A Roda Gigante

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BRIAN

Meu dia foi super corrido. Assinei alguns documentos, confirmei alguns eventos e meus representantes entraram em contato com o pessoal de Las Vegas para combinarem os últimos detalhes.
Eu estava ansioso naquele dia. Sempre que eu viajava, ficava ansioso com o avião, com as pessoas sentadas ao meu redor, com as coisas que precisava fazer e todo o resto.
Por sorte, a Angelique não iria viajar comigo e o voo dela seria no dia seguinte, o que significava que eu poderia viajar tranquilo.
Despachei as malas e comi alguma coisa para pegar o meu voo que estava marcado para 15h22.
No mais, a viagem foi super tranquila e rápida. Perto das 17h o avião pousou na pista e fui recebido pela equipe de assistência. Segui para o hotel e depois me dirigi ao local onde seria a comitiva, que começaria às 18h e o show se iniciaria no dia seguinte, às 20h.
Eu ainda estava ansioso, pois era a minha época preferida do ano: o Halloween. Todos estariam mascarados e fantasiados, o que para mim era a minha realidade. Eu gostava de sentir que estava em um parque de diversões ou um filme de terror.
Naquela data, eu sabia que não seria julgado por nenhuma atitude e ninguém olharia com espanto para o meu visual, além de eu poder circular livremente.
Conferi o som, levei os instrumentos que precisava, brinquedos, máscaras, cabos, arrumei tudo com a equipe de som e voltei ao hotel para me arrumar.
Na comitiva, eu dançaria "Thriller" do Michael Jackson vestido de Jack, um personagem caveira que eu gostava, do diretor de cinema e roteirista, Tim Burton. Minhas vestes eram escuras, idênticas às do personagem e a máscara que eu usava parecia a cabeça dele.
Às 18h fomos ao ar e a festa de Halloween foi anunciada para se iniciar em um parque de diversões com a temática de terror.
O encarte das bandas foi lido para todos os que estivessem acompanhando a televisão e a rádio.
Entrei no palco e tocou "Thriller". Fiz a minha performance, sendo aclamado pelo público ouvinte.
Em seguida, anunciaram os brindes para o final da primeira noite e quais bandas tocariam no primeiro dia do festival.
Voltei para o The Venetian Hotel e estava tão cansado que dormi.
No dia seguinte, minha ansiedade aumentava a cada hora que se passava... eu queria vê-la.
Sentei na cama para tocar alguma melodia que estivesse na minha mente e depois me arrumei para o evento.
Coloquei um macacão azul semelhante ao do Michael Myers, a máscara branca e o balde branco. Peguei a guitarra e esperei pelo elevador, andando apressado até a recepção.
Eu precisava chegar cedo no evento, então entreguei um envelope na recepção, para que ele fosse entregue no quarto da Angelique.

Preciso chegar mais cedo no evento. Podemos nos encontrar perto da roda gigante.

Atenciosamente, B.

