Capítulo 14

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- Clarke.

O alarme na voz de Lexa era a coisa mais perturbadora ao seu redor; não do jeito que todos os guerreiros alcançaram as espadas em seus quadris ou o estreitamento dos olhos de Roan ou a elevação profunda do peito de um guarda.

A voz de Lexa escondia o medo e foi isso que fez os pelos do pescoço de Clarke se arrepiarem.

– Não se mexa.

Clarke estava, no entanto, no meio de mudar seu peso, e então ela cuidadosamente colocou o pé mais para baixo. Com os olhos arregalados, ela fixou seu olhar em Lexa, ocasionalmente olhando para os outros guerreiros em busca de uma pista sobre o perigo iminente, enquanto sua coluna se retesava com a adrenalina.

Mais cedo, eles haviam parado em algum lugar na floresta para acampar durante a noite e dois dos guardas já haviam saído para recolher o jantar. O resto deles estava prestes a armar as barracas, suas mochilas estavam a apenas alguns metros de distância, enquanto os cavalos, ainda à vontade, estavam amarrados às árvores próximas.

Clarke não tem certeza do que fez todo mundo entrar em pânico tão de repente. Mas se Lexa disse que você não se mexe, você não se mexe.

E então Clarke congelou. Uma dúzia de perigos possíveis passou por sua mente – a arma de Emerson, uma pantera ou pauna, a lâmina ou flecha de um assassino enviado para matá-los – e Clarke se sentiu vulnerável. Ela ansiava por olhar por cima do ombro, para enfrentar qualquer ameaça que houvesse, para resolver esse sentimento indeciso de luta ou fuga.

Algo farfalhava atrás dela, suavemente e mal tocando as folhas da floresta, e Clarke se assustou com a proximidade. Antes que ela pudesse processar o que poderia ser, seus olhos voaram para a cobra colorida e listrada que deslizou por um galho ao seu lado, colocando a língua para fora, a apenas alguns centímetros de distância dela.

Instintivamente, Clarke se encolheu. Sua primeira reação seria correr o mais longe possível – mas o olhar urgente de Lexa ainda estava sobre ela e Clarke se lembrou de não se mover mesmo quando sua respiração ficou pesada.

– Lexa...

Lexa já estava se movendo lentamente em direção a ela, adaga em punho, enquanto a cobra deslizou mais para baixo do galho, roçando a perna de Clarke.

– O movimento vai agravar isso, – Lexa murmurou, e Clarke tentou desesperadamente se concentrar em sua voz para abafar todo o resto. – Tente ficar quieta.

Antes que o comandante pudesse distrair a cobra, o cavalo mais próximo também percebeu. Ele relinchou de medo e bateu o pé, puxando a coleira e assustando todos eles.

Clarke se encolheu novamente – a adrenalina em seu corpo estava muito alta – e a cobra, agora alerta, abaixou-se antes de mergulhar em sua perna.

- Clarke! – Lexa seguiu a cobra e a repreendeu pelo movimento. Com mãos precisas, Lexa esperou o momento certo e conseguiu parar de segurar sua cabeça, empurrando-a para o chão e enfiando sua adaga em seu crânio.

Clarke cerrou os dentes enquanto observava a cobra deslizar e morrer. Sua perna latejava de dor como se alguém tivesse batido um martelo contra ela. Não havia sangue, mas pelo olhar preocupado no rosto de Lexa e pela dor que ela sentiu antes, ela sabia que tinha sido mordida.

– Não é venenoso, certo?, – A respiração de Clarke estava pesada. Ela procurou os olhos de Lexa desesperadamente. – Certo?

Clarke vasculhou sua mente por qualquer coisa que ela havia aprendido em Habilidades da Terra, e lembrou que mais de setenta por cento das cobras costumavam não ser venenosas.

Costumava ser. Ela tentou ignorar a voz em pânico em sua cabeça que lhe dizia que as coisas haviam mudado com a radiação e as mutações.

Seu coração caiu quando Lexa encontrou seus olhos. Sem dar uma resposta a Clarke, a Comandante virou-se para os outros.

– Precisamos encontrar um curandeiro.

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