Cap 40: O Guardião das Duas Essências

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Caminhávamos por entre as árvores secas e retorcidas das Montanhas Sombrias. A névoa densa ao redor nos envolvia como uma cortina pesada, escondendo os perigos que se escondiam à frente. Cada passo parecia ser seguido por dezenas de olhos invisíveis, e a presença espectral dos monstros era quase sufocante.

Ao meu lado, a espada do caos flutuava, sua energia pulsando suavemente, iluminando o caminho com um brilho vermelho.

— Está preparado, Tatsuo? Esse lugar guarda horrores antigos. E desta vez, eles não se esconderão.

Assenti, sentindo a tensão no ar aumentar a cada segundo. Meu exército se espalhava ao redor, mantendo a formação enquanto avançávamos. Os Abovorans estavam na linha de frente, suas figuras gigantescas cortando o nevoeiro com passos pesados. L liderava uma ala, seus olhos brilhando com a intensidade do caos que agora fluía em suas veias.

— L, mantenha-os atentos. Não podemos ser surpreendidos aqui.

— Pode deixar, chefe. Esses monstros não sabem com quem estão lidando. — Ele respondeu com sua usual confiança, embora eu sentisse a seriedade em sua voz.

Foi então que os monstros surgiram. Criaturas deformadas, com corpos cobertos por chamas negras e olhos sem alma, avançaram como uma onda furiosa. Os espectros, translúcidos e velozes, se misturavam ao ataque, tornando o campo de batalha um caos absoluto.

— Avancem! Não deixem nenhum escapar! — ordenei, enquanto sacava minha espada.

O campo se tornou um espetáculo brutal. Os Abovorans avançaram como muralhas vivas, esmagando tudo em seu caminho. L, com sua velocidade impressionante, cortava os espectros antes que eles sequer tivessem chance de atacar. Meu exército lutava com ferocidade, cada soldado ampliado pelo poder do caos que eu compartilhava com eles.

— Implacáveis… isso é o que vocês são agora. Não parem até que o último deles seja destruído!

A batalha durou mais do que eu esperava, mas, no final, vencemos. O chão estava coberto pelos restos dos monstros e espectros, enquanto meu exército permanecia de pé, triunfante. Respirei fundo, sentindo a energia do caos pulsar ainda mais forte ao meu redor.

Avancei até o centro do campo de batalha, onde uma pequena estrutura de pedra antiga se erguia. Sobre ela, havia um pequeno baú, coberto por símbolos que brilhavam com uma luz azul fraca.

— É isso? — perguntei, olhando para a espada flutuante ao meu lado.

— Sim. Abra-o. Dentro está uma das essências que buscamos.

Com cuidado, levantei a tampa do baú. Lá dentro, repousava uma pequena pedra azul, brilhando intensamente. Sua energia era diferente de tudo que eu já havia sentido antes — poderosa, mas ao mesmo tempo serena, como se equilibrasse perfeitamente o caos que eu carregava.

— Essa é a Essência da Criação. Uma das forças primordiais que moldaram este mundo. Com ela, você poderá fazer mais do que destruir, Tatsuo. Poderá moldar, reconstruir… talvez até criar vida.

Segurei a pedra com cuidado, sentindo sua energia fluir para dentro de mim. Era diferente do caos — menos agressiva, mais controlada.

— E a outra essência? — perguntei, guardando a pedra.

— Está no Abismo Silencioso, um lugar onde até mesmo a luz teme entrar. Lá, você encontrará a Essência da Destruição, o oposto perfeito desta que carrega agora. Com ambas, você poderá se tornar algo que nem eu consigo prever.

Olhei para o horizonte, onde as Montanhas Sombrias terminavam e uma vasta escuridão começava. O Abismo Silencioso nos esperava, e eu sabia que a próxima jornada seria ainda mais perigosa.

— Vamos acabar logo com isso. Não tenho tempo a perder.

Com a pedra azul guardada e meu exército pronto, começamos a caminhar em direção ao Abismo Silencioso, onde a segunda essência aguardava. O destino do mundo estava em jogo, e eu não podia falhar.

