Por mais que estivesse feliz ao lado de Camus, Milo tinha dentro de si a certeza de que só sentirá completo quando puder ter um filho correndo por aquele espaçoso apartamento, no entanto, suas esperanças de ser pai estão minguando dia após dia, e lidar com a frustração de querer e não poder não está sendo fácil. Já Camus, por ser mais pragmático, enxerga o problema de modo diferente e até tem uma solução simples e efetiva para suprir a necessidade de Milo, no entanto, como convencê-lo de que um filho de coração pode amar e ser amado da mesma forma como um filho de sangue?
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— Está rindo de quê? — Camus perguntou tão logo adentrou a sala e viu Milo sentando no sofá com aquele sorriso bobo estampado na cara.
— Nada em especial, só estava me lembrando de quando a gente se conheceu.
— Então está rindo porque se lembrou da cantada barata que você me deu?
— Ah, nem foi tão ruim assim, afinal, aquela "cantada barata" rendeu a nós dois momentos de pura alegria, não acha? Mesmo sendo diferentes em todos os aspectos, principalmente quando o assunto é estilos musicais, Raffa Torres foi o nosso ponto de intersecção. E mesmo que você continue a detestar música popular, os versos que eu transformei numa "cantada fútil" foram o início de uma relação saudável e regada de felicidade.
Camus meneou a cabeça e concordou por fim sentando-se no sofá junto a Milo.
— E depois veio o pedido de namoro no primeiro encontro — Camus comentou ainda mantendo o ar de reprovação pela precipitação do agora atual marido.
— E o primeiro fora — Milo acrescentou com uma pontinha de veneno típica de um escorpiano raiz.
— E como poderia ser diferente? No primeiro encontro Milo! Quem pede alguém em namoro logo no primeiro encontro?
— Eu pedi, oras! Eu sabia que tinha que ser você a pessoa certa para mim.
— Às vezes ainda me questiono como eu pude acabar aceitando tão rapidamente ser seu namorado no fim — Camus murmurou falsamente arrependido.
— Rapidamente? Mas você só respondeu dois meses depois do primeiro pedido! Dois meses inteiros, Camus!
— Ainda foi rápido para os meus padrões...
— Só se for mesmo para os seus padrões. E pensando sobre isso, ainda bem que pelo menos o noivado veio rápido. Lembra? Você queria um namoro longo e um ano inteiro só de noivado!
— Eu não gosto de fazer nada com pressa... Qual o problema de querer planejar tudo com calma?
— Nenhum, mas eu não estava errado quando disse que a gente poderia casar em um ano. Deu certo não deu?
— Milagrosamente — Camus respondeu lembrando-se da correria que foi o noivado depois de apenas um ano de namoro, e do casamento organizado em exatos três meses.
