Capítulo 11 - Estrelas Cadentes

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"Não faz mal confiar uma vez..."

Parece que se passou três dias após aquela confusão onde tivemos de ir até a casa daquele homem chinês em meio a madrugada, mas na verdade se passou apenas vinte e duas horas. Era meio esquisito parar para pensar sobre tudo o que me aconteceu em um só dia, mas finalmente estou descansando agora.

Eu não imaginava que ia me sentir confortável nesse lugar, as pessoas, o ambiente... a minha realidade era tão diferente... Agora, acho que fiz amigas. Eu acho que não tinha amigos antes daqui, mamãe vivia implicando com a minha introversão, mas no fundo acho que entendia que é apenas o meu jeito e hoje eu entendo que só estava preocupada comigo. Eu não mudei, mas as pessoas que atualmente estou convivendo estão mudando muita coisa, muita coisa mesmo.

Minatozaki Sana. Já disse o quão calorosa ela é? Ela não tem medo algum de contato físico! Sendo bem sincera, não sei como reagir, mas certamente não está me incomodando tanto. Andei percebendo até quando pegou em minha mão me puxando para este lugar interessante.

Estamos deitadas no telhado de uma casinha de concreto, foi um parto para eu conseguir subir! Sempre fui péssima em escalar árvores, Seoyun era a mais radical e escalava sempre, por eu ser a mais velha, mamãe brigava comigo. Sana me ajudou a subir e foi muito paciente, pois eu estava morrendo de medo da altura, mas confesso que valeu a pena, o céu é magnífico.

— Incrível.

— Você gostou?

— Sem dúvidas! — Deitei a cabeça em minhas mãos. — Nunca tinha visto um céu tão recheado

— Sempre que quiser ver, é só vir aqui, mas não conte a ninguém!!

— Eu prometo! — Afirmei e em seguida Sana estendeu apenas o seu dedo mínimo, olhei para o seu rosto que franzia o cenho e tinha um bico de canto. Era para me intimidar? Ri e logo entrelacei nossos dedinhos. — Mas terei que vir apenas com você, Sana...

— Por quê?

— Não consigo escalar árvores sozinha — A ruiva riu e concordou com a cabeça.

Voltei a olhar para o céu. Com nossos braços deitados no telhado, ainda tínhamos os dedos entrelaçados e não soltamos em momento algum.

Que engraçado, eu nunca tinha feito isso.

Era tão relaxante o silêncio, embora fosse minimamente desconfortável deitar as costas no telhado, acho que por estar cansada eu não me importava tanto. Sana estava um pouco inquieta, mas acho que fazia parte do seu jeito de ser.

— Olha! Uma estrela cadente, faça um pedido! — Ela apontou para tal que riscava rapidamente o céu.

Fechei os meus olhos assim como ela fez. Eu queria tantas coisas, mas não sabia o que desejar...

Bom... Certo.

Eu pedi.

Olhei para o lado e Sana ainda estava de olhos fechados, ela sorriu com os lábios, estava usando gloss labial. Percebi que encarei por muito tempo logo que abriu os olhos e me olhou. Ela sorriu novamente de lábios para mim, soltando um ar nasal e apertando os seus olhos grandes, ou pelo menos o que era exposto. Sana era bonita, sim, mas eu não admitiria.

Eu sou uma idiota, a encarei demais, ela pode pensar que estou doida. Assim que percebi que olhava em seu rosto com uma expressão neutra, sorri de lado e de imediato o desmanchei, virando o rosto para o céu.

Ali estivemos em silêncio por longos minutos, o que me fez pensar que a japonesa pegou no sono, e ela realmente tinha pegado. Eu estava contente por estar vendo aquele céu em cima de um telhado quase uma da madrugada, mas todos os dias sinto que falta uma parte de mim e não consigo parar de pensar. Acho que a pior parte do dia é a hora de dormir, onde está tudo em silêncio e minha mente vem à tona.

O Lar das 7 Irmãs - SaiDaOnde histórias criam vida. Descubra agora