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Bonito era pouco. Aquilo havia sido tão mais que perfeito! Toda a apresentação, o carisma dos bailarinos, o calor da paixão e o frio da tristeza romancista criaram o recital perfeito! Melancolia, loucura, amor desprezado. A história de Giselle era mais linda do que ele poderia imaginar. Agradeceu a Mitsuya por ter lhe trago.

Hanagaki foi quem mais gritou e bateu palmas de felicidade. Sem se importar se alguém estivesse vendo ou o olhando torto. Ele queria deixar bem claro que Havia amado a apresentação, ficando eufórico quando Haruchiyo veio a frente com uma reverência linda. Ele ignorou totalmente a vontade de socar o homem atrás de si que havia falado mais coisas sujas, saindo em disparada com Mitsuya quando os bailarinos saíram do palco. O estilista empurrou Ran que já estava no caminho, o fazendo cair em uma poltrona.

-Me desculpe! Eu não te vi aí! -disse com uma risadinha e seguiu o oxigenado que parecia alucinado para encontrar o bailarino principal. Deixando um Ran irritado e vermelho. O estilista segurou Takemichi antes que ele avançasse demais, mantendo-o ao seu lado e rindo da sua reação. -Eu vou com você, assim temos uma desculpa para encontrar os bailarinos.

-Oh, certo... acho que fiquei muito empolgado confessou Takemichi, vermelho.

Os dois andaram juntos ate a parte de trás do palco, e Mistuya teve tempo de surrupiar um buquê de flores que estava perdido na parte de trás, jogando fora um cartão qualquer enfiado entre as flores. Ele levaria um agrado para Haruchiyo antes de pedir qualquer coisa dele. Um assistente de palco tentou barrar a entrada, apenas liberando após Mitsuya mostrar o passe de figurinista que ele tinha conseguido com um amigo, e insistir veementemente que Takemichi era seu ajudante. Desfiado, o homem deixou que fossem, sempre os vigiando de longe, até sumirem da vida.

-Por pouco! Preciso agradecer a Hakkai por isso. -disse, guardando o cartão.

A influência do colega profissão e seu amigo antigo foi de grande ajuda para esta noite. O envolvimento com Hakkai se deu desde a infância, onde o futuro modelo o seguiu para a delinquência e acabou se apaixonando pelo mundo da moda. Hakkai Shiba era prestigiado, tinha nome e fama de um respeitável no mundo da arte. E graças a ele e também a seu próprio talento, Mitsuya pôde lançar-se entre os grandes, jovens e promissores estilistas do mundo. Shiba ainda era o modelo principal de Takashi, tendo sempre a honra de desfilar a mais bonita e principal peça dos desfiles do amigo e ex-capitão. A lembrança do rapaz azulado, com cicatriz e ondas marcadas na cabeça fez Takashi corar levemente.

Assim que chegaram aos camarins, deram de cara com todo o elenco correndo de cima para baixo, tirando roupas, adereços, maquiagens. Alguns estalavam os próprios ossos e ajudavam colegas de companhia a alongar os músculos. Muito barulho, agilidade e laquê. O cheio das maquiagens, barulhos de alfinetes e figurinistas reclamando sobre pequenos danos em roupas faziam Mitsuya se sentir em casa. Sempre atrás e verificando se tudo estava perfeito. Takashi admirava muito o trabalho daquela equipe, tendo a nostalgia de trabalhar com sua equipe de garotas no clube escolar onde faziam trabalhos de costura inclusive para as peças escolares. Ele manteve quase todas as suas antigas companheiras de agulhas, formando a equipe mais confiável que poderia ter consigo. Sentia orgulho de quem havia se transformado e transformado a vida de todas aquelas garotas, que viam a arte da costura e bordado como um hobby.

-Yasuda-san! -chamou, carinhoso, a sua colega e sócia que ficou de ajudar nos figurinos do teatro.

Desde o colégio, Yasuda era como seu braço direito, e ele entendeu completamente quando ela pediu as ausências para arrumar a companhia de teatro onde a irmã era bailarina. Como costureira principal e maior fã do trabalho do seu "presidente" (como ela costumava chamar, mantendo o título de colégio) era sempre um deleite ver Takashi aprovar suas escolhas, criações e até mesmo ter ele disponibilizando seu tempo para ir ver a apresentação. Para Yasuda, era quase como ter a presença de um deus vivo.

-Daitoryo! Mitsuya-sama! -disse a garota, numa reverência exagerada. Ela olhou Takemichi de maneira furiosa. Não era segredo que odiava os amigos de delinquência de Takashi, suportando apenas Hayashi (seu noivo) e Mitsuya pois era devota a ele. -Hanagaki-san -O "san" saiu de maneira tão fervorosa, que doeu nos ouvidos de Takemichi. Era quase possíveis que, se Yasuda tivesse veneno em seus olhos, injetaria diretamente nele. A veia em seu pescoço mostrava que ela estava a ponto de pular no dele!

-Bom ver você, Yasuda-san... ma- consertou-se antes da garota lhe matar e se refugiou nas costas altas de Takashi, que deu uma de suas risadas grandes. A aura de assassinato mudou, trazendo um brilho para a figurinista que Takemichi não pensava que ela pudesse ter.

-Veio roubar algum bailarino meu, Mitsuya-sama? -perguntou a mulher com desejo extremo de ser prestativa ao colega de trabalho e ídolo pessoal.

-Um em especial.. Giselle. -disse Takashi, procurando o bailarino com os olhos.

-Bem... -começou Yasuda, apoiando os óculos nos cabelos castanhos -Eu não sei se Haruchiyo irá concordar. Como você pode ver, ele nem sequer está aqui.

-Eu notei. -confirmou o mais alto, depois de deslizar os olhos analisadores e treinados por toda a vista -Posso perguntar o porque?

-Haruchiyo é nosso melhor bailarino. -confessou Yasuda, coçando o topo da cabeça -Ele é a pessoa mais talentosa, delicada e incrível que eu poderia conhecer na vida! NA DANÇA! NAS PASSARELAS VOCÊ É O MELHOR, DAITORYO! -berrou ela, tratando de se desculpar pela gafe, Mitsuya rio e fez sinal pra que continuasse. -Mas o pobre garoto recebeu tantos ataques desde que virou bailarino. Mitsuya-sama, ele nasceu para isso! E as pessoas teimam em o atacar por seu gênero.... O desanimam por completo. Acho que o único motivo para que ele não tenha abandonado a dança de vez seja pelo apoio que ele tem na companhia. Entre amigos.

A garota suspirou antes de encerrar, não querendo contar muito sobre a vida do loiro, embora soubesse bem mais que o necessário. Ela preferia que, se Takashi soubesse algo, fosse pelo próprio Sanzu.

-O mundo é cruel, Takashi-sama. Principalmente quando não se tem família que se importe. -disse tentando pferecer um sorriso para o mais ato, que lhe deu seu melhor olhar de compreensão- Se quiser falar com ele, sugiro que vá com calma. Haruchiyo ê um tesouro a ser lapidado com cuidado, uma preciosidade única e sem preço.

Após conduzir a dupla a uma sala reservada, a figurinista os deixou em paz, olhando mortalmente para Hanagaki, que se perguntava que rumo aquela "amizade" entre eles tomou que ele passou a ser alvo dela.

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