"Tudo piorou quando mexeram na minha maior lembrança."
Exatamente seis horas da manhã, a garota que todos chamavam de Seulgi e eu estávamos cuidando dos cavalos, enquanto a irmã nos vigiava a todo tempo. Eu demorava cerca de meia hora para limpar um cavalo por vez, dava banho, penteava os pêlos e crinas, as patas, etc. Eram cerca de oito cavalos e cada uma havia recebido a metade para cuidar. Além de tudo isso, tivemos de alimentá-los, trocar as águas cujo bebiam e limpar o estábulo inteiro.
Eu evitava olhar para ela e mesmo assim, a mesma fazia questão de provocar discussões, como quando esbarrava em meu ombro de propósito, sujava onde eu limpava ou até mesmo debochava de mim por ter feito algo errado. A irmã Irene me auxiliava, Seulgi não precisava de ajuda alguma, pois parecia ser experiente naquilo.
Embora eu tenha feito tudo contra a minha vontade, percebi que cavalos não davam tanto medo quanto eu pensava quando era mais nova, eram tranquilos apesar de grandes e muito bonitos. Além de cavalos, haviam muitos outros animais ali, que a propósito, não sabia quais eram todos.
Era exatamente meio dia e meu estômago roncava de tanta fome que sentia, mas eu necessitava mais de um banho do que comida.
— Espero que um desentendimento tão grave como esse não se repita. — A senhorita dizia diante de nós com sua postura autoritária, mas em um tom calmo e doce. — Apertem suas mãos e peçam desculpas uma a outra.
— Desculpe. — Dissemos juntas e apertamos nossas mãos, sem sinceridade alguma e interesse em fazer as pazes.
— Agora se aprontem para o almoço, nos veremos mais tarde. — Irene se retirou com as mãos atrás, caminhando com a maior tranquilidade diante do sol quente naquele campo.
Seulgi seguiu o seu caminho e eu em direção contrária. Eu caminhava com as mãos no bolso da calça enquanto encarava minhas galochas sujas de barro, até chegar em meu destino e removê-las para entrar na casa. Entrei pela porta da cozinha e todas já estavam na mesa, provavelmente esperando por mim para comer. Não olhei em seus rostos. Eu não queria. Estava envergonhada demais, triste demais, e então, continuei andando com as mãos no bolso e de cabeça baixa. Lavei o meu corpo e troquei de roupa em dez minutos, em seguida desci para comer, mesmo que não quisesse estar ali.
Sentei-me ao lado de Chaeyoung, na ponta da mesa. Ela me olhava de relance algumas vezes e eu fazia o mesmo. Já havia percebido o quão desconfiada ela era e, também, acho que não gostou de mim, não que não tenha motivos para isso, afinal, acho que todas ali tinham.
— Muito bem, meninas, agora vamos dar graças. — Uma senhora chegou colocando a última porção de comida sobre a mesa, logo estendendo suas mãos para as garotas ao lado, que a pegaram assim como as outras. Todas estavam de mãos dadas, com excessão minha.
Chaeyoung me olhava com a mão estendida, assim como a ruiva que estava em minha frente. Hesitando enquanto olhava para suas mãos, todas nos esperavam para começar a oração, então finalmente as peguei.
Estávamos rezando? Era isso mesmo?
Era claro que sim. Na verdade, eu não deveria estar surpresa com um lugar cheio de freiras.
Assim que a cozinheira terminou, todas passaram a se servir e conversar ao mesmo tempo.
— Estou morrendo de fome!! — Momo dizia, sendo a primeira a se servir.
— E quando você não está? — Tzuyu falou após ser atropelada por Momo.
Assim que todas se serviram, a garota ruiva serviu seu prato por último, assim sendo mais tranquilo para ela. Ela me olhava de relance diversas vezes, até que chegou um momento em que passei a encará-la sem disfarçar, de propósito. Ela ficou constrangida, claro, mas fiz para que parasse com aquilo antes que eu mesma perguntasse se tinha algo de errado com a minha cara.
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O Lar das 7 Irmãs - SaiDa
FanficAo crescer em um ambiente familiar tradicional e submeter-se a noites de viagens arriscadas, do dia para noite, Kim Dahyun sobrevive sozinha a um grave acidente na estrada. Agora, uma fazenda, administrada por sete freiras, foi seu último destino. U...