Cap 15: Tatsuo Contra Kenmaru

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A brisa fria da montanha cortava meu rosto enquanto eu subia, cada passo fazendo o chão rangir sob minhas botas. O céu nublado por uma fumaça parecia refletir a tempestade que começava a se formar dentro de mim. Eu sabia que algo estava errado. Ayumi jamais deixaria a casa dela daquele jeito, exposta e sem proteção.

Cheguei ao topo da montanha e parei, observando a pequena cabana de madeira. Algumas tábuas estavam quebradas, parte do telhado desabado, e a cerca que costumava cercar a entrada estava destruída. Um pressentimento ruim tomou conta de mim. Sem hesitar, avancei até a porta, abrindo-a com firmeza.

- O que foi que aconteceu aqui? - perguntei, olhando ao redor.

A mãe de Ayumi estava sentada ao lado da lareira apagada, com os olhos marejados. Ela levantou o olhar ao ouvir minha voz, e seu rosto cansado e abatido deixou claro que algo muito pior havia acontecido.

- Eles levaram minha filha... - ela começou, a voz tremendo. - O general Kenmaru veio com seus homens. Ayumi... ela pegou um empréstimo com o Reino. Não conseguiu pagar a tempo, e agora... agora a levaram como garantia.

Meu corpo inteiro ficou tenso ao ouvir aquilo. Kenmaru. O nome ecoou na minha mente como uma lâmina fria. Ele era conhecido por ser implacável, um general que obedecia cegamente às ordens do Reino e fazia qualquer coisa para cumprir seu dever, não importando quem ele prejudicasse no caminho.

- Um empréstimo? - perguntei, tentando manter a calma.

A mulher assentiu lentamente.

- O sistema de empréstimos do Reino é cruel... Eles oferecem dinheiro a juros baixos para aqueles que precisam, mas qualquer atraso na devolução resulta em punições severas. Ayumi pegou o empréstimo para reparar a casa e cuidar de mim. Quando não conseguiu pagar... eles vieram buscar a dívida de outra forma.

Eu cerrei os punhos com tanta força que senti as unhas cravarem na pele. A raiva borbulhava dentro de mim, crescendo a cada segundo. Senti a abóbora na minha cabeça vibrar e, por um momento, ouvi um leve estalo. Uma rachadura havia se formado nela.

- Eu vou cuidar disso - respondi, minha voz saindo mais grave do que eu esperava.

A mãe de Ayumi me olhou com surpresa e preocupação.

- Por que... por que você quer tanto ajudar minha filha?

Desviei o olhar por um instante, tentando conter a raiva.

- Depois eu explico tudo. Agora, só preciso trazê-la de volta.

Sem esperar uma resposta, virei-me e saí, fechando a porta com firmeza. A energia ao meu redor começou a se agitar, e antes que eu pudesse avançar mais alguns passos, uma figura familiar surgiu à minha frente.

- O que você está fazendo aqui, Keiko? - perguntei, tentando manter a calma.

Ela cruzou os braços, a máscara de cervo pendendo em uma das mãos.

- Senti um pico de energia vindo daqui e sabia que era você. Me transportei automaticamente para cá... parecia grave.

Eu não queria perder mais tempo explicando.

- Preciso cuidar de alguém na cidade.

Antes que ela pudesse responder, desapareci em um flash de velocidade. Eu não me teletransportei, mas fui rápido o suficiente para que nem mesmo Keiko percebesse minha partida.

- Nem foi um teleporte... - ouvi a voz dela dizer ao longe. - Mas foi tão rápido que nem eu percebi.

Quando dei por mim, estava na cidade. As ruas estavam movimentadas, mas foi fácil encontrar o general Kenmaru. Ele estava no centro da praça, arrastando Ayumi à força, com dois soldados ao lado dele. Ayumi tentava se soltar, mas estava presa por correntes grossas e pesadas.

Reapers: Ameaça nas SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora