesperada antes de mostrar o homem.
 
- Sinto muito Angelica, devo ir, eu jamais conseguiria olhar na sua cara novamente sem vomitar. - E então ele sai do quadro da imagem."
 
Okay, acho que meu cérebro já derreteu depois de passar as últimas seis horas fazendo isso, eu quero ir embora... Eu até vi os repórteres na frente do tribunal, o julgamento já deve ter acabado, olho pela janela, está bem escuro, deve ser umas oito horas da noite.
 
O médico entra no quarto e então substitui o soro vazio por um cheio, ele diz que esse é o ultimo do dia e quando acordasse amanhã poderia ir pra casa, pelo menos essa é uma notícia boa...
 
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- Eu n縊 sei o por que, mas... Aqui eu sinto que essa parte da minha consci鹹ia est・ independente das outras... Por algum motivo, voc・ parece ser a chave disso... - De novo aquela voz, e aquele escuro onde eu consigo ver apenas a mim mesmo... Esse lugar assustador... - Interessante... Eu estou em todos os tempos e lugares, mas aqui dentro... Eu me sinto... レnico... Deixe-me... Estuda-lo...
 
 
Acordo, ofegante, suado... O que foi isso de novo? Eu tenho sonhos estranhos esporádicamente, mas... Nunca por duas noites seguidas... e nunca com essa... Essa voz... É algo profundo que parece ressoar dentro de mim... Não consigo entender o que diz e isso me dá medo...
 
Olho para o meu braço, já retiraram o meu soro, olho pra janela, já está sol novamente, as conversas no corredor são práticamente inaldiveis e eu não consigo entender o que dizem... Será que é por isso que tenho tido esses sonhos? Talvez meu cérebro converteu os sons que eu ouvi aqui no hospital pra uma voz distante no meu subconsciente? Acho que faz sentido... Me acalmo... Eu me lembro do que aconteceu no dia da luta... Naquela hora eu só queria mata-lo, aquilo que eu dei pra Susie era a minha alma? Quando eu a tirei, senti que poderia fazer qualquer coisa, como se as consequencias não existissem, a única coisa que senti foi um desprezo enorme... Uma vontade enorme... Respiro bem fundo e então dou um soco no meu próprio peito que me tira o ar, mas... Não consegui enterrar minha mão como naquele dia, será que eu não consigo mais? Ou talvez... Eu estava tão alterado que imaginei tudo? Tanto faz... Acabou.
 
Algumas horas se passam até que minha mãe entra no quarto seguida de uma médica diferente do que veio ao quarto ontem a noite, elas conversam um pouco até que a médica sai, minha mãe respira fundo e então caminha em minha direção, fecha a mão e então me dá um soco bem no côco, cara, minha mãe tem uma mãozinha pesada, parece até uma pedra me acertando.
 
Mas...
 
Ver as lágrimas nos olhos dela me fazem perceber que eu merecia muitos outros socos pra compensar a preocupação que tenho causado, ela me abraça e chora enquanto afaga minha cabeça, eu só permito, afinal de contas, é muito bom poder finalmente ver ela depois de passar vários dias evitando e escondendo coisas. Ela se acalma depois de alguns minutinhos e se senta na cadeira ao lado da cama.
 
- Bem, Undyne disse que você ajudou a resolver um crime. -  Ela comenta, eu não falo nada, eu aprendi quando mais novo que se minha mãe me bate e começa a falar então eu só vou deixar. - Seu irmão chorou muito, ele perdeu dois amigos, a esposa dele estava presa e ele... Nós pensamos que iriamos te perder também, se não tivessem te trazido rápido e feito as transfusões de sangue, você teria morrido também...
 
Ela soluça um pouco e então enxuga algumas lágrimas, eu fiquei tão mal assim? É difícil pra mim pensar sobre isso, eu me sinto tão bem agora que nem parece que eu poderia ter morrido... Essa é uma ideia tão estranha...
 
- Eu sei que o que você fez foi uma coisa boa, mas... Eu não consigo ficar completamente orgulhosa de você, não se vai se arriscar desse jeito... Sabe Kris... A morte é o fim de tudo. - Ela enxuga mais algumas lágrimas e então se levanta. - Vamos, você recebeu alta, vamos pra casa pra eu assar uma torta pra você...
 
