𝐂𝐚𝐩𝐢𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟐 // Ace cu de fogo?

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Sanji estava na assando as carnes, e deixando que Usopp cortasse para ele, assim ele teria mais tempo para cuidar da churrasqueira. Luffy estava sentado falando com Zoro, repassando as fofocas recentes.

— E seu irmão? — ele pergunta, bebendo sua cerveja Skol. Luffy dá uma mordida na carne e mastiga, olhando para Zoro e pensando.

— Ele disse que viria, mas não tenho tanta certeza, desde o incidente que aconteceu quando a gente tinha 12 anos, não o vejo perambular por aí. Talvez ele tenha achado um rumo da sua vida — ele  responde, de boca cheia.

O esverdeado assentiu e bebeu mais.

Eles ficaram conversando sobre a vida de Zoro e sobre oque ele fez depois de ir embora, até uma hora que eles escutaram um barulho alto no portão, alguém batendo nele com força.

— Se quebrar meu portãozinho, vai pagar hein! — Luffy grita.

— Abre essa porra aqui, Lucas! — gritou o homem que estava para fora. Ele arqueou a sombrancelha, reconhecia aquela voz. Abriu o portão rápido e viu aquele homem alto, sem camisa — como sempre —, usando um chapéu com alguns acessórios, duas bolinhas azuis com carinhas.

— Ace cu de fogo! — Luffy gritou e Zoro caiu na gargalhada. Seu irmão entrou e acenou para todos, que ficaram surpresos de ver ele pelo bairro de novo.

— Já falei pra parar de me chamar assim! — disse, frustado. Zoro deu uma latinha para ele, que aceitou com agrado.

— Dizem que seu cu queima até hoje... — Riu, se lembrando do que tinha acontecido.

Quando eles ainda eram pequenos, em um sábado a noite, uma das casas do bairro estava em chamas. Os bombeiros estava tentando apagar o fogo e conseguiram tirar toda a família, mas a mãe da criança disse que ela ainda continuava lá dentro. Na época, Ace estava indo ajudar a apagar o fogo e quando escutou, rapidamente entrou dentro da casa em chamas, os bombeiros tentaram impedir mas eles não conseguiram, ele já estava no meio do fogo. O calor fazia Ace suar muito, estava quase desmaiando até que viu a criança embaixo de algumas madeiras e telhas.

Ele correu para ajudá-la, tirou o que havia em cima dela e a pegou no colo, viu seus batimentos cardíacos e tentou se comunicar com ela, mas ela não conseguia falar tanto.

O mesmo pulou a janela e caiu perto de onde eles estavam, ele estava cambaleando. Entregou a criança para o bombeiro mais próximo e caiu no chão. Ficou alguns dias se recuperando no hospital, ele tinha pegado fogo em algumas partes do seu corpo, oque foi um milagre ele ter sobrevivido. E depois, quando ele teve alta, todos começaram a chamar ele assim, mas sabiam que nenhum deles conseguiriam fazer oque ele fez.

—  Todos do bairro te amam por causa disso, você sabe? — Perguntou Francisco, que estava devorando um pedaço de frango.

— Ah, aparentemente sim — respondeu, envergonhado — Mas acho que todo mundo faria o mesmo no meu lugar, né?

Eles olham meio assustados, eles com certeza o fariam mas o resto do bairro nem sonharia nisso, não teriam coragem disso, e naquela época, eles eram crianças, não seriam loucos de arriscarem suas vidas para salvar outra, mesmo se quisessem.

— Na verdade, eu acho que todos consegueriam fazer isso, mas logo morreriam depois, junto com a criança. Você foi corajoso e me surpreende não ter morrido — Rosana diz, lendo um livro calmamente.

— Eu pensei que eu ia morrer, Robin. Mas parece que estou vivo, não é? Não irei morrer tão cedo! Tenho várias coisas a fazer.

—Por exemplo, como conquistar o Yamato.

— Ele? Ele ainda mora aqui? Eu senti tanta a falta dele, em toda a minha viagem por esse Brasil todo, não teve um dia que eu não me lembrava daquele ser humano, ah! — ele dizia, bebendo mais cerveja, enquanto tocava Marília Mendonça no fundo.

— Você ainda não esqueceu ele?

Ace tirou os olhos do céu estrelado e olhou para seu irmão, que perguntava confuso enquanto comia mais um pedaço grande de carne, então respondeu:
Você não entenderia. Ele é a minha lua, o meu céu estrelado, ele é tudo oque eu mais quero em toda a minha vida.... — bebeu mais.

