Ações dizem mais do que meras palavras

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Todas as decisões e indecisões que você tiver que tomar ao longo da sua vida haverá consequências, e sejam elas boas ou ruins, você precisará lidar com cada uma delas.

E lá estava eu com meus 23 anos tendo que lidar com a consequência de uma escolha que eu fiz quando ainda era uma adolescente.

— Sarah Andrade! A voz grossa do policial me tirou do meu transe. — O delegado está te aguardando.

Olhei para Luna, a minha doce filha, sentada na cadeira ao meu lado. Seus lindos cabelos loiros caíam sobre o seu rosto enquanto ela brincava com suas bonecas, sem ter ideia do que eu estava prestes a fazer.

— Sarah? O policial me chamou pela segunda vez já impaciente. — O seu Clóvis tem um compromisso daqui há 30 minutos, e não vai ficar te esperando, então se você não for logo, não vai conseguir falar com ele hoje.

— Pode ir, Sarah. Mesmo sem olha-la eu pude reconhecer a voz da policial Kerline. — Eu fico com ela!

Ela foi uma das primeiras mulheres que eu descobri das inúmeras traições de Lucas, mas por algum motivo naquele momento eu senti confiança nela.

— Filha? Me agachei na frente de Luna, mas ela permaneceu brincando com suas bonecas. — A mamãe já volta, tá bom?! Tentei ao máximo não deixá-la perceber quaisquer resquícios de tristeza em minha voz.

— Tá, mamãe. Luna finalmente me olhou, e foi o brilho daquelas iris esverdeadas que me motivaram a seguir em frente. Beijei a testa de Luna que voltou a brincar.

— Oi princesinha, você se lembra de mim?! Ouvi Kerline pergunta-la. — A tia pode brincar com você enquanto a sua mãe não volta?! Ela se agachou do meu lado.

— Obrigada pela paciência e empatia! Falei para Kerline, mas encarei o policial impaciente por uns breves segundos para ter certeza que ele entendeu minha fala. — Tentarei não demorar. A avisei.

— Não se preocupa Sarah, faz o que tem que ser feito, nós iremos esperar, o tempo que for preciso! A loira acenou com a cabeça como se soubesse exatamente o motivo da minha ida à delegacia.

Me levantei, respirei o mais fundo que podia e segui o policial em direção a sala do delegado.

Meu coração parecia que ia sair pela minha boca a cada passo que eu dava em direção aquela sala.

Doutor Clóvis.

Eu nunca fui com a cara dele, era nítido que me despia com os olhos, mesmo sendo casado, e sabendo que eu era namorada de seu próprio filho e mãe de sua neta, mas eu não podia pensar nisso agora, havia coisas mais importantes a serem feitas.

— A que devo a honra da sua ilustre visita, minha nora?! Clóvis disse sorridente quando a porta atrás de mim se fechou. — Pode se sentar minha querida, e fica a vontade agora que só estamos nós dois aqui. A insinuação presente em sua voz me embrulhou o estômago.

Há momentos em que ações dizem mais do que meras palavras.

Desci o zíper do casaco de moletom que usava, e fiz as mangas caírem sobre meus braços. Suspendi um pouco minha blusa revelando os hematomas por toda extensão dos meus braços e barriga, era difícil não se espantar diante de tantos hematomas.

Meu estômago revirava tanto que eu jurava a cada segundo que vomitaria alí mesmo, na sala do "renomado delegado Clóvis Viana" como ele adorava ser chamado.

Clóvis retomou literalmente toda sua postura que minutos atrás não estava usando, quando tentava dar em cima de mim, agora o seu lado profissional se fez presente, sua expressão estava séria e até me pareceu levemente assustado, mas não surpreso.

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