Capítulo 27- De volta à terra natal

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LUCAS E AMYBETH 

-Vamos, Lucas. Ou perderemos o nosso voo.- Amybeth disse em voz alta para que o namorado a ouvisse através da porta do banheiro,   onde ele tinha entrado fazia vinte minutos. 

Lucas nunca demorava assim para se arrumar. Era sempre ela que perdia mais tempo com maquiagem e roupa,  e tinha que se levantar mais cedo para ficar pronta no tempo exato  e não chegar atrasada em seus compromissos. Então,  não compreendia porque o rapaz parecia não ter pressa de sair do hotel, onde estavam hospedados para irem até o aeroporto, e pegar o avião que os levaria direto para a casa dos seus pais na Irlanda.

Um pouco impaciente, ela se olhou no espelho, ajeitou sua boina verde entre seus fios ruivos, depois enrolou o cachecol da mesma cor de forma confortável em volta do seu pescoço,  e foi até a janela onde observou o clima com interesse. 

Eram seis da manhã e uma neblina fina cobria a cidade de Toronto. O inverno estava chegando, e por isso aquela hora da manhã a brisa que soprava já carregava certo cheiro de nevasca que assolava aquela região quando o frio chegava em seu pico mais alto. Ela, particularmente, não se simpatizava com aquela estação,  pois era mais adepta ao verão.  Porém não podia deixar de concordar com sua mãe,  que dizia que o inverno tinha seu charme, porque as pessoas andavam mais bem vestidas, e preferiam se reunir em lugares mais aconchegantes do que passarem todo o tempo na rua.

Sempre que pensava no inverno, Amybeth se lembrava do fogo crepitando na lareira, chocolate quente com canela que sua mãe costumava servir lhe na cama de manhã,  as noites de filme em companhia de pipoca caramelizada,  um edredom quentinho e toda a sua família reunida cheia de amor. Ela esperava que o Natal daquele ano fosse mágico e que pudesse acrescentar Lucas a todas as suas memórias, se pudessem permanecer juntos apesar de todos os obstáculos. 

Ela saiu da janela, e andou até sua bagagem, verificando se não tinha esquecido de nada do que precisaria levar, enquanto sua mente rodava em torno de uma única questão que esperava resolver assim que pudesse. 

Kayla tinha razão.  Ela precisava falar com Lucas sobre o que fariam quando o filme terminasse. Ela gostaria muito que pudessem viver próximos um do outro, pois queria ter a chance de vê-lo sempre que pudesse ou desejasse.  Jamais teria coragem de sugerir que morassem juntos,  pois não queria que ele pensasse que ela estava apressando as coisas. Talvez no futuro pudesse pensar melhor sobre tal possibilidade,  mas por enquanto ficaria satisfeita em apenas tê-lo por perto sempre que estivessem livres. 

A porta do banheiro se abriu,e Amybeth se virou para encarar seu namorado, que lhe disse um tanto envergonhado pela demora:

-Desculpe te fazer esperar. Eu estava apenas tentando acalmar minha ansiedade.

-Por que está ansioso, Lucas? Achei que estava animado para ir à Irlanda comigo.- Amybeth comentou,  se aproximando do rapaz que lhe sorriu meio sem jeito e respondeu:

-E estou.  Apenas me pergunto se seus pais vão gostar de mim. - aquela se tornara uma preocupação genuína nos últimos dias, e sabia bem que a família de Amybeth era extremamente importante para ela, assim como a sua era importante para ele, por isso não ter o namorado aprovado pelos pais dela com certeza a deixaria arrasada, e ele não queria ser a razão da tristeza dela.

-E por que acha que meus pais não vão te aprovar? Você é  incrível, meu amor.- ela disse, o envolvendo pelo pescoço com seus braços.  

Esse Lucas vulnerável mexia com ela de um jeito que a fazia desejar protegê-lo de qualquer mágoa.  Ela ainda não sabia que tipo de complexos ou mesmo traumas,  o rapaz, carregava dentro de si para pensar que as pessoas nunca aprovariam seu jeito de ser. Lucas era mais contido, quieto , não demonstrava o que sentia com facilidade, e às vezes a distância que ele mantinha das pessoas por cautela, passava a imagem errada de alguém arrogante. Mas quando ele se sentia confortável com alguém e se abria, as pessoas percebiam o qual generoso e sensível era o seu coração.

After that kiss - Anne with an eOnde histórias criam vida. Descubra agora