Capítulo 1

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Eu tinha pouco tempo para completar minha missão sem que ninguém notasse minha presença, afinal é de conhecimento geral que é impossível ter privacidade em uma casa lotada de escoceses. Ok, minha casa não é lotada de escoceses, mas todos sabem que os Fraser's não conhecem limites quando se trata de saber da vida dos membros da família. Mas vamos voltar a minha missão e depois os atualizo sobre como minha família gosta de se intrometer em tudo o que eu faço.

Estava faltando apenas dois dias para a minha grande viagem, a viagem que eu e minhas amigas estávamos planejando desde o primeiro ano de High School. Todas tinham sido aceitas em universidades ao redor do mundo e aquela viagem seria a última grande aventura antes do nosso grupo se separar. Pareço muito dramática? Mas vou falar o que? Sou escocesa e intensa! Culpo sempre os meus pais, mesmo que minha mãe seja uma Sassenach (não me levem a mal, escuto esse termo desde que aprendi a falar, é o apelido carinhoso do meu pai para a minha mãe e nunca achei ofensivo. Aliás acho até um pouco enjoativo esse romance entre os dois por mais de 20 anos...). E me desviei totalmente do que estava falando inicialmente. Já falei que culpo minhas origens por não conseguir explicar nada em poucas palavras?

Como estava explicando anteriormente, eu e minhas amigas decidimos fazer uma viagem que originalmente seria um mochilão pela Europa, mas que foi gradualmente modificada para uma viagem de custo não tão alto por alguns países europeus. Nossos pais foram totalmente contra viajarmos com pouco dinheiro, uma mochila nas costas e nos aventurando em hostels pelo continente. Não quero que falem que somos mimadas, mas no fundo não achamos ruim os nossos pais terem feito reservas e comprado passagens mais confortáveis do que inicialmente pensamos. Tudo em nome da segurança, certo?

Apesar de todos os detalhes já estarem organizados, ainda tinha que fazer uma mala que fosse compacta para carregar sozinha por todos os lugares que iríamos passar, mas que mesmo assim coubesse todas as roupas que queria usar para tirar selfies perfeitas nos cenários maravilhosos da Europa. O que querem que eu diga? Sou apenas uma adolescente de 18 anos desesperada por ser um pouco mais conhecida do que apenas a filha do ex-jogador de rugby da seleção escocesa. Sim meus amigos, meu pai é um ídolo nacional e por sorte ou azar, sou a cópia dele. Como minha mãe sempre diz, ela aguentou a gravidez inteira para nascer uma filha que não tem nada dela. Meu pai tem uma opinião diferente, já que acha que herdei a teimosia e atração por sempre estar em situações perigosas da minha mãe. Acho que ao decorrer dessa história vocês poderão descobrir quem está mais certo.

Ah, acho que tenho que falar que herdei mais que a aparência do meu pai. Tenho um problema para contar histórias. Nunca consigo ser objetiva e acho que irão notar isso também quando conhecerem meu pai. Mas agora estava sozinha no quarto dos meus pais em busca da mala perfeita para a minha viagem. Sabia que minha mãe tinha escondido em seu closet sua grande preciosidade: um exemplar exclusivo da Louis Vuitton que tinha gravado suas iniciais. Meu pai havia dado essa mala quando eles se casaram e ela guardava com todo o cuidado em algum compartimento secreto para ninguém achar. No caso ninguém era sua filha mais velha, eu, que era louca para usar e por alguns dias fingir que meu nome começava com C e que as iniciais gravadas nela eram pra mim.

Sabia que estava fazendo algo perigoso, sabia que minha mãe era a louca da organização, pelo menos com suas coisas, pois a casa quem arrumava era meu pai. Mas como falava, era algo perigoso invadir o closet de Claire Fraser, neurocirurgiã mais renomada de Glasgow em busca de algo que ela já havia afirmado que não emprestaria para eu me exibir para as minhas amigas e não ter cuidado nenhum como com todas as poucas coisas que ela me emprestava. Em minha defesa, a única coisa que havia perdido até hoje foi um dos brincos de pérola da minha mãe. Nada grandioso, tirando o fato de que ela havia herdado da minha avó, Ellen Fraser. Mas ela poderia ter contado isso antes de me emprestar, aliás, nem deveria ter emprestado para uma garota de 16 anos no dia de sua festa de aniversário. Eu era totalmente irresponsável naquela época...sou totalmente diferente agora e por isso acho que tenho direito de pegar emprestado a mala da minha mãe. Ainda mais depois de pegá-la escondida enquanto minha mãe está de plantão e só revelar o que eu fiz no dia da viagem quando estiver indo para o aeroporto.

How I Met Your MotherOnde histórias criam vida. Descubra agora