No início da tarde, Lexa lhe deu um sorriso – inesperado e emocionante.
– Hod up, – ela chamou para os cavaleiros na frente. – Vamos fazer uma pausa aqui.
Os guardas não ofereceram nenhuma reclamação e Roan também não pareceu se importar, embora a ligação tenha sido um pouco inesperada. Eles não colocaram muito esforço em seu acampamento improvisado; se jogou no chão e deixou os cavalos descansarem de suas bagagens.
Clarke estava prestes a se sentar com os outros quando Lexa veio até ela, ombros todos retos e queixo alto sob o manto de comandante.
Sua voz não combinava com sua aparência.
– Clarke. Eu estava esperando que você desse um passeio comigo.
Dar um passeio parecia a coisa menos óbvia a fazer na situação atual, mas os outros estavam preocupados em cuidar de suas armas e cavalos, e depois de horas na sela Clarke decidiu que esticar as pernas não era uma má ideia. O fato de que isso lhe daria algum tempo sozinha com Lexa era apenas uma razão secundária.
Sempre atento a sua comandante, Ryder se moveu para segui-la, mas uma sacudida curta da cabeça de Lexa o fez ficar. Ele suspirou e voltou sua atenção para o almoço novamente.
Clarke sentiu as folhas e galhos esmagarem sob suas botas. Ela seguiu a outra garota enquanto Lexa, aparentemente sabendo exatamente para onde estava indo, passou por árvores e trilhas lamacentas. Clarke franziu a testa e quase pediu para ela diminuir um pouco, mas a excitação de Lexa a impediu.
Quando chegaram ao seu destino, espalhado abaixo da linha das árvores e iluminado pelo sol, fez sentido. Clarke sorriu para o cenário diante dela. O lago tinha um tom azul e Lexa a encarou com uma expectativa silenciosa em seus olhos.
Tomando discretamente a mão de Clarke, ela os guiou pela pequena colina e mais perto da linha d'água.
Depois de atravessar o terreno rochoso, que Lexa sem dúvida estava usando como desculpa para oferecer uma mão firme, Lexa não perdeu tempo em tirar as botas.
– Os outros não virão nos procurar? – Clarke perguntou. Ela seguiu o exemplo de Lexa e começou a desamarrar seus sapatos.
– Ryder vai detê-los –, Lexa assegurou a ela. – O lago é nosso por enquanto.
Antes que Clarke tivesse tirado as duas meias, Lexa estava se movendo em direção à água com as calças arregaçadas até os joelhos e largando a camisa no chão no caminho, deixando-a amarrada no peito. Clarke observou o descuido incomum do comandante com diversão. Ela pegou a camisa descartada de Lexa e colocou-a com sua própria jaqueta para que eles não a perdessem. Então, de regata e calça, Clarke seguiu a outra garota.A água estava fria – muito fria. Clarke sibilou quando seus pés ficaram submersos. Ela cerrou os dentes e lutou contra o desejo de sair correndo novamente.
Lexa, que estava até os joelhos na água um pouco mais adiante, ergueu o queixo e parecia estar reprimindo um sorriso. Ela levantou uma sobrancelha questionadora.
– Está... frio –, explicou Clarke.
– Sim, – Lexa brincou. Ela parecia estar gostando da temperatura, arrastando as mãos pela água e esperando por Clarke.
Clarke fez beicinho.
– Não quero ir mais longe.
– Vai melhorar, – Lexa prometeu.
Os dentes de Clarke se apertaram um pouco mais e ela passou os braços em volta do torso, como se isso fosse mantê-la aquecida. Ela deu alguns passos hesitantes para frente, lentamente diminuindo a distância entre eles.
Lexa parecia satisfeita quando eles ficaram um ao lado do outro, sorrindo para a expressão mal-humorada de Clarke.
– Ver? Você só precisa se acostumar com isso.
Clarke estava prestes a argumentar que não tinha melhorado nada – se alguma coisa, suas pernas estavam completamente congeladas agora – quando Lexa jogou um pouco de água em sua direção.
Gotas de água encharcavam sua regata, esfriando a pele abaixo. Clarke ficou chocado.
– O que você pensa que está fazendo?
– Estou ajudando você a se acostumar com a água.
Em retaliação, Clarke jogou uma boa onda em Lexa.
– Isso não está ajudando em nada!
Pego de surpresa pelo ataque repentino – talvez ela estivesse apenas tentando ajudar, passou pela mente de Clarke – Lexa congelou. A quantidade de água que Clarke derramou nela foi suficiente para cobrir todo o seu torso, encharcando as ataduras de seu peito e fazendo seu estômago tonificado brilhar ao sol.
Clarke gaguejou as primeiras palavras de um pedido de desculpas, mas Lexa riu – ela riu – com os olhos semicerrados e os ombros saltando e ela parecia tão inteiramente humana que as bochechas de Clarke queimaram.
Clarke foi tirada de seu torpor pela mão de Lexa envolvendo seu braço, puxando-a para a margem novamente com o riso ainda em sua voz.
– Vamos.
– É realmente lindo aqui, – Clarke meditou enquanto eles se sentavam lado a lado na praia um pouco depois, seus pés secando ao sol e suas camisas de volta.
– É, – Lexa assentiu. Eles estavam cercados por árvores escuras que contrastavam com a água aparentemente azul. – O território do norte é conhecido por sua beleza.
Lexa tinha aquela vulnerabilidade em sua voz novamente, aquela que nunca estava presente quando as pessoas a chamavam de Comandante. Olhando para ela, Clarke notou isso no rosto da garota também.
– As pessoas não tanto então? – Clarke perguntou, curiosa para saber o quanto Lexa iria se abrir com ela.
– As pessoas do gelo são muito parecidas com o ambiente –, Lexa respondeu suavemente. – Frias.
Clarke sabia o que isso significava. Alguns pássaros cantavam ao redor deles nas árvores acima, e ela brincava com um fio solto de sua camisa.
– Obrigado por me trazer aqui.
Quando Lexa mencionou seu pit stop na noite anterior, Clarke tinha mais ou menos esperado que toda a sua festa de viagem fizesse uma pausa no lago, não neste momento privado juntos. As exceções que Lexa fez para ela não passaram despercebidas por Clarke. Eles eram bastante carinhosos.
Lexa assentiu uma vez em reconhecimento, seus olhos na água novamente. O sol tinha acabado de atingir seu ponto mais alto no céu e os aqueceu significativamente, embora essa não fosse a única razão para o calor no rosto de Clarke.
Ela pensou em perguntar sobre seus planos assim que chegassem às terras do Gelo, mas decidiu não fazê-lo. Eles teriam tempo suficiente para discutir isso mais tarde e ela não queria estragar este momento, lembrando-os de quem eles eram.
Houve um tempo em que os dois e seu povo não podiam ser diferenciados, um tempo de guerra e política e decisões que tinham que tomar sem emoção. À luz do sol, longe de todos, em algum lugar perto da fronteira de duas terras e escondido entre fileiras de árvores, as coisas eram muito mais simples.
Lexa inclinou a cabeça para trás e fechou os olhos contra a luz do sol, e Clarke se perguntou se eles finalmente estavam fazendo mais do que sobreviver.
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Território Pegiroso ❍ 𝒕𝒓𝒂𝒅𝒖𝒄̧𝒂̃𝒐 ✔️
FanfictionAquele em que Lexa tem que pedir a Niylah para salvar a vida de Clarke, e Lexa não gosta nem um pouco. Tradução da obra: Dangerous Territory de Nordyr - disponível no Ao3.