14. Aquela Playlist

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O advogado Minos Andvik tinha um hobby peculiar, ele gostava de escrever livros de poemas autorais e ilustrá-los manualmente. Minos gostava de coisas à moda antiga, e por isso, o mais perto de tecnológico que o acompanha em suas escapadas para escrever era uma caixinha de som e um pendrive contendo a sua preciosa playlist de músicas românticas. Minos acreditava que aquela playlist era única e que gosto como o seu não era se via mais hoje em dia por aí, portanto, encontrar alguém que gostasse de escutar as mesmas músicas só podia ser destino, ou muita coincidência.

Sempre que podia, Minos Andvik fugia do escritório levando nada além de um caderno de brochura para fazer rascunhos, o caderno oficial — um daqueles caríssimos de capa dura, com folhas de alta gramatura, geralmente recicladas e de coloração mais r...

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Sempre que podia, Minos Andvik fugia do escritório levando nada além de um caderno de brochura para fazer rascunhos, o caderno oficial — um daqueles caríssimos de capa dura, com folhas de alta gramatura, geralmente recicladas e de coloração mais rústica e capa com acabamento em couro legítimo — lapiseira, canetas-tinteiro, uma caixinha de som e o pendrive com sua playlist, e para carregar esse pequeno arsenal, nada como uma prática na bolsa estilo carteiro.

Quando não estava trabalhando ou brincando com as filhas, o advogado costumava escrever livretos artesanais de poemas, que no fim jamais publicaria, mas que os tinha aos montes enfeitando algumas prateleiras de sua biblioteca. Verdade seja dita, obras-primas! Todos recheados com belos versos e algumas ilustrações surrealistas. Os poucos que tinham a honra de ver os preciosos livros na biblioteca particular dos Andvik custavam acreditar que aquilo fosse de fato obra de Minos, aquela letra tão bonita parecia ser incompatível com o homem de aparência exótica e ar relaxado, mas bem, todos os Andviks tinham caligrafia impecável, afinal todos foram igualmente forçados a praticar caligrafia na infância, porém apenas Minos ganhou gosto por desenhar letras, e assim o martírio da época de criança acabou se tornando um hobby, e era por isso que, sempre que podia, Minos vestia algo casual, colocava seus materiais na bolsa e saía para caminhar à procura de um lugar tranquilo ao ar livre onde poderia se sentar e se pôr a escrever.

Tudo na vida de Minos começava cedo demais e às vezes acabava antes do que deveria... Então, aproveitar o intervalo entre os acontecimentos era algo precioso para o todo-poderoso sócio majoritário da Andvik & Blix Advogados. Minos gostava de coisas à moda antiga como escrever com canetas de pena, fazer seus próprios afazeres domésticos, comer comida caseira e a única coisa mais ou menos tecnológica que o acompanhava era uma caixinha de som e um pendrive contendo a sua preciosa playlist de músicas românticas. Minos acreditava que aquela playlist era única e que gosto como o seu não era se via mais hoje em dia por aí, e bem, talvez ele tivesse um pouco de razão, visto que apenas Radamanthys tinha um gosto para música mais exotico do que o seu.

Naquele dia, a rotina tinha sido a mesma dos últimos dias deste mês, e as coisas estavam mais calmas no escritório, e Minos pôde escapar mais cedo e ter um tempinho para si antes de voltar para casa e para suas princesas, porém, quando chegou a sua casa depois de mais uma sessão de escrita ao ar livre, notou que algo estava faltando: o bendito pendrive.

— Mais que merda! — Minos praguejou.

E prontamente recebeu uma bronca de Erika, sua primogênita:

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