Transportamo-nos diretamente para a entrada do Abismo Silencioso, e a paisagem ao redor mudou drasticamente. Era um vale sombrio, cercado por penhascos íngremes que pareciam se curvar sobre nós, como se tentassem nos engolir. A escuridão ali não era natural — ela parecia viva, densa, sufocante, absorvendo qualquer luz que se atrevesse a entrar.

A espada do caos flutuava ao meu lado, irradiando uma leve energia vermelha, iluminando o caminho à nossa frente.

— Esses lugares nunca aparecem em mapas convencionais. Nem neste mundo, nem no outro. Só quem conhece sua existência pode enxergá-los. Como você está ligado a mim, Tatsuo, agora também pode vê-los. Considere isso um privilégio.

Avançamos lentamente pela escuridão, e percebi que meus olhos começavam a brilhar em um tom vermelho intenso. Era uma visão peculiar: enquanto tudo ao redor permanecia envolto em trevas, para mim, as formas e detalhes do caminho tornavam-se claros. Árvores retorcidas, rochas cobertas por uma substância escura e uma leve neblina que se movia ao redor como serpentes dançantes.

— Interessante... — murmurei, observando a paisagem surreal. — Consigo ver tudo claramente. É como se a escuridão não existisse para mim.

— Isso é porque você está se tornando cada vez mais parte de mim. Esses olhos não são apenas seus agora. Eles carregam o caos em sua essência.

Continuamos até uma grande câmara natural no fundo do vale. No centro dela, havia um altar de pedra rústica e, sobre ele, um pequeno baú negro, coberto por runas que brilhavam fracamente em tons azulados.

— Aí está. A segunda essência. Mas cuidado, Tatsuo. — A espada girou no ar, assumindo uma posição de alerta. — As criaturas deste lugar só atacarão quando o baú for aberto e a luz da essência for revelada. Elas se escondem na escuridão, esperando o momento certo para agir.

Olhei ao redor, sentindo várias presenças ocultas. Eram muitas, mas todas permaneceram imóveis, como sombras inertes, observando.

— Não invoquem os soldados. Eu cuidarei disso sozinho.

L e os outros me olharam com preocupação, mas ninguém contestou. Caminhei até o altar, sentindo o ar ao meu redor se tornar mais pesado a cada passo. Quando cheguei ao baú, coloquei as mãos sobre ele e o abri lentamente. Uma luz tremenda explodiu, iluminando toda a câmara. Era uma luz azul, intensa, quase divina, e no centro dela repousava uma pequena pedra roxa escura, pulsando com uma energia indescritível.

Peguei a pedra e me virei, esperando o ataque das criaturas. Mas nada aconteceu. Elas continuavam imóveis, observando à distância.

— Por que elas não atacaram? — perguntei, sem esconder minha surpresa.

— Porque sentem o poder do caos fluindo através de você. Essas criaturas foram criadas por mim há milênios. Elas reconhecem seu mestre.

Aproximei-me lentamente das criaturas. Elas recuavam um pouco, mas não demonstravam hostilidade. A espada flutuava ao meu lado, irradiando um brilho vermelho cada vez mais intenso.

— Agora, Tatsuo, é o momento. Pegue as duas essências e coloque-as no cabo da espada. Veja aqueles dois pequenos encaixes? Eles foram feitos exatamente para isso.

Observei a espada e percebi dois pequenos buracos em seu cabo, cada um com o formato exato das essências que eu carregava. Sem hesitar, coloquei a Essência da Criação em um dos buracos e a Essência da Destruição no outro. Assim que ambas se encaixaram, uma onda de energia colossal explodiu de dentro da espada, envolvendo todo o meu corpo.

A sensação era indescritível. Era como se cada célula do meu corpo fosse preenchida por uma energia infinita, caótica, mas ao mesmo tempo perfeitamente equilibrada. Meus olhos brilharam ainda mais intensamente, e a escuridão ao redor desapareceu por completo, substituída por uma luz avermelhada que pulsava no ritmo do meu coração.

— Agora você tem o corpo perfeito para suportar 100% do meu poder, Tatsuo. Você se tornou algo além do que qualquer um neste mundo poderia imaginar.

Sentia cada fibra do meu ser em sintonia com aquela energia. Era como se eu pudesse moldar a própria realidade ao meu redor. Não havia mais limites.

Reapers: Ameaça nas SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora