A Luz do Luar

Tudo já foi escrito

Finalmente era quarta-feira, o dia que antecedia o da viagem. Foi resolvido que iriamos em dois carros para economizar gasolina. Camilla e Thais disponibilizaram seus carros. Juliette iria sozinha de moto.

Demorei a ver o grupo quando estavam decidindo quem iria no carro de quem, mas há males que vem para o bem, Lucas também havia demorado tempo o suficiente para que sobrasse apenas dois lugares, um em cada carro, ele havia escolhido ir no carro de Thais, restando lugar apenas no carro de Camilla, que além de mim, levaria João e Vitoria. O restante iria no outro carro.

Camilla havia combinado de buscar cada um em um determinado horário, e o meu era 4h30 da manhã.

Resolvemos ir de madrugada para conseguir curtir um pouco mais.

Saulo havia chegado em casa na terça-feira.

*flashback on*

A campainha tocou, e eu estranhei o fato do porteiro não ter interfonado pra avisar sobre alguma possível visita.

Lucas.

Ele deve ter conseguido arrumar algum jeito de entrar no condomínio sem que ninguém percebesse.

Meu coração disparou, minhas mãos começaram a suar e até tremeram.

Era medo, a mesma sensação que tive quando o vi na entrada da escola de Luna.

Medo da raiva que Lucas poderia estar, para que fosse capaz de invadir meu prédio apenas para falar comigo pessoalmente ou sei lá o que ele quisesse comigo.

A campainha continuava tocando, e eu continuava imóvel, evitando até de respirar para que ele não percebesse que eu estava em casa.

Lucas não seria gentil ao ponto de tocar a campainha ao invés de derrubar a porta pela minha demora em abri-la.

Depois de muita insistência, de quem quer que seja, resolvi levantar e caminhar na ponta dos pés na direção da porta, olhei pelo buraco negro e tudo que vi foi um buquê de rosas.

O buquê foi inclinado para o lado, revelando que era Saulo.

Fechei meus olhos e agradeci mentalmente por não ser Lucas.

Tentei me controlar pelo menos aparentemente para que Saulo não percebesse que eu estava nervosa.

Abri a porta, e o sorriso que se formou em meus lábios foi instantâneo.

— Eu avisei que quando você menos esperasse, eu estaria aqui. Meu irmão me surpreendeu com um abraço super acolhedor. Aquele abraço que apenas pessoas especiais conseguem transmitir, aquele abraço que te deixa leve, aquele abraço que te faz se sentir segura.

Desde o acontecido com o Lucas, eu não tenho me sentido segura, nem em minha própria casa. E não sei se por finalmente me sentir segura ou se pelo abraço familiar, mas me debulhei em lágrimas.

— Ei, ei, ei! Saulo me envolveu ainda mais em seus braços. — Eu tô aqui! Tô com você!

Eu não conseguia dizer uma só palavra, apenas deixava minhas lágrimas rolarem, e não soltava Saulo.

Quando me recuperei um pouco, Saulo beijou o topo de minha cabeça.

— Me desculpa! Eu o soltei. — Entra. Dei passagem para que ele entrasse com as malas, enquanto eu limpava minhas lágrimas.

— Para a irmã mais linda do mundo, mesmo quando chora. Saulo me entregou o buquê antes de entrar.

Era um lindo buquê de rosas vermelhas, apesar de não ser o meu preferido.