Capítulo 5 - Criminosa?

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Acordei várias vezes pela noite, essa foi uma das noites mais longa e dolorosa da minha vida.
Parecia que havia levado uma grande surra, sentia muita sede, ele umedecia um pano e colocava em minha testa e nos pulsos. Não sabia quem era ele e o fato de estar delirando piorava, estava tudo confuso, não sabia onde estava e não tinha controle sobre mim.
— Onde está Marcy? O que está acontecendo? Estou morrendo?

— Espero que não, farei o que puder para que fique bem.

Creio que está última pergunta não ficou apenas em meus pensamentos e devaneios, pois pude ouvir sua resposta.
Apesar de sentir muita dor em cada célula do meu corpo, não conseguia ficar parada, era como se tivesse a necessidade de espichar meu corpo espreguiçando e movimentar a cabeça
para ambos os lados, como me sentia mal.

— Meu namorado é mais forte que você.— não sei porque eu disse isso, mas talvez por medo de que ele fizesse algo ruim comigo.

— Ah, não brinca! Poxa vida, agora fiquei triste.

Parece que o vi sorrir.

—Tem hospital? — falei por fim, ainda delirando certamente.

— Aqui não e estamos longe, mas tenta descansar, logo se sentirá melhor.
De fato creio que em seguida adormeci uma e outra vez, acordando e voltando a dormir.

Ele me trouxe água e remédios em uma das vezes em que despertei, ansiava pela manhã, tinha a impressão de que todas as dores pioravam pela noite.

— Como se sente? — perguntou- me ele novamente pela manhã.

— Nem sei dizer onde dói mais. Obrigada por cuidar de mim. — disse realmente agradecida.

— Não por isso e seu namorado forte onde está?

Fiquei sem saber do que ele estava falando. Diante da minha confusão ele novamente perguntou e falou que eu havia falado isso.

— Não me lembro, não sei. — não desmenti, deixa ele pensar que tenho alguém para procurar por mim.

— E quem é Marcy?

Surpreendeu-me aquela outra pergunta. Não me lembro de também haver falado sobre minha irmã com ele.

— Por quê?

— Você chamou por ela diversas vezes.

— É minha irmã, estava indo me encontrar com ela.

— Voando pela floresta?

— Sim!

— Escuta, vocês são foragidas? Fizeram algo ilegal?

— Não, claro que não!

— Olha, nem quero saber o que fizeram, só quero paz, não é a toa que dei um tempo de  tudo para viver no meio da floresta, sozinho.

— Não cometi nenhum crime e se não se importa, minha cabeça dói muito para ser interrogada a essa hora e fique tranquilo, assim que minha perna estiver melhor, te deixo novamente sozinho. — queria parar com o rumo daquela conversa, apesar dele estar sendo maravilhoso em ajudar-me, acabara de conhecê-lo, não sabia se poderia confiar nele.

— Desculpe! Apenas não quero problemas.

— Não terá. — entendo o receio dele e apesar de ser chato que ele tenha levantado suposições desse tipo, não deixa de ser divertido. Nunca na vida alguém se atreveu a dizer algo assim, justo pra mim, sempre certinha em tudo.

Marcy sempre fazia questão de me chamar de caxias cada vez que me apresentava a alguém.
Mais ou menos assim: essa é minha irmãzinha caxias. Como se aquilo fosse um sinônimo para me definir, não me incomodava em absoluto, sempre cumpria com rigor minhas
obrigações, pensar nisso, nesse momento era frustrante.

As experiências no ramo de inteligência artificial subiram a cabeça do Antoni Sandoval e ele
fez a cabeça do seu irmão Freddy, meu superior imediato, que não teve nenhuma consideração em nos oferecer como cobaia humana.

— Vou sair em busca de alimento. — a voz de Vitor me trouxe de volta a literalmente dolorosa realidade. — Faz um dia bonito, pena que da maneira que está é melhor que não se
mova.

— Mas eu gostaria de tentar.

— Ir lá pra fora?

— Isso.

— Me deixa improvisar uma cama e te levo, apesar de que lá tem rede, acredito que quanto menos movimento será melhor.

Ele demorou um pouco, entrou e pegou um colchonete e
logo voltou pra me buscar.

— Quer ir agora?

— Quero, por favor! — apesar de toda dor, queria situar- me do lugar em que estava.

Vitor com todo cuidado me pegou nos braços sem muita dificuldade, ele era um homem à la Can Yaman, forte, alto e porque não dizer, ou melhor pensar, incrivelmente bonito. Ao sair
não pude acreditar no que via.

—Não acredito que foi capaz de fazer a cabana aqui.

Ele apenas sorriu satisfeito diante da minha admiração.

— Estou encantada! E nem sou do tipo que me deslumbro facilmente.

A ForagidaOnde histórias criam vida. Descubra agora