15. Quanto mais eu rezo...

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Ver o sobrenatural era algo super natural na vida de Dégel Chevalier, educado para ser um padre exorcista, tudo que o jovem religioso desejava era rezar em paz, mas desta vez se livrar de um certo espírito se mostrou muito mais difícil do que todas as outras experiências na sua vida religiosa, pois quanto mais ele rezava mais a tentação ganhava corpo.


  Depois de diversos acidentes, relatos de aparições fantasmagóricas, e do número cada vez menor de candidatos a novos recrutas, da enorme pilha de pedidos de dispensa e/ou transferência, sem contar os índices alarmantes de deserção, o então Tenen...

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  Depois de diversos acidentes, relatos de aparições fantasmagóricas, e do número cada vez menor de candidatos a novos recrutas, da enorme pilha de pedidos de dispensa e/ou transferência, sem contar os índices alarmantes de deserção, o então Tenente-coronel Sage, decidiu pôr o orgulho e o ceticismo de lado e buscar ajuda espiritual para livrar o batalhão dos incômodos rumores que vinha se espalhando pela cidade e região. Só os íntimos sabiam o quanto era difícil para Dohko, que não acreditava em nada que a ciência não pudesse explicar, recorrer à ajuda de um padre exorcista para acalmar os ânimos dos poucos e bravos soldados remanescentes no Forte do Castelo, mas ou era isso ou a fama de batalhão mal-assombrado levaria o outrora maior batalhão do regimento ao colapso por falta de soldados.

Nem sempre aquele lugar foi assim...

Alguns anos atrás, pertencer aquele regimento era um sonho alcançado por poucos e seletos jovens talentosos, todos os anos pouquíssimas vagas eram abertas e o nível de exigências dos exames era altíssimo. Mas esse cenário começou a mudar naquele 11 de janeiro de 1953...

Receber os novatos com trotes e brincadeiras de cunho duvidoso era um hábito no 56° batalhão de fuzileiros, até que em meio a um dos trotes algo saiu muito errado.

Não era necessário ter muita imaginação para criar histórias assustadoras ambientadas no Forte do Castelo, na Baía dos escorpiões, bastava retratar fidedignamente o que os olhos viam e já se tinha um cenário digno de contos fantasmagóricos.

A construção com mais de 350 anos erguida com mão de obra escrava, em pedras, cal e óleo de baleia, sangue e suor por se só já causava arrepios, não por ser feia aos olhos, longe disso, mas por toda a atmosfera sufocante que criava pelo simples fato de estar ali, erguida sobre dezenas, quiçá centenas de vidas perdidas no período colonial. A imponente construção se armava soberba a beira do precipício encarando o horizonte azul, no entanto, nem mesmo a visão do mar confinado pela mãe natureza naquela baía deixava o ambiente menos sufocante, ao contrário, contribui com o barulho, às vezes perturbador, do vento que sempre soprava como um murmúrio lamentoso que invadia os corredores estreitos do castelo construído inicialmente para abrigar condenados da nobreza ao exílio com um mínimo de dignidade, mas que com o passar dos anos tornou-se um ponto de apoio e observação das tropas imperiais.

Os canhões enferrujando há muito não disparavam uma única bala, salvo os três primeiros que sempre eram acionados em datas comemorativas apontavam sempre para a linha do horizonte sobre a mutreta de pedras banhadas de cal. Ali, muitos veteranos costumavam a pendurar vestes femininas para assustar os desavisados que, em suas rondas, quase infartaram ao ver as silhuetas decapitadas em seus longos vestidos brancos e esvoaçantes.

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