1998

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Colégio de Istambul. Pode parecer mais um colégio normal aonde todos os alunos vão para estudar, com seus uniformes bem arrumados. Mas, não é bem assim. Nada é perfeito. E eu sou prova disso.

Fico olhando as ruas, enquanto o motorista conduz o carro para o colégio. Mais um dia, fingindo ser perfeita para um bando de adolescentes puxa sacos. Esse é o preço de ser a filha da estilista mais famosa do país.

-Nada de lanches. - Minha mãe fala, esqueci que ela estava ali.

Minha mãe faz questão de me acompanhar ao colégio todos os dias, para que eu não ponha nenhum alimento na boca.

-Eu sei, mamãe. - Respondo sem animação.

-Não pode engordar, o desfile da nova coleção está chegando, e meu amigo quer muito que você desfile. - Ela fala, pela terceira vez essa manha sobre o desfile.

Não basta eu ser filha de Eleonor Boz, eu também tenho que seguir a carreira dela. Antes de ser a estilista mais famosa, minha mãe foi a modelo mais admirada. Por carregar o título de "modelo mais magra", ela pretende levar isso a sua geração, me usando como marionete.

Chegamos ao colégio, por um motivo me sinto feliz, vou sair desse carro, ficar longe de minha mãe pelas próximas horas. Não falo nada, apenas pego minha bolsa e saiu do carro. Tento não correr, não quero motivos de minha mãe me dando sermão na frente de todos. Eu sei que ela está me observando, quer cuidar para ver se vou por alguma coisa na boca. Minha mãe tem seus espiões, alunos que ela paga para alerta-la a cada coisa que como na escola, se eu comer algo que estou proibida, em casa sofro as consequências.

Paro na frente da entrada, tentando me preparar para mais um dia de aula. Respiro fundo. E caminho lentamente pela entrada. Do lado de fora já ouço várias vozes, adolescentes fofocando, outros trocando flertes. Mais um dia normal no colégio. Caminho em direção a minhas colegas, não as considero amigas, todas são espias de minha mãe. Mas, também não quero ficar sozinha.

-Bom dia meninas. - Cumprimento-as.

-Mia, você viu aquela coleção nova da Gucci? - Lisa pergunta.

- Obvio que ela já viu. A mãe dela é amiga do designer. - Julia responde por mim.

Apenas movo a cabeça com concordância. Falar de minha mãe em casa, e no trabalho dela, eu aguento. Mas, na escola é desconfortável.

Enquanto elas continuam falando sobre as novas coleções da moda. Fico vagando meu olhar ao redor. Eu só queria ser uma adolescente normal. Paro meu olhar em um garoto, já o vi antes. Ele murmura algo no ouvido de outro garoto, um nerd eu diria, e entrega um livro. O nerd concorda e sai, correndo. O garoto olha para o nerd até ele sumir do corredor, depois vira em outra direção, a minha direção. Nossos olhares se encontram, e eu o reconheço. Osman, meu colega de sala. Ele é conhecido por vender informações de provas, e tarefas de sala de aula. E também em fazer aposta com outros alunos. Ele ainda está me olhando, e isso me faz estremecer, e não de um jeito ruim.

Acabo fazendo um olhar de desgosto, e isso o faz soltar um riso de lado. Sou a primeira a desviar o olhar, não quero perder meu tempo com um ninguém. O sinal bate, hora de estudar.

-Vamos. - Nem espero a resposta das meninas, caminho a passos largos em direção a sala.

Sou a primeira a chegar, e caminho mais rápido para pegar a mesa do lado da janela. Adoro passar as aulas olhando em direção a janela, isso de um jeito estranho, me acalma. Sento na cadeira, e começo a tirar os livros de dentro da minha bolsa. Sinto um corpo passar por trás de mim, e sentar a classe à frente da minha. Osman.

-Bom dia, princesa. - Ele fala, usando um tom debochado. - Você sabe falar? - Continua, me provocando.

-Não quero falar com você. - Respondo, mas acabo me arrependendo.

-Tenho que marcar hora? - Ele pergunta com um sorriso no rosto. Odeio esse sorriso.

Quando eu ia responder, outros alunos entram na sala, isso faz com que Osman saia da classe a minha frente, e vá se sentar nas de trás, longe de mim. Acabo sentindo um vazio. Me recomponho, não vale a pena perder tempo com ele.

Lisa chega, e senta do meu lado.

-Amiga, isso pode parecer estranho, mas o Osman está olhando pra cá, como um psicopata. - Ela fala. - Será que ele tem um crush em mim?! - Completa.

Não respondo sua teoria, e muito menos olho para trás. Eu sinto seu olhar em mim. 

Love 101Onde histórias criam vida. Descubra agora