Capítulo 25 - Inocente.

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A corrente de Jordana ficou comigo e enquanto aguardava na joalheria para que consertassem
o fecho, meu pai me ligou dizendo que minha mãe iria fazer algo de que gosto muito para o
almoço, já até imagino o que seja, só minha mãe faz o melhor camarão na moranga do
mundo, não iria perder de jeito nenhum.
— Desde que chegou da floresta, hoje é o primeiro dia que vejo você com o riso solto.
— Estou feliz, minha rainha!
— Tem algo a ver com a garota misteriosa? — quis saber minha mãe.
— Sim, tem a ver com ela.
— Quando vai trazê-la para nos conhecer? Desde Laura não trouxe ninguém.
— Vocês já a viram na televisão.
— Uau, ela é famosa?
— Sabia que diria isso. — minha vontade era de gargalhar, queria poder gravar a expressão
no rosto dela quando eu falar. Hoje estou tranquilo para falar de Jordana com eles, porque sei
que logo tudo isso vai ser resolvido.
— A garota misteriosa caiu do céu diretamente pra mim. — queria aumentar a curiosidade
nela.
— Nossa! Que lindo, filho! — dizia minha mãe colocando uma travessa de arroz na mesa ,
enquanto eu e meu pai a Seguíamos com o restante da comida e sim, era camarão na moranga.
— Ela se chama Jordana!
— Jordana? É alguma nova atriz, cantora, jornalista?
— Não, mãe. É a policial foragida. — queria gravar a maneira como ela me olhou, na verdade
fiquei com dó e logo falei que Jordana era inocente.
— Inocente? Carlos esse menino está cego, enlouqueceu na floresta, você não diz nada?
— Você só pode estar brincando não é mesmo, filho? Não faça esse tipo de coisa com sua
mãe.
— Não estou brincando, pai. É sério! Assistam o jornal de hoje! — falei o mesmo que
Alexandre me falou. —Agora todos saberão a verdade.
Nosso horário de almoço era justo o horário de vários telejornais. Liguei a televisão na sala de
jantar, não costumávamos comer e assistir, mas hoje faríamos uma exceção, mudando de um
canal a outro até que enfim, de fato já estava no noticiário falando do caso. O jornalista falava
de uma grande reviravolta no caso do assassinato de Thalita Coimbra e então mostravam
trecho do áudio do senhor Manoel e agora havia também imagens da câmera que Alexandre
havia comentado, não restavam dúvidas, não havia mais como acusarem Jordana, queria
poder falar isso pra ela, dizer que já poderia voltar a fazer planos, ouvir música e dar uma
chance pra mim, pra nós.
Haviam gravado também a operação em comboio indo efetuar a prisão dos colegas de
Jordana, também foram prender o dono Antoni Sandoval e seu irmão e superior imediato,
Freddy Sandoval. Alexandre deu novamente entrevista e com toda certeza ficou com o mérito
e reconhecimento pelo caso resolvido, não que isso me incomodasse, ele foi corajoso em
enfrentar e defendê-la quando tudo levava a crer do contrário. Apenas quero que Jordana
saiba que eu fiz tudo que podia para solucionar isso também.
— Pobre moça! — disse minha mãe.
— De quem está falando? Da Thalita?
— Da Jordana, Vitor. A Thalita se foi, agora ao menos a família vê a justiça sendo feita, mas
a Jordana deve ter sofrido muito com tudo isso.
— Sim, sofreu. Ainda esta sofrendo, ela não tem como saber essas notícias ainda.
— Mas como essa moça foi parar justo onde você estava? — meu pai perguntou.
— Sofreu um acidente com a ultraleve em que estava. Eu a ajudei.
— Ela se feriu muito?
— Sim, mãe, muito, inicialmente ficou desacordada, delirava muito quando acordava, não
tinha condições de andar, confesso que senti medo de que ela morresse ali nas minhas mãos.
— Meu Pai Amado! — pobre moça. — repetiu ela.
— Quero ir falar com ela o quanto antes.
— Quando?
— Vou sair essa madrugada, assim chego lá antes do meio dia. Queria ir agora, mas chegaria
lá no meio da noite, por isso vou esperar.
Agora que ao menos o assassinato estava resolvido, as demais coisas iriam se encaixando,
com o dono da smart plan preso, os experimentos com a substância parariam também. A
ansiedade de poder estar logo com Jordana para dar as notícias estavam me deixando maluco.
Minha mãe queria vir comigo, mas devido a comunidade não gostar de exposição, disse que
voltaria com ela para apresentá-la, não sei porquê disse algo assim, não sei se ela vai querer
manter contato comigo ainda que tudo esteja solucionado, mas já havia falado e pronto, me
preocupo com isso depois.
Quando cheguei da casa dos meus pais gravei as músicas que havíamos dançando e mais
algumas num pendrive, desde que voltei pra cidade tenho escutado todos os dias essas
músicas, sempre os casais tem alguma música e ainda que a gente possa não vir a ser um,
preciso confessar pra mim mesmo que nunca senti por nenhuma mulher o que sinto por
Jordana.
Gravei também parte da reportagem para mostrar a ela, verifiquei mais uma vez se a pequena
e delicada caixa que havia comprado especialmente para pôr o colar já com o fecho arrumado
estava na mochila.
As 05h00min da manhã já estava saindo da garagem no meu prédio. Provavelmente as
09h00min já estaria com ela caso não houvesse nenhum contratempo.
— Estaria com ela. — repeti em voz alta.
Quando nos vimos pela última vez era uma incógnita se nós veríamos novamente e se sim,
depois de quanto tempo, apesar de que tinha receio que durasse mais de ano, esses três meses
não foram fáceis, não contei pra ninguém como me sentia, mas por dentro me consumia a
falta dela.
Já não faltava muito para chegar e à medida que ia me aproximando meu coração ia
acelerando também. Quando cheguei à porteira e saltei para abrir vinha vindo o carro da
comunidade. Era Jackson e mais um rapaz que se parecia muito a ele, certamente seu irmão.
Disse-me que estavam todos lá. A verdade é que só me interessava saber dela, o que estaria
fazendo? Da porteira a casa deveria dar uns dois quilômetros e lá estava ela, sentada num
gramado com Marcy e mais uma garota, Marcy permanecia olhando o carro, enquanto
Jordana permanecia de costas.

A ForagidaOnde histórias criam vida. Descubra agora