18 spin-off
Mick e Celeste nunca tiveram muito interesse em se conhecer.
Ambos viam de famílias inseridas no meio do automobilismo, tinham amigos em comum, eventos em comum, e mesmo assim estavam confortáveis ignorando a existência um do outro.
M...
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O programa favorito de Celeste nos períodos de folga sempre foi fazer compras e então tomar café da manhã em um dos cafés charmosos de Monte Carlo. Quando era uma criança costumava fazer isso com a companhia da sua mãe, as duas já sabiam que nos dias em que Serena não tinha que ir ao escritório seria o dia em que estourariam os cartões em lojas e por fim sentariam em cadeiras no meio da rua.
Serena pedia um café e um croissant com manteiga, sempre, e Celeste tomava chocolate quente com dois marshmallows e complementava com um muffin, as duas conversavam e riam até ficar tarde o suficiente para que Nicolas chegasse em casa. Quando era adolescente já não via mais sua mãe com tanta frequência, então passou a levar Arthur para as compras, muitas vezes era sábado de manhã, os dois cheiravam um pouco a bebidas e ela a cigarro e eles não tinham dormido nada, mas a garota o convencia de alguma forma de que ela precisava de sapatos novos e então pulavam de loja em loja enquanto o celular de Todt não parava de tocar com ligações perdidas de seu pai, que não fazia a menor ideia de onde sua filha estava.
Quando se mudou para Nova Iorque não viu a mesma graça em seus cafés, as lojas ainda eram divertidas, sempre seriam, mas infelizmente não era a mesma coisa que tomar chocolate quente e comer muffins olhando para o mar. Mas agora estava de volta, querendo ou não, estava em Monte Carlo de novo, então, naquele raro dia de folga das corridas, decidiu refazer seus passos, começou pela loja que costumava comprar jóias com sua mãe e então partiu para o lugar que sempre argumentava e insistia com Arthur de que ele precisava daquela gravata com tom de cinza, mesmo o garoto nunca usando gravatas. Quando se deu conta, tinha gasto mais do que deveria e voltou para o café próximo ao jardim feito em homenagem para a Princesa Kelly, um de seus pontos turísticos preferidos de Mônaco, simplesmente pela ideia de que realmente as pessoas amavam pessoas. Enquanto esperava seu bolinho sentia a nostalgia gostosa invadindo seu corpo, eram tempos mais fáceis, muito mais que agora, se pudesse escolher voltaria a ser a garotinha que comprava sapatilhas sempre cor de rosa, pensou em quem se tornou, uma menina mulher que não sabia para onde ir. Estava na reta final daquele ano, e o período de renovar sua matrícula em Columbia se aproximava cada vez mais, não sabia se ainda tinha forças para lutar com seu pai sobre isso, poderia ser uma cabeça dura mas estava cansada de brigar, e nem sabia pelo que estava brigando, só sabia o que não queria ser, mas nunca permitiu pensar no que realmente almejava.
O pires colocado à sua frente fez um tilintar que a tirou de seu transe, ela agradeceu a garçonete que também sorriu a ela e voltou a trabalhar, arrumando os cabelinhos encaracolados espetados para dentro do coque. Quando levou o lanche a boca, quase se engasgou, a cena a sua frente era simplesmente inimaginável, os fios loiros brilharam no sol enquanto o capacete os liberava como gotas douradas caindo pela testa, estavam maiores depois de pouco tempo e divididos no meio, Mick Schumacher desmontava de cima de uma moto, preta e clássica, Mick Schumacher dirigia uma moto em seus dias de folga e Celeste não acreditava em seus próprios olhos. Seus olhares se cruzaram e um suspiro pesado ficou preso na garganta, ela não conseguia parar de encarar e o piloto dobrou os lábios em um sorriso de lado, tampouco estava interessado de perder os olhos verdes de Celeste o encarando daquela forma, tão surpresa quanto ele, tão interessada quanto ele, finalmente. Schumacher se aproximou com passos confiantes, sempre confiantes, se sentou à frente da menina tapando a vista para o jardim florido.