Andei apressadamente até a entrada do hotel, onde alguns táxis ficavam parados.
-Ei, aquele não é o Buckethead? - perguntou Nancy, que me viu de relance.
-Acho que era ele, mas agora não temos carona. - continuou Thomas.
-Bom, vamos pegar um metrô. - disse Aelden e todos se dirigiram para a festa.
Tudo estava animado! As bandas entraram no palco e o público delirava! Enquanto eu observava o parque temático, a banda do Aelden chegou.
-E aí, cara! - disse ele, estendendo a mão para me cumprimentar. Retribuí o aperto de mão.
Cumprimentei a todos com um aceno e notei que as mulheres estavam lindas, vestidas de diabinhas e bruxas.
-Onde está a Angelique, Bucket? – perguntou Stela, com um sorriso malicioso no rosto.
-Não sei. – respondi secamente.
Percebi que o cenário do evento estava perfeito: escuro, com algumas luzes em candelabros, luzes vermelhas e letreiros por toda parte, cercados por esqueletos e cabeças penduradas em estacas.
Parecia que estávamos em um cemitério de zumbis. Algumas pessoas estavam vestidas como zumbis e outras como caveiras, demônios, bruxas, vampiros, etc.
Eu estava realmente animado! Eu ia fazer aquele show e poderia aproveitar todos os brinquedos!
Voltei ao palco e depois de afinar a guitarra, o show começou. Fui o primeiro a subir no palco, tocando "Welcome to Bucketheadland", "Siege Engine", "Soothsayer" e outras músicas, além das danças robóticas.
Aproveitei cada segundo, segurando a guitarra para que meus fãs pudessem tocar nela e jogando brinquedos para o público. Eles assobiaram e bateram palmas. Alguns deles estavam vestidos como eu, o que me deixou feliz e com a sensação de ter realizado um dos maiores sonhos da minha vida.
Sentir a energia do palco foi surreal... As luzes direcionadas para mim, os cabos espalhados pelo chão e apenas o som da guitarra ecoando no volume mais alto. Sem dúvida, era o meu mundo.
Depois do show, conversei rapidamente com o meu assistente e, depois de organizar todas as minhas coisas, guardei a guitarra.
Meu coração batia forte no peito, não só pela emoção de ter feito um show de Halloween, mas também por saber que ela estaria ali, ao lado da roda gigante.
Aproximei-me cada vez mais do nosso encontro e ao longe, atrás da roda gigante, Angelique estava lá, deslumbrante...
Ela estava mais linda do que nunca, encarnando um ser celestial das moradas eternas com aquelas asinhas de anjinho, além da auréola em sua cabeça...
Usava um vestido branco, curto e justo, e seu busto estava levemente pressionado por linhas de ferro, o que elevou seus seios. Também notei uma meia branca e sexy.
O cheiro do perfume dela me atraiu de uma forma estranha... Senti outro arrepio e abracei meus próprios braços, como se estivesse sentindo frio. Por que eu sentia isso?
-Brian... – ela sorriu ao me ver, assim como fazia em todas as vezes que me encontrava. Porém, dessa vez ela estava um pouco mais tímida.
Aproximei-me dela, tentando captar o aroma do seu perfume e guardar na minha memória. Eu queria dizer o quanto ela estava deslumbrante, mas todas as minhas palavras pareciam estarem presas na minha língua. Eu não conseguia dizer nada, a não ser ficar ali, admirando-a, como um bobo.
-Você viu os brinquedos que tem aqui no parque? – ela perguntou, olhando em volta.
-Sim... – respondi com a voz um pouco arrastada.
-Quer ir em algum?
-Ah... bem... tem uma pista de dança de karaokê japonês.
Aquele jogo poderia ser jogado em um modo de dupla ou em um modo para um jogador. O jogador que vencesse ganharia tickets que poderiam ser trocados por prêmios a qualquer momento.
Angelique se animou e me propôs um acordo:
-Se eu ganhar, você vai ficar com a minha auréola e eu com o seu balde. Você aceita?
Por dentro, sorri e assenti.
Um pouco eufórico, eu disse:
-Se eu ganhar, você me acompanha no trem fantasma. Você aceita?
Ela sorriu, fechando os olhos e aceitou. Bom, eu não estava disposto a perder, então fomos nos aproximando do jogo e anunciaram:
-Buckethead vai jogar agora! Abram espaço!
Subimos no brinquedo e deixei que ela escolhesse uma música. Ela escolheu "Phantom".
A música começou e todos começaram a gritar, eufóricos, enquanto pisávamos nas setas coloridas no chão.
A cada pulo que ela dava, seu vestido subia um pouco, revelando parte daquelas meias e até da sua calcinha.
Tente se concentrar! Repeti inúmeras vezes na minha mente.
Vários assobios eram direcionados a ela e eu já sabia a causa disso.
Ríamos sem parar enquanto duelávamos e apesar de ela dançar muito bem, perdeu algumas setas. Já eu, por ser ágil e alto, conseguia pisar em todas com facilidade.
Meu balde voou e eu não me importei, pois estava tão concentrado no jogo. Os fãs gritavam sem parar e nós girávamos, pisávamos nas setas e ela se segurava um pouco no ferro que estava atrás de nós.
O grupo do Aelden observava espantado para a nossa diversão.
-Cara... que vista! - gritou Aelden, sendo agredido por Stela.
-Calma, gata! Que estresse é esse? - ele perguntou em tom de deboche, rindo.
Próximo a eles estava Alex, vestido de Darth Vader. Porém, ninguém notou. Ele observava aquilo tudo com bastante ódio e um copo de vodka na mão.
Quando a música terminou, Angelique propôs mais uma revanche e colocou "Disco Bus".
Continuamos a dançar, imitando todos os passos dos personagens na tela do brinquedo.
Empate? Por dentro da máscara eu estava vermelho de tanto rir. Angelique também estava, além do enorme sorriso direcionado a mim.
Dancei com três fãs e no final, outro fã me devolveu o meu balde. Coloquei o balde na cabeça da Angelique e me curvei para que ela colocasse a auréola em mim.
Seguimos para o trem fantasma, sendo perseguidos discretamente pelo Darth Vader.

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