Reapers: Ameaça nas Sombras

Cap 36: Obscuros

A sala do QG principal dos Ceifadores estava iluminada pelas tochas mágicas, criando sombras dançantes nas paredes de pedra. Eu estava sentado à mesa central, rodeado por Keiko, Akeno, Adam e Ronny. O clima era tenso, e as expressões sérias de todos mostravam que a situação não era nada simples.

As anciãs, Emi e Mie, estavam em pé, lado a lado, olhando para nós com atenção. Elas sempre mantinham aquela aura serena e imponente, mas havia uma preocupação evidente em seus rostos.

— Uma fenda se abriu hoje cedo — disse Emi, com a voz firme. — Ela é gigantesca e instável. Algo ou alguém pode sair de lá a qualquer momento.

— Pode ser uma criatura extremamente poderosa, talvez até algo pior do que os monstros que enfrentamos antes — completou Mie, cruzando os braços. — Precisamos que vocês vão verificar.

Olhei para meus companheiros e vi que todos estavam prontos. Akeno ajustava a espada nas costas, Adam estalava os dedos com um sorriso confiante, e Ronny parecia mais focado do que nunca. Keiko apenas assentiu, como se já soubesse o que eu diria.

— Vamos cuidar disso — respondi. — Só deem o sinal quando estiverem prontas para abrir o portal de teletransporte.

Mie ergueu a mão, interrompendo qualquer tentativa de saída. — Antes disso, precisamos falar com você, Tatsuo. A sós.

Eu fiquei um pouco surpreso, mas fiz sinal para que os outros saíssem da sala. Eles me lançaram olhares curiosos, mas não questionaram. Quando ficamos a sós, Emi e Mie se aproximaram, com expressões mais suaves agora.

— O que você deseja? — perguntou Emi, cruzando os braços, como se já esperasse algo importante.

Eu respirei fundo antes de responder. — Quero que a Ayumi e a Saori fiquem aqui no QG principal. Depois do que o Connor fez, elas não têm mais um lugar seguro para morar. Este é um dos lugares mais protegidos que conheço, e eu ficaria mais tranquilo se elas estivessem aqui.

As duas trocaram olhares, surpresas, mas logo um sorriso suave surgiu nos lábios de Mie.

— Você gosta muito delas, não é? — perguntou ela, em um tom brincalhão, mas com um fundo de seriedade.

— Sim — respondi sem hesitação. — Isso vem de outro mundo, de outra vida. E elas também sabem disso.

As duas pareceram ponderar por um momento, mas logo Emi deu um passo à frente e colocou a mão em meu ombro.

— Entendido. Se é um pedido do nosso... pai, é claro que vamos ajudar.

— Pai? — perguntei, arqueando uma sobrancelha, surpreso com o termo.

Mie deu um leve sorriso e, antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ambas me abraçaram ao mesmo tempo. — Podemos continuar te chamando assim? Afinal, você é o nosso pai de toda forma.

Eu ri, meio sem jeito, mas acabei cedendo. — Se isso faz vocês felizes, por mim tudo bem.

Elas se afastaram, ainda sorrindo. Emi, com uma expressão mais séria, disse: — Mas tem uma condição, pai.

— Qual?

— Prometa que não vai morrer de novo antes de cumprir essa promessa — disse Mie, cruzando os braços e olhando diretamente nos meus olhos.

Por um momento, o peso das palavras delas me atingiu. Morrer de novo... Elas sabiam o que eu passei, o que perdi. E agora, mais do que nunca, eu sentia que não podia falhar.

— Eu prometo. Não vou morrer. Não antes de cumprir todas as minhas promessas.

Elas assentiram, satisfeitas, e eu me levantei, pronto para partir. O portal já estava preparado, e meus companheiros me esperavam lá fora. Mas, por um instante, fiquei parado, olhando para Emi e Mie. Talvez elas não fossem apenas as anciãs dos Ceifadores... talvez fossem um lembrete de que, mesmo em meio ao caos, havia algo pelo qual valia a pena lutar.