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Ser arrastado para um ballet não era exatamente o programa mais badalado da noite, mas por amizade e insistência, Mitsuya Takashi havia acabado por convencer seu amigo Takemichi Hanagaki. O oxigenado relutou com todas as forças que conseguiu, dizendo não uma vez, mas foi mesmo assim.

Takemichi estava na cruel tarefa de eliminar a química descolorante dos fios, então suas raízes pretas e rebeldes tremulavam por baixo das mexas amareladas, lhe fazendo ter uma leve vergonha, então ele deixava o cabelo o mais bagunçado possível, criando uma camuflagem. Ele também havia colocado um blaser que usou nas raras ocasiões sociais que pediam isso, casamento de Haruki e o funeral de uma tia. Hanagaki parecia meio desconfortável, mas aliviado de não precisar de uma gravata.

Takashi também usava um blaser, quase para fazer um duo com Takemichi, mas a clara diferença de estilo e maneira de se vestir faziam Hanagaki querer sair de perto dele, se sentindo inferior. Além da blusa de gola alta preta e o colar grande prata que ele usava, Mitsuya ainda vestia uma calça de alfaiataria completamente alinhada e sapatos brilhantes. Takemichi se perguntava por que ele o havia chamado além de esfregar seu senso de moda na sua cara. Seus óculos também brilhavam no rosto de uma maneira única, muito diferente de quando Takemichi o via se debruçar sobre uma peça de roupa diferente.

-Me desculpa, Takemichy -disse Takashi sorrindo.

O apelido fez Haganaki viajar direto para uma época mais feliz e simples, onde basicamente tudo se resumia em motos e socar as pessoas. Mesmo que ele não fosse o melhor delinquente lutador do mundo, Takemichi era esforçado. Sempre esteve nas brigas pelo mesmo motivo em que conheceu a delinquência: Manjiro Sano. O ex-namorado mecânico que sempre o arrastava para uma de suas loucuras ou tinha mania de dependência do melhor amigo. O relacionamento amargo e que não tinha como dar certo, fez Takemichi conhecer Takashi e os outros. Ele amou Mikey, não teria como negar, mas também não negaria que ele lhe trouxe do melhor.

-Gosto quando me chama de Takemichy. Trás lembranças...-confessou o loiro, ficando levemente corado.

-Ainda tem saudades do Mikey? -perguntou Mitsuya conduzindo seu acompanhante da noite para dentro do teatro antigo e bonito.

-Acho que sim -disse ele, mas tratou de se desculpar logo que viu o sorriso malicioso brotar nos lábios finos de Takashi -Não como você está pensando! Mikey-kun sempre vai ser muito importante pra mim.

Mitsuya não alongou muito, evitando falar sobre como Mikey sempre pedia informações sobre Takemichi o tempo inteiro. Sempre querendo saber como ele estava e se já havia arrumado um namorado novo. Ele sempre desconversava diante desse assunto, tirando totalmente a atenção da vida do Hanagaki. Eles haviam rompido por um motivo, não alimentaria a falsa ideia de mudança nele.

-Eu vou ver se consigo falar com alguns bailarinos. -disse Takashi antes de se levantar, evitando a mão que o segurava na cadeira -Você não vai morrer se eu for lá. Fique aqui e eu volto já.

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Takemichi se divertia vendo Mitsuya ser expulso do camarim. Mesmo que a ideia inicial fosse recrutar um bailarino para ser modelo, Takashi não havia tido sucesso em falar com eles. Tão logo o estilista foi se sentar junto a Takemichi, ele tratou de explicar porque sua missão não havia tido nenhum resultado.

-A apresentação vai começar -disse ele sem evitar dar um tapa na nuca do amigo -Pare de sorrir assim! Nenhum deles negou ainda... E vamos poder ver a apresentação e você me ajuda a escolher um.

Os dois abriram o folheto para se situar o tipo de espetáculo que veriam. Hanagaki se encantou com as letras floreadas, distraindo-se completamente dos acontecimentos trágicos que marcavam a história de Giselle. Ele estava focado em cada volta que as letrinhas davam. As luzes apagaram, interrompendo sua leitura e ele soube que era hora de ver o palco.

Lindas dançarias rodopiavam pelo palco, numa ciranda graciosa e que prendeu a atenção de Takemichi. Um único garoto também dançava com elas, suas luzes azuis destacavam no cabelo loiro. As pernas grossas e bem torneadas faziam Hanagaki quase sentia inveja das pernas fortes e redondas dele. A parte de cima também não deixavam a desejar, dando bastante enchimento na roupa apertada dele. O rapaz, que ele havia lido o nome como Rindou Haitani era o personagem masculino principal de Giselle e, como ele procurou e achou na internet depois, era o segundo bailarino daquela companhia.

-Ballet... -murmurou Takemichi.

Maravilhado com a ideia de tal elegância, Takashi anotou o nome daquele homem. Ele imaginou um grande modelo, com fitas que se apertariam seus músculos. O pensamento fez Takashi corar um pouco, buscou os olhos de Takemichi que estavam nele observando Rindou. O Hanagaki mexia as sobrancelhas sugestivamente pra ele, que bateu com a pequena agenda no amigo. Takemichi riu e voltou os olhos para o palco.

Bem a tempo de ver um anjo com os próprios olhos. Ele viu quando aquela criatura com presença suficiente para fazer toda a plateia se calar entrou no palco de luzes amareladas. O dia quente representado pareceu ainda mais quente quando Giselle mostrou seus passos bonitos. Ela rodopiava, dando saltos tão leves quanto plumas e Takemichi teve que se perguntar mais de uma vez se ela não estava simplesmente flutuando.

A loira de cabelos praticamente platinados bailava com tamanha graça, que Takemichi até tinha esquecido completamente dos outros dançarinos. A plateia também só tinha olhos para as cachoeiras cor de ouro branco que também pareciam dançar a cada movimento perfeito da bailarina.

Seus pés treinados batiam no chão antes de se movimentar novamente, as pernas tensionando a cada movimento bem feito, exibindo os músculos bem trabalhados que fizeram Takemichi sentir vontade de passar a mão neles. Será que eram macios? O figurino de época com uma saia alongada agarrando a cintura fina como um amante sedento. Seu dorso era reto, sem presença aparente de seios, oque Hanagaki deduziu ser obra da roupa apertada. Quando os braços remexiam delicadamente, ele poderia ver a curva de cada extensão de pele albina de apertar e ressaltar braços finos e firmes. Extensões que Takemichi poderia facilmente beijar toda. Seu rosto era expressivo, as vezes sôfrego e as vezes feliz. Em toda a sua vida, ele poderia jurar que não havia colocado os olhos em tal perfeição. Giselle era linda! Os movimentos de rodagem fizeram sua bunda grande e redonda aparecerem sob a saia branca, dando uma coloração avermelhada nas bochechas de Takemichi. Era liso e bonito, como duas montanhas de neve.

As marcas em volta de seu rosto eram bem visíveis, não pareciam ser feitas de maquiagem e ele duvidou que aquela linda moça estavam usando alguma. Não havia necessidade disso! Seu rosto era bem marcado pelos cabelos em uma franja lateral, antes de serem amarrados atrás. As orelhas apareciam, lindas (Takemichi poderia achar até a orelha daquela divindade bonita!). Seus olhos pareciam caídos, ele julgou ser cansaço de treinos ou noites mal dormidas. Era fácil ignorar enquanto ela dançava.

-É lindo....-murmurou ele. Não baixo o suficiente, tanto que seu vizinho de cadeira ouviu o comentário, acabando por lhe olhar estranho.

-Haru é primeiro bailarino da academia -respondeu com orgulho. Os olhos azuis Takemichi encontraram os violetas lhe observando, com um sorriso forçado e falso -E meu noivo.

-N-no-noivo?! -perguntou Hanagaki, já imaginando mil e uma maneiras de se desculpar com o mais velho.

Ran Haitani usava um terno preto, totalmente alinhado e com cara de ser muito caro. Seus cabelos também arrumados e completamente em ordem, num tom de lilás que faziam os olhos casarem completamente com a coloração dos fios. Seu maxilar era proveniente e ele parecia estar apertando os dentes para Hanagaki. Tudo nele cheirava dinheiro e poder, e Takemichi poderia jurar que o conhecia de algum lugar. O homem ainda tinha um lindo buquê de rosas brancas arrumado no colo, provavelmente um presente para o noivo.

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