Quando anoiteceu, foi com um vento frio e um céu escuro e nublado. Eles atiçaram a fogueira para se aquecer e o cheiro de pinho encheu o ar ao redor deles. Logo Clarke estava esfregando os braços e se aproximando do fogo, a noite ficando inesperadamente mais fria.
Lexa assistiu.
– Você deveria ficar sob as peles, Clarke.
Os sacos de dormir que eles trouxeram proporcionariam calor e conforto, e Lexa não queria que Clarke pegasse um resfriado no primeiro dia de viagem.
– Ou beba mais, – Ryder bufou, oferecendo o frasco com meio sorriso.
Clarke olhou para ele com diversão e pegou sua garrafa de água.
– Estou bem, obrigado.
– Devemos descansar, acordar cedo amanhã, – Lexa decidiu por todos eles. Ficar acordado até tarde não faria bem a eles – pelo menos, não a todos. Talvez se fossem apenas ela e Clarke elas pudessem conversar um pouco e se aproximar para se aquecer ou...
Lexa limpou a garganta para limpar sua mente. Ela olhou para Roan.
– Um dos meus guardas pode fazer a primeira vigília.
Roan concordou com a cabeça e todos tiraram seus sacos de dormir, posicionando-os ao redor do fogo. Conforme ordenado, um dos guardas da comandante assumiu o posto do lado de fora da boca da caverna, prometendo manter o fogo aceso até que seu turno terminasse.
Lexa colocou sua espada ao lado dela, ao seu alcance, e observou Clarke vestir suas próprias peles não muito longe dela. Os outros se estabeleceram no lado oposto da fogueira, a uma distância respeitável. Na penumbra da parede da caverna, ela e Clarke tinham sua relativa privacidade.
Clarke colocou a jaqueta embaixo da cabeça. Ela rolou para o lado, de frente para Lexa.
– Nós vamos acordar cedo amanhã, – Lexa disse a ela suavemente. Ela observou Clarke se mexer, tentando ficar confortável. – Cobrir mais distância.
Embora Lexa os tivesse acelerado pouco depois de iniciar sua jornada, eles não haviam cruzado a distância que deveriam. Se esta fosse a taxa atual, então ela estava certa e eles não alcançariam as terras do Gelo por mais uma semana.
Ela distraidamente calculou sua progressão em sua cabeça, embora não estivesse preocupada com isso. Seu coração batia forte, satisfeita por estar tão perto de Clarke e passar dias ao seu lado, mas Lexa silenciosamente se perguntou por quanto tempo ela poderia usar a jornada deles como uma desculpa para estar perto dela. Sua cabeça lhe disse que não deveria, mas o fogo crepitava suavemente e os olhos brilhantes de Clarke ainda estavam fixos nos dela.
– Ainda acho que essa é uma ideia terrível –, Clarke disse a ela alegremente, enrolando-se um pouco nas peles, – mas não é tão ruim quanto eu pensei que seria.
A boca de Lexa se curvou.
– Claro que não. Um comandante só viaja com classe, Clarke.
Clarke ergueu uma sobrancelha, achando graça.
– Classe? Isso é o que você chama isso? Acho que algo se perdeu na tradução, Lexa.
Ela deixou seu nome ecoar suavemente entre eles e Lexa se perguntou se algum dos outros ouviu, mas não houve reação, nem mesmo um barulho ou tosse. Ela cuidadosamente permitiu um sorriso, um que ela tinha certeza que apenas Clarke notaria.
– Vamos parar em um lago amanhã,– Lexa disse a ela. – Vai ser legal.
Clarke cantarolou, um sorriso que traiu sonolência.
– Acho que nunca ouvi você usar essa palavra antes.
– Eu uso a palavra 'lago' o tempo todo, Clarke –, afirmou Lexa. – Por exemplo, as pessoas do lago , os...
Clarke riu e a interrompeu.
– Não foi isso que eu quis dizer, e você sabe disso. Quem diria que a comandante poderia ser tão espertinha.
Lexa estava prestes a contemplar silenciosamente se deveria ousar outro comentário espirituoso (desta vez relacionado a sua bunda), mas eles foram puxados para fora do momento pelo som de lenha sendo arrastada nas proximidades. O guarda de guarda atiçou o fogo e Lexa olhou para ele, de repente se lembrando de quem ela era.
Seu momento de silêncio foi um pouco quebrado e o corpo de Lexa parecia um pouco mais pesado.
– Você deveria descansar. Os guardas vão ficar de guarda, você está seguro.
Clarke a observou por mais um momento, então murmurou: “Eu sei”.
A garota fechou os olhos, e Lexa soltou um suspiro. Na escuridão da caverna, ela permitiu que seu rosto se suavizasse e, pouco depois, suas pálpebras também se fecharam.
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Território Pegiroso ❍ 𝒕𝒓𝒂𝒅𝒖𝒄̧𝒂̃𝒐 ✔️
أدب الهواةAquele em que Lexa tem que pedir a Niylah para salvar a vida de Clarke, e Lexa não gosta nem um pouco. Tradução da obra: Dangerous Territory de Nordyr - disponível no Ao3.