Como o grupo de viagem era pequeno, as barracas que eles trouxeram não eram tão espaçosas quanto Clarke as tinha visto antes. No entanto, a barraca que ela compartilharia com Lexa ainda era grande o suficiente para se mover enquanto uma cama de casal improvisada estava no canto.
Ryder foi dispensado novamente e Clarke sentou-se na cama, observando Lexa se ocupar com qualquer coisinha que pudesse encontrar: enrolando alguns mapas que estavam por aí, verificando sistematicamente todas as suas armas antes de guardá-las, mantendo-a de costas para Clarke o máximo possível. que possível.
– Ei, – Clarke começou, tendo notado que algo parecia estranho com a garota. – Você está bem?
– Eu estou bem, Clarke, – Lexa respondeu quase com muita facilidade, muito rápido.
Clarke franziu a testa. Isso não a tranquilizou em nada. Ela ignorou a forma como o mundo girou um pouco quando ela se levantou e se aproximou um pouco da outra garota.
Ela baixou a voz.
– Você sabe que nada disso foi culpa sua, certo?
Era um mero palpite sobre o que poderia estar incomodando ela, mas Lexa congelou por um momento, sua espinha tensa, e Clarke de repente percebeu o quão profundamente toda essa situação estava afetando a comandante.
Aborrecia Clarke vê-la desse jeito, especialmente sabendo que ela era a causa. Esperando consolar Lexa de alguma forma – então se perguntando se Lexa alguma vez permitiu que alguém a confortasse – ela fechou a distância entre eles e virou Lexa para encará-la. A comandante ficou quieta, ainda congelada, mas não se afastou.
Ignorando a forma como a proximidade deles quase a dominou, Clarke segurou o lado do rosto de Lexa e a puxou para mais perto para que suas testas pudessem descansar juntas. Ela passou o polegar pela bochecha de Lexa, puxou uma mecha de cabelo encaracolado atrás da orelha.
– Lexa.
Quase imperceptível, Lexa engoliu em seco. Eles estavam muito próximos para que seus olhos se encontrassem e, em vez disso, ela os manteve abaixados.
– Eu assustei você? – Clarke instigou, sabendo agora que Lexa não era de começar uma conversa sobre seus sentimentos.
– Sim, – Lexa bufou, como se isso não devesse ser uma pergunta. – Você me assustou. Eu pensei... eu não sabia o que...
O resto foi interrompido por uma respiração trêmula.
Clarke moveu o braço para abraçar a cintura da garota, puxando-os um contra o outro.
– Sim. Eu sei.
Por um momento eles ficaram quietos, até que Clarke se distraiu com os lábios de Lexa e se pegou pensando no quanto ela queria beijar a garota. A tontura a atingiu com força e ela teve que se lembrar de que estava tentando ajudar, não complicar as coisas aqui.
– Está tudo bem, você sabe disso, certo? – Clarke disse, apertando o braço de Lexa para chamar sua atenção. – Estou bem. Está tudo bem.
Lexa balançou a cabeça, seus olhos se enchendo de vergonha. Ela se afastou um pouco.
– Não está bem, Clarke. Como comandante, é meu dever proteger meu povo. E mais uma vez me mostro incapaz de simplesmente proteger aqueles que estão ao meu lado – de uma cobra selvagem, de todas as ameaças.
– Lexa, isso não foi culpa sua.
As palavras de Clarke pareciam cair em ouvidos surdos.
– Eu fui descuidado, Clarke. Eu nunca deveria ter colocado você em perigo assim. Eu não deveria ter pedido que você viesse conosco...
– Pare com isso. – Clarke não quis ouvir mais nada. – Não há lugar que eu prefira estar do que com você. Picado de cobra ou não.
O peso de suas palavras caiu sobre os dois ao mesmo tempo e o silêncio que se seguiu ficou pesado entre eles. Durou vários momentos, a luz das velas piscando ao redor deles.
Lexa o quebrou inesperadamente.
– Onde você conseguiu essa camisa?
– Uhm, eu – Clarke gaguejou, franzindo a testa para a pergunta aleatória, – Niylah deu para mim.
– Tire isso –, disse Lexa, virando-se para pegar uma de suas mochilas de viagem.
– O que?
– Trouxemos roupas. – Lexa tirou um conjunto limpo de roupas da bolsa.
– Oh. Ok. – Clarke não viu nenhuma razão para recusar e com um movimento rápido tirou a camisa folgada que ela estava vestindo.
Ela encontrou Lexa congelada e olhando para ela com olhos quase comicamente arregalados. A jovem comandante pigarreou e desviou o olhar da pele subitamente exposta de Clarke.
– Você disse para tirar, – Clarke defendeu, confusa com o rubor que se arrastou para os ouvidos de Lexa.
– Eu não quis dizer agora, – Lexa assobiou.
Clarke pegou a nova camisa das mãos de Lexa.
– Oh vamos lá. Você também não hesitou quando fomos nadar antes.
Ainda olhando para o outro lado, Lexa não conseguiu esconder o sorriso. Assim que Clarke vestiu a camisa de volta, Lexa apagou as poucas velas da barraca. Estava ficando tarde.
Clarke já havia se mudado para a cama no canto e assistido Lexa se despir de sua jaqueta e cintos antes de se deitar ao lado dela, alguns centímetros entre seus corpos descansando.
Clarke olhou para a outra garota na penumbra da barraca. Ela alcançou o espaço entre eles e colocou a mão no braço de Lexa, escovando o polegar em um movimento suave até que o rosto do jovem comandante relaxou visivelmente um pouco mais.
– Não há necessidade de manter a guarda esta noite, – Clarke murmurou. – Você pode dormir.
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Território Pegiroso ❍ 𝒕𝒓𝒂𝒅𝒖𝒄̧𝒂̃𝒐 ✔️
FanfictionAquele em que Lexa tem que pedir a Niylah para salvar a vida de Clarke, e Lexa não gosta nem um pouco. Tradução da obra: Dangerous Territory de Nordyr - disponível no Ao3.