18 spin-off
Mick e Celeste nunca tiveram muito interesse em se conhecer.
Ambos viam de famílias inseridas no meio do automobilismo, tinham amigos em comum, eventos em comum, e mesmo assim estavam confortáveis ignorando a existência um do outro.
M...
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Nova Iorque era brutal. A megalópole cultiva e ceifa sonhos todos os dias quase na mesma proporção, infelizmente Celeste tinha quase certeza de que os seus já nasceram mortos. Quando se mudou pra cidade estava deslumbrada, ansiosa por se livrar de seus pais, dos esportes, e todo o peso nos ombros que sentiu a vida inteira, a pressão de agir do modo certo, honrar seu legado.
Por um tempo ela considerou sua vaga na Columbia University um alívio, seu refúgio da vida que deixava para trás em Mônaco. Seus finais de semana eram selvagens, ela não demorou a fazer amizades, a conhecer a elite de Upper East Side, a festejar nos rooftops e entorpecer suas frustrações com copos de bebidas e qualquer coisa que chegasse a suas mãos, conheceu celebridades, atendeu red carpets e qualquer evento que poderia tirá-la de sua realidade.
A garota gostava da sua vida em Nova York, de conhecer pessoas novas, de viver em um local tão agitado que poderia ser o protagonista da sua história e ela sequer se importaria. E principalmente gostava do fato de ser longe dos olhos de sua mãe, de seu pai, e qualquer pista de Fórmula 1.
Mas Celeste sabia que era isso, uma fuga eterna da sua realidade, vivia em uma bolha construída apenas para agradá-la, correndo de responsabilidades e vivendo uma pós-verdade. Quando os finais de semanas acabavam tudo se resumia a sobreviver, um dia atrás do outro, a chorar no quarto de seu apartamento, a tentar seguir em frente estudando algo com que ela não se identificava, e por fim, percebeu que não importa onde estivesse, as expectativas sempre estariam atrás dela assombrando seu dia como um pesadelo sem saída, e disso ela não poderia fugir.
— Você não muda por nada — brincou empurrando os ombros de Celeste, a garota apagou o cigarro que tinha entre os dedos e soltou um sorriso largo e aliviado, era essa a sensação que Arthur sempre trazia a ela: alívio, desde que se conheceram, ele era seu refúgio e ela o dele.
— Finalmente achou o caminho pra casa, Arthur — respondeu ignorando sua provocação, o monegasco negou com a cabeça e a ajudou a levantar do meio fio.
Estavam no porto da cidade de Monte Carlo, era a cidade natal do garoto e o local onde Celeste cresceu e cultivou a maioria de suas memórias, o porto costumava ser o esconderijo dos dois, quando ficavam cansados da escola, dos karts, das competições e tudo que complicava a vida dos dois, sempre sabiam ao que recorrer. Um ao outro, e ao Capitainerie Port de Monaco. Tinha algo mágico naquele píer e na maresia que os tangia.
— Olha quem fala, não sei se estou mais surpreso por você ainda saber onde o porto fica ou por lembrar meu nome. — ele tira as mãos do bolso de sua calça jeans e as espalma no peito, simulando a dor fictícia em seu coração.
— Quanto drama, Leclerc — retrucou rolando os olhos esverdeados em ironia, o piloto quebrou o clima esquisito e puxou a garota para seus braços capturando Celeste em um abraço.
Arthur sempre foi a âncora de Celeste, mantendo a garota dos céus com os pés no chão, tentando impedir que ela deixasse suas emoções a inundarem, e cumpriu esse papel muito bem, até de longe quando a garota estava em Nova York e o monegasco perseguindo seus sonhos adiados por tempo demais. Ela o admirava por isso, ele não desistiu dos seus sonhos, apoiou seu irmão mesmo que significasse se sacrificar, e principalmente não desistiu de si mesmo. Estava em busca da sua própria estrela, e Todt tinha certeza que ele a alcançaria.