Alguém bate na porta e em seguida entra, Heleanor, ela e minha mãe se olham por um tempo, até que Heleanor finalmente estende uma de suas mãos em direção a minha mãe.
 
- Prazer, eu sou Heleanor. - Elas apertam as mãos, minha mãe está bem confusa, ambas estão. - Senhora...
 
- Dreemurr, Toriel Dreemurr. - Heleanor parece ter uma revelação ao ouvir isso.
 
- Aaah, é a mãe do Kris, muito prazer mesmo. - Com suas outras três mãos ela envolve a de minha mãe e a cumprimenta com mais entusiasmo. - Ele falou muito da senhora.
 
- Infelizmente eu não posso dizer o mesmo... Kris? Essa é? - Mamãe parece um pouco brava.
 
- Minha... Minha namorada. - Viro o rosto para o outro lado para que elas não vejam, não sei se chego a corar, mas com certeza fiz alguma cara estranha pela vergonha.
 
- Então você tem uma namorada, mas não contou nem pra própria mãe? Que bom saber... - Pelo tom de voz eu acho que não foi bom não. - Estavamos indo pra casa, vou preparar uma torta, quer vir junto querida?
 
- Se não for incomodar. - Elas então conversam um pouco até que começam a sair juntas.
 
- Kris, eu deixei uma muda de roupas na cadeira, se vista e a gente se encontra na entrada do hospital. - Ela então sai junto de Heleanor... Cara, que situação.
 
Eu me troco, e então tento me espreguiçar, sinto dor em todo o meu corpo, melhor eu não me mexer ou me esticar tanto assim por um tempo, estou cheio de pontos, me sinto até um trapo velho de tanto remendo que tiveram que fazer, e olha que só costuraram os cortes mais fundos, alguns deles só foram juntados por aqueles "grampos" brancos que aparecem em filmes, vou até a janela, o dia está bonito, a cor das folhas já está começando a mudar pro outono, finalmente o calor infernal vai acabar.
 
Assim como combinamos eu encontro minha mãe na entrada do hospital, ela ainda esta conversando com Heleanor, mesmo quando entramos no carro e ela começa a dirigir pra casa, a conversa não para, e as vezes até tem uns momentos em que eu queria estar morto, tipo esse:
 
- Você tem que ver as fotos da familia quando chegarmos em casa. - Minha mãe comenta. - Tem umas fotos tãos lindinhas do Kris quando pequeno.
 
- Jura? Tipo quais?
 
- Tem uma em que ele está correndo peladinho fugindo do banho, usando só um parzinho de chifrinhos que ele tinha. - Elas riem um pouco.
 
- Mal posso esperar pra ver, né Kris?
 
- Por favor, tomara que eu esteja morto e isso seja só o inferno. - Comento baixinho  enquanto escorro pelo banco.
 
E algumas coisas ainda mais constrangedoras de vez em quando, casos de puberdade e entre outras coisas que eu prefiro não pensar muito a respeito.
 
Ao estacionar minha mãe disse o seguinte: "Filho, a casa ficou uma bagunça nesse tempo que você ficou fora, deixa a gente entrar primeiro e depois você vai, só pra gente conseguir dar uma arrumada.", e então só saiu com a Heleanor do carro, as duas foram a passos rápidos pra dentro da casa e eu fiquei sozinho no carro...
 
Mas espera aí, minha mãe não faz bagunça, tem algo errado.
 
Eu desço do carro e entro em casa, e então eu tenho um mini ataque cardíaco.
 
- BEM VINDO DE VOLTA. - Uma pequena multidão grita pra mim assim que entro na sala.
 
Na sala estavam Susie e Noelle, Asriel, Chara, Frisk, Heleanor, tia Alphys, tia Undyne, mamãe e papai, Sans e seu irmão menor Papyrus também estavam aqui, é claro, fora alguns colegas de trabalho que eu nem sequer sei o nome, mas provavelmente foram arrastados pra cá por Susie.
 
