Croisé

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-É isso! Estou totalmente condenado. -reclamou Takemichi afundando na cadeira.

As teclas rápidas e movimentos precisos que ele poderia usar não seriam necessários aqui. Takemichi não tinha a menor ideia do que fazer, já que o bailarino já havia visto sua tentativa de comunicação. Ou melhor, a de Takashi. Os dois mais velhos riam de si enquanto observavam as letras que formavam a palavra "Digitando..." subir e descer algumas vezes.

A ansiedade fez Hanagaki voltar aos velhos hábitos de roer as unhas. Ele viu a palavra subir e descer várias vezes antes de desaparecer e o "Online" sumir junto. Era burrice achar que Sanzu responderia.  O meio de tantas mensagens de pretendentes tão melhores que ele, porque ele simplesmente responderia a sua mensagem em específico? Takashi era um tolo de pensar que poderia juntar um casal tão diferente assim. Hagagaki desplugou seu notebook, antes de direcionar um olhar totalmente frustrado para o estilista.

Takemichi estava mesmo magoado. Embora soubesse que não duraria por muito tempo, ele tinha que ser firme. Era a sua vida que foi posta a joguete! A sua intimidade foi exposta um crush comum. Ele sabia que ninguém ficaria por muito tempo consigo. Ninguém nunca ficava. Era uma surpresa que seu relacionamento com o Sano renha durado tanto. Talvez, por pena do loiro pequeno. Takemichi não se julgava merecedor de afeto, carinho ou qualquer tipo de intimidade a dois, afastando toda e qualquer pessoa que tentasse. Mesmo Chifuyu que foi um grande parceiro, ou Angry que era um príncipe. Até mesmo Tachibana que ele jurava ser a única pessoa que seu pequeno coração poderia amar. Todos eles partiram... Por sua culpa ou não, ninguém ficou o suficiente para ver como ele floreceria. Ninguém aguentou o inverno o suficiente, e talvez nunca aguentasse.

Naquele momento, Mitsuya percebeu que talvez tenha ido longe demais na brincadeira. Não era segredo, afinal, que Takemichi tinha problemas de autoestima ou de socializar com pessoas. O loiro era um poço de timidez quando o assunto eram relacionamentos e preferia ir com a calma de uma lesma quando se tratavam deles. Mandar uma mensagem para a sua possível paixão talvez fosse a gota d'água para um estopim de briga entre eles. Mesmo Yasuda lhe olhava com cara de repreensão, oque fez Takashi pensar que nem ela, que não tinha o melhor relacionamento do mundo com Takemichi, faria isso.

-Eu vou pedir desculpas -disse o estilista, tirando os óculos e massageando as têmporas. -Eu só achei que fosse uma boa ideia, sabe?

-E como está a sua vida amorosa, garanhão?! -questionou a designer. Ela sabia que a vida amorosa de Takashi nem sequer era existente pra ele se meter na dos outros -Porque você não liga para Hakkai e marca aquele jantar? Ou vai esperar que eu mande uma mensagem do seu celular pra ele?

Ele mereceu. Com toda a certeza do mundo, Hayashida estava certa. A esposa de Peh apenas se virou antes de fazer uma de suas reverências para ele, como de costume e o deixou sozinho. Takashi pensava em Takemichi, mas a ideia do jantar com Hakkai era agradável aos seus ouvidos. Ele não lembrava a última vez que saiu com alguém, nem quando aceitou um convite para qualquer encontro.

Eram sempre ele e os caras juntos, ou Takemichi e Yasuda. Os programas familiares eram tão parte da sua rotina corrida, que ele nem sequer se lembrava como era estar interessado por alguém. Seu telefone tocou alto e claro, o fazendo pular um pouco. Atendeu ao ver o nome do gêmeo no visor.

-Draken? -perguntou assim que o "Bip" de chamada iniciada encheu a sala e a confusão de vozes também de tornou presente. Ele poderia facilmente distinguir a voz de seus melhores amigos de infância.

-Mitsuya? Estou com os caras -informou o seu eterno vice-comandante. Logo as vozes muito animadas mandaram um oi gritado em seu ouvido, o fazendo afastar do auto falante do celular. -Porque não aparece? Vamos ter uma reunião esse final de semana.

-Da Toman? -perguntou o estilista. Foi como recuperar o fôlego depois de quase de afogar em problemas. Andar de moto, comer e falar besteira, dar e tomar alguns socos na cara... era exatamente isso que estava precisando. Ele consultou sua memória rapidamente em busca de algum compromisso, achando uma reunião de criação que ocuparia completamente seu fim de semana. Takashi gritou internamente antes de continuar a falar com Draken -Desculpa, Ken... eu tenho reunião de criação.

-Qual é?! Até Hakkai vai estar aqui! -informou o vice.

Takashi mordeu o lábio inferior. Hakkai não participava de uma reunião em muito tempo, já que estava sempre ocupado com sua carreira, ou desfilando, tirando fotos e até mesmo aprendendo algumas línguas novas para facilitar sua comunicação fora do Japão. Takashi se lembra de quando o ouviu falar espanhol pela primeira e quase desmaiou. Ele mal teve tempo de responder, quando sua porta explodiu em impacto. Takemichi passou como uma bala por ela e correu pra a mesa de Mitsuya para esfregar o aparelho celular na cara do outro.

-Takemichi?! -gritou Takashi antes de ser acertado na cara com o celular.

-Veja isso! Ele me respondeu! Ele me respondeu! -gritou o loiro, enquanto fazia um dancinha da vitória estranha.

De fato, na mensagem vinham primeiro uma desculpa pela demora e o possível vácuo. Ao que parece, houve algum problema de segurança no teatro e ele e outro bailarino acabaram ficando feridos em um atentado na saída de uma apresentação. Depois de Takemichi surtar mentalmente, ele havia conseguido enviar mensagens racionais, porém quase ilegíveis de tantos erros ortográficos. Mitsuya poderia jurar que ele estava tremendo quando escreveu. Takemichi perguntou se ele estava bem e de ofereceu para levar o bailarino ao hospital, que disse que não precisava, mas se fosse uma oferta de encontro, ele toparia.

-Esse fim de semana! -gritou o oxigenado, ainda dançando estranho. Ele nem notou que Takashi estava falando ao telefone de tamanha alegria.

-Takemichy? -perguntou a voz conhecida. Os dois se viraram instintivamente para o celular, onde o loiro notou que Takashi estava no meio de uma ligação.

-Mikey-kun?!