18 spin-off
Mick e Celeste nunca tiveram muito interesse em se conhecer.
Ambos viam de famílias inseridas no meio do automobilismo, tinham amigos em comum, eventos em comum, e mesmo assim estavam confortáveis ignorando a existência um do outro.
M...
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Celeste nunca foi religiosa, mas acreditava fielmente que existiam coisas bem maiores do que ela, coisas inexplicáveis. Talvez não tivessem asas de anjo ou cajados mágicos, mas algo com certeza tecia todas as camadas da realidade, isso a dava algum conforto, nem tudo estava em suas mãos, nem mesmo seu próprio destino.
Seu pai estava extremamente ansioso, ela conseguia ver na forma em que ele secava as mãos na lateral da calça social e que a dava ordens sem parar: Celeste arrume os pratos, pegue as pratas e sorria. Nicolas costumava se tornar ainda mais autoritário quando estressado, e nesse fim de temporada ele se encontrava em um pico de animosidades. Nada para ele estava definido, as promessas que queria assinar não estavam totalmente confiantes nele e seus protegidos ainda não tinham todos vingado na carreira, se não fosse o irmão de Arthur, talvez ele arrancasse ele mesmo os poucos fios de cabelo que sobravam na cabeça.
Pra garota, era irresistivelmente hilário.
— Que tipo de vestido é esse, filha? — Questionou, meio confuso. O cetim vestia perfeitamente seu corpo, era macio e brilhante mas confortável na mesma medida. E, claro, tinha lá seu toque sedutor que irritava seu pai.
— Do tipo que se compra nas lojas, pai — retrucou reorganizando um dos vasos da sala, Nicolas revirou os olhos, infeliz com a escolha de roupas de sua filha, mas não disse mais nada. Ela respirou aliviada, tinha amado o que vira no espelho, e queria que ele amasse ainda mais.
Só o pensamento a fez perder o compasso da respiração, subitamente não conseguia mais fazê-lo de forma natural. A expectativa fazia seu corpo formigar, não o via há duas semanas desde aquele dia, o dia do beijo que tirou seu sono, das palavras que a tornaram outra pessoa, uma que dava pulinhos pela casa, sorria para o pai e suspirava aos ventos. Celeste estava apaixonada por Mick, não sabia apontar em que momento isso acontecera, nem porquê ou como, mas era óbvio que agora não tinha como voltar atrás. Apesar de não se verem, trocaram mensagens por dias, o falso alemão era insuportavelmente cavalheiro, como esperado, não a deixava dormir sem um boa noite ou ver o sol raiar sem um bom dia, tudo era comunicado a ela, mesmo que não tivesse exigido isso a ele, sempre estava contando exatamente onde estava e com quem estava, como se quisesse garantir que ela soubesse que ele a passaria segurança sempre. A garota sorriu, passando os dedo pelos lábios, lembrando da textura do garoto, do seu cheiro, a forma que seus fios loiros friccionaram contra sua pele, seja lá que estiver no controle do universo, que a ajudasse, ela suplicava, não aguentaria ter o coração partido, não por ele.
O devaneio fora longo até demais, quando piscou os olhos, Mick estava se materializando a sua frente. Um sorriso cresceu deleitoso em seu rosto simétrico, o garoto abraçou seu pai de forma meio desengonçada, piscou para ela enquanto se punha contra o ombro de Nicolas, o coração da garota disparou em galopes. Estava ferrada naquela noite, sabia disso. Com o peito estufado, ele passou ao lado dela, posicionando a garrafa de vinho na mesa, Celeste o olhou feio, ele imediatamente posicionou um porta copos por baixo de seu presente.