Logo depois do "grito de guerra" deles, Papyrus e Frisk saem correndo pra brincar juntos, bem, pelo menos ela vai ter outra criança da idade dela próxima quando Asriel finalmente se mudar pra cá, e olhando bem, ela está usando os chifrinhos que dei pra ela, que fofinha.
 
- Hum... Obrigado, eu acho. - Digo depois de finalmente colocar minha cabeça no lugar.
 
- Hey Kris, senta aqui, come um pedaço de torta. - Azzy chama pra cozinha, então, a torta JÁ estava pronta. Enfim, vou até lá e me sento. - Podem deixar a gente conversar em particular um pouco?
 
Os outros se olham entre sí e então vão pra sala, Asriel, respira fundo e então olha para a mesa, triste e sério.
 
- Obrigado - Ele fala em voz baixa. - Eu perdi meus amigos, obrigado por ter feito justiça por eles... Obrigado por estar vivo, eu não sei o que faria se você tivesse não tivesse sobrevivido.
 
- Eu não fiz nada que mereça agradecimento... - Eu me sinto envergonhado por esse momento... - Eu não poderia fazer nada pelo Burgerpants, mas o Blue Ears só morreu por que eu fui inutil da primeira vez que o encontrei...
 
- Você chegou a ver o rosto dele? - Asriel olha pra mim.
 
- Não, só o vi a noite e de capuz, não faço ideia de quem seja.
 
- Eu o conhecia Kris... Eu... Eu nem sei como me sentir. - Asriel dá um soco na mesa, Chara que está na sala olha pra nossa direção pra ver o que está acontecendo, e então lentamente começa a caminhar em nossa direção. - Eu entrei na vaga dele no hospital que eu trabalho... Eu fui no julgamento, eu reconheci ele na hora e tudo ficava pior enquanto ele relatava seus crimes pro juíz... Ele foi demitido por que o hospital descobriu que ele matava as pessoas por serem monstros, mas a diretoria não o denunciou pra não manchar o hospital, eu fui contratado logo em seguida, se tivesse sido qualquer outro, meus amigos estariam vivos... Eu sou o responsável pelas mortes deles... eu... - Chara o abraça por trás, passando os braços pelos ombros dele enquanto ele está sentado.
 
- Azzy, você não tem culpa da morte de ninguém... - Eu digo interrompendo ele. - Você é o cara mais legal que eu conheço, já eu... Eu quase o matei, eu poderia ser um assassino agora... - Abaixo minha cabeça.
 
Chara suspira e então começa a falar da forma mais gentil que pode:
 
- Nenhum de vocês dois sabem como é matar alguém... Despedaça sua alma, até que não sobre nada e você não sabe mais quem é... E dificilmente vai conseguir se recuperar...
 
Isso me lembra, Chara tem uma ficha, ela foi presa pelo assassinato de múltiplas pessoas, eu me pergunto se aquilo era real, se ela está falando por experiencia.
 
- Você Azzy, você salva as pessoas... Você as conserta e faz elas voltarem a ser como eram quando estavam inteiras... Você é meu marido. - Me pergunto se isso também é sobre ela mesma. - E você Kris... Eu decidi confiar em você e não me decepcionou... Obrigada.
 
Eu coro um pouco, será que essa é a sensação de ter uma irmã mais velha? Ah cara, eu poderia me acostumar com isso, obrigado Asriel por ter se casado, desculpa não ter ido na cerimônia, desculpa ter sido um puta de um alcóolatra decepcionante.
 
Depois dessa conversa a festa continuou pra tentar acalmar os ânimos, eu comi minha torta, bebi... Refrigerante, afinal eu não quero que minha mãe me mate e por fim apresentei Heleanor pra todo o pessoal, parece que ela se deu bem com o grupo, Chara até brincou com ela dizendo:
 
- Hum, será que essa é a próxima Sra Dreemurr a se juntar a família? - Todo mundo riu.
 
- Melhor ir com calma, nosso relacionamento começou há pouco tempo e em parte dele o Sr Dreemurr aqui estava desmaiado no hospital. - Heleanor aponta pra mim, sendo que eu não tenho bem controle de quanto tempo vou desmaiar.
 
