18 spin-off
Mick e Celeste nunca tiveram muito interesse em se conhecer.
Ambos viam de famílias inseridas no meio do automobilismo, tinham amigos em comum, eventos em comum, e mesmo assim estavam confortáveis ignorando a existência um do outro.
M...
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Poucas coisas agradavam Celeste no paddock, podia contar nos dedos quantas coisas lhe faziam bem ali. Era mais um dia de corrida, um dos menos piores para ela, já que seu pai se tornava tão ocupado e vislumbrado que às vezes esquecia completamente da garota, e era aí nessa pequena brecha em que ela aproveitava para fazer coisas divertidas. Quando era pequena isso significava ir atrás dos pilotos, caçá-los como ratos sabendo que tinha muitos acessos livres por ser filha de Nicolas, mas agora não era mais sobre isso, era sobre a movimentação nos autódromos, as roupas coloridas, as comidas diferentes e principalmente sobre passar um tempo com Arthur.
— Então já está poluindo o mundo tão cedo? — o monegasco instigou quando a figura da melhor amiga com um cigarro em mãos apareceu no local combinado, em frente ao motor home da Scuderia Ferrari, onde ambos tinham acesso ao melhor café da manhã do paddock.
Celeste sorriu, mas não do jeito doce e sincero, sorriu de lado com chamas queimando nos olhos esmeralda e apagou o que restava da bituca no chão.
— Quer mesmo discutir poluição? Olha em volta — retrucou, bastou uma pequena olhada ao lado para que Leclerc soubesse que não ganharia aquela discussão, ele se rendeu dando de ombros e ela apertou um sorriso nos lábios saboreando a vitória, sempre era bom vencer Arthur. A dupla podia ser muito mesquinha quando queria, mas isso era parte da convivência por anos, se não se enfrentassem uma vez ou outra provavelmente já teriam cansado um do outro a esse ponto.
Mostraram suas credenciais na entrada da enorme estrutura, por pura burocracia já que eram reconhecidos por todos ali, entraram sem problema algum, o cheiro de café recém passado tomando conta do ambiente, Celeste amava o cheiro, mas não era tão fã assim do gosto, por mais que fosse um belo estimulante, era amargo e a garota já tinha provado coisas amargas o suficientes durante a vida toda. Caminharam até o segundo andar, reservado a membros da equipe e não a convidados, e puderam ver os chefes enchendo os réchaud das mais variadas guloseimas, os dois se entreolharam, o garoto levantou as sobrancelhas loiras de forma empolgada o que a fez rir.
— Quer comer aqui? — perguntou e Todt correu os olhos pela sala, estava quase vazia, mas podia ver Charles conversando com seu pai e em algum tempo a conversa poderia acabar e bem, ela seria o alvo do empresário, desde o evento da Scuderia, Nicolas Todt não passava um dia sem questionar a filha sobre Mick Schumacher, estava em uma busca incansável sobre os detalhes daquela noite e a relação entre os dois. Primeiro a garota achou que fosse aquela velha mania do pai de querer juntá-la a qualquer piloto, com a ilusão de que traria interesse a categoria, mas o pai parecia ter mudado de ideia e o que antes era positivo agora era alvo de crítica, "não pareceria muito bem pra mídia quando eu o agenciar" ele dizia. Era curioso para ela como o patriarca mudava as opiniões de acordo com o que lhe cabia melhor, nunca pensava nela, nenhuma vez tinha perguntado o que ela sentia, e sim se ela o estava prejudicando ou não.
— Celeste?
A francesa piscou saindo do devaneio, Arthur a observava curioso, ela tirou o pai do radar e focou na companhia do piloto.
