Lexa estava sentada em uma cadeira ao lado de Clarke, seus dedos brincando com mechas de cabelo loiro e uma carranca em seu rosto jovem. Ela mandou Ryder embora alguns minutos atrás, disse a ele para acampar ao lado do posto comercial, pois eles teriam que passar a noite. Na verdade, ela só precisava de um tempo sozinha.
Um gemido suave dos lábios de Clarke fez a adrenalina correr pelo corpo de Lexa. Ela segurou a mão flácida de Clarke, apertando suavemente, mas não obteve resposta. A menina ainda estava inconsciente.
A mente de Lexa voltou para o dia anterior, quando elas foram para o lago. Ela não podia deixar de se lembrar de como os olhos de Clarke brilhavam sob a luz quente do sol, como borboletas explodiam na barriga de Lexa como se ela fosse uma jovem apaixonada toda vez que Clarke olhava para ela, como ela se sentia livre quando eram apenas as duas.
Parecia um sonho distante agora, neste quarto mal iluminado. Os olhos de Lexa estavam começando a arder com o embaçamento, mas ela piscou. Não era hora de ser fraco.
– Ela é forte. – Niylah estava na abertura da porta, seu ombro contra o batente.
Lexa não tinha certeza de quanto tempo a mulher estava lá, ou se ela a teria notado se o comerciante não tivesse falado.
A mulher respirou novamente, como se estivesse se preparando para dizer mais. Lexa imaginou que seria algo como se ela fosse passar por isso, mas as palavras nunca vieram e Lexa ficou feliz por isso. Um comandante não precisa de consolo e principalmente de falsas esperanças.
A comerciante avançou mais para dentro da sala e pegou o kit médico que ela havia usado antes, arrumando seu conteúdo.
– Você a conhece, – Lexa quebrou o silêncio. Ela tinha descoberto isso.
A lojista parou em seu movimento antes de fechar a caixa e colocá-la de volta na prateleira de onde veio.
– Eu faço –, ela respondeu. – A última vez que vi Clarke, ela estava sendo caçada.
Lexa se lembrava muito bem daquele tempo, incluindo as noites sem dormir que isso lhe causou. Isso fez seu estômago revirar para pensar.
– Então o que ela é para você?
Niylah observou os dois por um momento, encostado em uma pequena mesa perto da parede.
– Uma amiga próxima.
Embora ela parecesse honesta o suficiente, havia algo nela que deixava Lexa em guarda. Era o jeito que ela olhava para Clarke, o jeito que ela cuidou dela com muita familiaridade. O jeito que fez Lexa se lembrar de ainda não e se perguntar se essa mulher tinha passado direto por isso.
Mas isso era difícil de explicar, então Lexa escolheu uma abordagem diferente. Ela se levantou e caminhou mais perto do comerciante, seus dedos flexionando em torno de sua posição familiar no punho da espada.
– Da próxima vez que seu comandante pedir um antídoto, você dá,– ela rosnou, fixando a outra mulher com um olhar severo. – Sem perguntas.
Lexa sabia por que o comerciante estava relutante em compartilhar o antídoto. Ainda assim, a mulher o pegou sem hesitar quando se tratava da vida de Clarke – o que, novamente, era algo que Lexa se sentia aliviada e desconfortável.
– Sha, Heda.
Um gemido suave escapou dos lábios de Clarke e toda a atenção de Lexa foi atraída de volta para a garota na cama. Por agora, ela decidiu, ela não poderia se importar menos com ninguém na sala.
– Nos deixe.
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Território Pegiroso ❍ 𝒕𝒓𝒂𝒅𝒖𝒄̧𝒂̃𝒐 ✔️
FanfictionAquele em que Lexa tem que pedir a Niylah para salvar a vida de Clarke, e Lexa não gosta nem um pouco. Tradução da obra: Dangerous Territory de Nordyr - disponível no Ao3.