Nós continuamos conversando por um tempo até que o pessoal começou a ir embora, primeiro foram Undyne e Alphys que precisam acordar super cedo para trabalharem, ser policial ou professora não deve ser fácil, logo em seguida foram meus colegas de trabalho que... Sendo sincero eu nem sei por que vieram, Sans e Papyrus também se foram, aparentemente o esqueletinho precisa dormir cedo, meu pai acabou indo também e por fim Noelle e Susie também começaram a sair.
 
Quando percebo elas indo embora eu espero até que saiam da casa e as sigo logo em seguida, elas entram no carro de Susie, mas eu corro até a janela antes que possam arrancar.
 
- Espera, eu quero fazer uma pergunta. - Respiro fundo. - Como conseguiu livrar a Chara?
 
Noelle abre a porta do carro e sai do veículo.
 
- Bem, ela não matou as vítimas, o próprio réu confessou que foi ele.
 
- Não... Estou me referindo aos crimes da ficha dela, sabe, Chara Fox e tudo mais... Assassinatos, dada como morta... Não tem como o juiz e o promotor não saberem disso depois de terem a prendido.
 
- Digamos que eu tenho alguns contatos... E um certo grau de amizade com o promotor e o juiz, além disso, quem foi presa recentemente foi Chara Dreemurr, essa tal de Fox já morreu né? - Ela então dá uma risadinha. - Mas Kris, eu não sei por quanto tempo o que fiz vai resolver, então... É melhor você se manter preparado, okay?
 
Ela então entra no carro e vai embora junto com Susie.
 
Eu volto pra dentro, Asriel está dormindo no sofá com Frisk em cima dele, Chara, Heleanor e mamãe estão na cozinha conversando, eu vou até lá, puxo uma cadeira e me junto a elas.
 
- Azzy pediu demissão do hospital depois de ouvir o depoimento do réu no julgamento de hoje. - Chara comenta. - Acho que ele vai tentar ver algo no hospital aqui do bairro, então pode ser que nos mudemos antes do que previmos.
 
- Isso é ótimo, se vocês quiserem podem ficar aqui desde já até acharem um lugar pra morarem perto. - Minha mãe diz.
 
- Nós provavelmente passaremos a noite, mas ainda vamos ter que ir embora amanhã, pra começarmos a arrumar nossas coisas. - Chara diz e então toma um gole de chá.
 
- Oh, podemos nos organizar igual a outra vez, assim vai ter espaço pra todo mundo, você não se importa de dormir na sala de novo, né filho?
 
- Eu nã-
 
- Na verdade, o Kris poderia ir pra minha casa comigo, né? - Heleanor comenta. - Assim sobra até mais espaço pra vocês aqui.
 
- Bem, eu nã-
 
- Oh, isso é ótimo, não tem problema mesmo? - Minha mãe pergunta.
 
- Claro que não, ele já tem ficado lá há alguns dias, eu me senti até solitária no tempo que ele ficou internado.
 
- Pra mim realmente tant-
 
 - Bem, fica assim então. - AAAAH ME DEIXEM FALAR.
 
Bom, no fim das contas eu acabei ficando no apartamento da Heleanor mesmo, sinto que daqui a pouco eu não vou ver diferença entre lá e minha casa, eu e ela pegamos o onibus juntos e descemos no centro, caminhamos de mãos dadas, bem, eu segurei uma das mãos esquerdas dela e com o outro braço esquerdo ela abraçou minhas costas, fomos andando assim até chegarmos no apartamento.
 
Lá, eu tomei banho, ela... Eu não sei se ela toma banho já que a cabeça dela literalmente pega fogo e então nos deitamos pra dormir, estou me sentindo bem, mas estou me sentindo bem mais cansado que o normal também, talvez por isso eu tenha tido um pouco que de dificuldade pra dormir, talvez por isso agora que eu notei que quando ela está dormindo o fogo na cabeça dela se apaga e fica parecendo só o cabelo normal de uma mulher, ouso até colocar a mão pra sentir... E então eu finalmente adormeço...
 
 

Vida Adulta e CompromissosOnde histórias criam vida. Descubra agora