— Acho que você bêbado! — Robin riu quando escutou Bruno falar.

— Cala a boca, Brook. Ele me ama, tá? E eu amo ele — começa a beijar alguma coisa, e Luffy ria.

— Para de beijar meu ombro achando que é seu boy! — Seu irmão riu, beliscando ele.

— Bêbado apaixonado... — O esverdeado disse, mas logo olhou para o loiro, que fazia ainda mais carne e aproveitava para beliscar um pedaço. Ele sentia falta de seu amor, por isso tinha voltado, finalmente podia voltar para os seus braços. Mas não foi oque ele pensou.

Sanji percebeu seu olhar e sua mão tremeu, ele não gostava quando ele o olhava, porquê isso o lembrava de suas noites em que eles dormiam juntos e riam enquanto Zoro reclamava. De seus beijos apaixonados. Mas ele não iria aceitar Zoro de volta, depois dele ter o deixado, depois de ter diro coisas terríveis.

Já era quatro da manhã, Ace ainda estava cantando bêbado, mas logo iria adormecer como todos os outros. Alguns já estavam no quarto de hóspedes dormindo, tipo a Robin, que dormira cedo. Zoro não conseguia dormir, se revirava na cama e nunca conseguia adormecer. Ele se levantou e foi para fora, e viu aqueles cabelos loiros voando pelos ares, aquele mesmo cheiro de cigarro, e aqueles mesmos olhos escuros que o atraem.

— Sanji? — ele o chamou, chegando mais perto lentamente.

O loiro estremeceu, e ficou quieto por um tempo, o que fez Zoro parar de ir em sua direção.

-- Oque você quer?

— Você não consegue dormir também?

— E isso te importa?

Zoro grunhiu.

— Sanji, eu sei que você tá muito bravo comigo e que me quer ver morto, mas você nem sequer conversou comigo! — ele reclamou.

— Eu nunca disse que queria te ver morto — ele se levantou, mas não se virou para olhar para ele — Mas eu também não devo satisfação nenhuma para você, se quiser conversar, então não é a melhor hora.

Zoro ficou quieto por um tempo, pensando oque diria mas no fim nada veio a sua mente.

— Certo, durma bem.

— Obrigado.

Zoro se virou, e ficou encarando a porta, não queria ir dormir, ele queria outra coisa. Mesmo se negando para não fazer aquilo, ele se viro automaticamente e correu atrás de Sanji, que o fez virar assustado.

-- Que merda...  — antes que ele conseguisse terminar sua fala, Zoro roubou um beijo dele, que fez ele ficar surpreso. Logo separaram procurando ar. Ambos sentiam saudades disso, mas não sabiam demonstrar. Um não consegue se expressar; e outro não quer expressar isso.

Zoro continuou, experimentando todo o interior da boca do loiro, sentindo o gosto de cigarro em sua boca, mas não ligava, e Sanji não queria parar, mas doía, doía saber que em breve ele ia deixá-lo denovo, se ele cair em seu encanto novamente.  Ele empurrou Zoro de leve, abaixou a cabeça, tentando evitar olhar para seus olhos.

—Não, não faz isso de novo.

— Me desculpa. Foi automático... — Ele olha para Sanji, e vê saindo pequenas gotas de água — Sanji, eu senti sua falta em toda a minha viagem para São Paulo, eu não conseguia ficar um dia sem pensar em você!

Ele enxugou as lágrimas e parou de chorar, respirando fundo. Não, não podia se deixar chorar desse jeito.

— Adoraria poder confiar em você, mas tudo oque me disse... As vezes aparece em meus sonhos, não é como se eu fosse esquecer. Aquele maldito dia. — ele disse, com amargura em sua voz.

—Sanji, eu posso...

— Não, eu não quero te escutar. Não agora.

— Espere...

— Marimo. Apenas saía. — Pediu.

Zoro olhou para ele, viu que suas mãos estavam tremendo e que nenhuma gota de água saía de seus olhos, ele estava segurando muito bem suas lágrimas. Ele apenas olhou para baixo, desolado, e entrou. Deixando o loiro sozinho... Denovo.

𝐋𝐈𝐒𝐓𝐄𝐍 𝐌𝐄, zosan.Onde histórias criam vida. Descubra agora