-Ah, você ainda conhece a minha voz... -e Takemichi conhecia muito bem aquela voz sedutora. -Quanto tempo, Takemichy. - a voz de Mikey do outro lado da linha era preguiçosa e perigosa. Tal qual o "Invencível". Mikey calculou exatamente que tom usar, da maneira de usar é não deixar de fazer a entonação rouca e sussurada que faziam cócegas nos ouvidos do Hanagaki.
-Sim, M-Mikey-kun -gaguejou o loiro, tentando o máximo possível não se mostrar afetado com a simples volta de Mikey para a sua vida.
Takemichi mordeu os lábios para se lembrar que foi Mikey que escolheu o termino. Ele tentou muito, não tinha palavras para dizer e Takashi era testemunha de toda a história do casal. Todos sabiam o quanto Hanagaki se dedicou num relacionamento onde ele não recebia nada em troca. Nem amor. Manjiro Sano foi criado e protegido no meio de uma família amorosa. Diferente dele, tinha irmãos que o amavam e estavam dispostos a matar e morrer por ele. Uma moral inabalável que seus pais haviam lhe dado e confuta invejável que aprendeu com o melhor amigo e com o avô, que o fez homem de verdade.
Mikey decidiu que queria Takemichi, e Mikey sempre tinha o que queria. Ele tentou mais que os outros, passou pretendentes para trás, criou situações e oportunidades inexistentes e inimagináveis. A história deles era como assistir a um gostoso filme de comédia romântica. Mas nada era coincidência com Mikey. Nada era mal planejado. E, como com um novo presente, ele perdeu o interesse depois de conseguir. Foi desgastante observar duas pessoas tão jovens presas uma a outra por um sentimento unilateral. O de Takemichi.
De repente, Mikey estava cancelando compromissos, adiando visitas. Colocando pessoas que ele mal conhecia como prioridade em uma vida onde Takemichi, como namorado, deveria receber um pouco de consideração. Era isso o que ele pensava, apesar de nunca ter cobrado nada do outro. Ele queria que Mikey o visse desistir. Todo mundo viu, menos ele. Todo mundo viu quando Takemichi se cansou de cobrsr o mínimo do namorado, quando Takemichi estava tão desinteressado numa relação que não era nada além de fria.
Depois de algum tempo, não havia mais relação, nem amor, nem raiva. Não havia nada. As cobranças acabaram com um bilhete, que Takemichi deixou no meio da noite, entregando também o uniforme da gangue de motos de Mikey. As cobranças acabaram com Takemichi jogado nos braços de Mitsuya para chorar ou se entregando aos amigos de Mikey. Relacionamentos rápidos e casuais onde ele usava e era usado. Tempo o suficiente para que as pessoas se apaixonassem por sua personalidade doce, seu rosto bonito e sua forma de viver. Sempre alegre, Takemichi ia embora depois que alguém confessava seus sentimentos. Ia embora para evitar se machucar, para evitar sentir e pra quebrar o próximo coração.
Mikey continuou o mesmo. Mas agora ele realmente sentia que gostava de Takemichi. Dando sempre valor as coisas quando perdia, Mikey chorou ao receber o bilhete e o uniforme. Chorou na primeira noite sem ele, e nas próximas semanas, nos próximos meses... Teria que admitir, ele chorava ainda agora. As vezes era ruim não ter a quem contar suas vitórias ou vantagens. Não era legal não ter alguém leal que estaria lhe ouvindo sempre, nem alguém bom o suficiente para que ele não se sentisse minimamente um lixo.
Antes mesmo de ser seu namorado, Hanagaki foi seu amigo. E agora ele mal sabia em que situação o outro estava. As pessoas escondiam ele de si, como se Mikey fosse subir na moto o se arrastar até o ex-namorado e fazer uma cena patética. Ele só sentia vontade de fazer isso quando estava bêbado.
-Você sabe... está tudo bem? -perguntou o, agora, moreno do outro lado da linha. Takemichi tremia externa e internamente só de estar falando com ele, e Mikey não estava muito melhor. Apenas ignorando completamente os gritos dos amigos do outro lado da linha.
-Está sim, Mikey-kun. -respondeu ele. Takemichi não poderia fraquejar na frente do ex. Não faria isso agora e nem nunca.
Mitsuya fazia gestos de quem poderia se matar ali mesmo. Como foi burro! Sabia que Ken colocou o celular no viva voz para que os rapazes acabassem por convencer o estilista a ir com eles, mas não esperava que o furacão Hanagaki invadisse a sua sala tão rápido a ponto de ele nem conseguir desligar. Ele também sabia que Mithy ainda não queria e nem conseguia ter uma boa convivência com o ex-namorado infantil.
-Oi, Takemichy! -chamou a voz grossa de Draken. A pequena interferência e barulhos do outro lado da linha, além de gritos de protesto, indicavam que ele havia arrancado o telefone de Manjiro. -Quanto tempo?! Porque não nos ajuda a trazer Takashi para a reunião e vem também? Afinal, você é um Toman!
-Eu... Eu devolvi o uniforme, Draken-kun. -disse Takemichi. Ele gostava tanto de Ken que cederia a qualquer coisa que ele pedisse. Era como sempre poder contar com um irmão mais velho
-Eu mando para você. -disse o mais velho, arrumando uma solução. Takemichi poderia jurar que ele faria isso com qualquer desculpa que ele tentasse arrumar. -Por favor, Takemichy? Você é um dos nossos capitães!
-Fui um temporário. -rebate o oxigenado.
-Ainda é um Toman! E saiu antes que pudéssemos nomear capitão da Sexta! -gritou Baji nos ouvidos de Draken.
A confusão que se seguiu fez Takemichi cair em nostalgia. Seus amigos sempre se estapeando, ele intervindo ou rindo dos motivos bobos que os faziam sempre estar em pé de guerra. Se pudesse, ele nunca teria se afastado de Draken, que o cuidava como ninguém. De Baji, que apesar de bruto, era um bom com animais e estava pronto para se sacrificar por um amigo. De Pah, mesmo com neurônios a menos, ele era leal e confiável. Nem de Kazutora que, mesmo com sua aparência má de bad boy, ele era sensível e companheiro de todos.
-Tudo bem...- cedeu Takemichi. Ele poderia se arrepender daquela decisão, mas hoje não iria.
-Ótimo! -disse Draken enquanto os outros comemoravam -Vou manter Mikey e seu grude longe de você. -sussurou ele no telefone, que caisou uma risadinha em Mitsuya e Hanagaki -Traga seu encontro! Vai ser maravilhoso ter mais um membro para Toman! Bem-vindo de volta, Takemichy.
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Croisé
Fanfiction"E 5, 6, 7 e 8..." A contagem que sucedia das mais variadas artes, era comum com a dança. No ballet, a contagem significava seus últimos momentos antes de se encaixar totalmente na perfeição e leveza. Era a contagem de segundos que tinha para que p...