Capítulo 4 - Música vs. Álcool

106 9 4
                                    

Julie

Acordei toda dolorida por ter dormido no sofá. Abri os olhos com dificuldades por causa da luz forte do sol entrando pelas janelas que esqueci de fechar na noite anterior. Ao sentar, senti minha cabeça pesar. Então, deitei novamente. No chão, há uma garrafa de whiskey. Eu nem gosto muito, mas, por estar vazia, acredito que não me importei com o gosto ontem. Próximo da bebida tem um caderno aberto com algo rabiscado. Estiquei o braço e o puxei.

Esperta, Julie...escrevi tudo que fiz e decidi ontem para não esquecer hoje, apesar de lembrar de algumas coisas, como Flynn fingindo que não existo, Luke se divertindo no dia do nosso aniversário e eu transando (sóbria) com Zac. Falando no empresário, precisamos conversar. Sentei no sofá e levantei devagar para não me desequilibrar. Joguei a garrafa no lixo, lavei meu rosto e escovei os dentes para esconder que bebi até dormir e fui ao quarto. Ele ainda descansa nu, enrolado nos lençóis. O chamei de longe, mas nem se moveu. Me aproximei e o sacudi levemente, gritando assustada ao ser puxada por Morrison e caindo em cima dele.

- Bom dia! Quer repetir a dose de ontem? - perguntou com a voz rouca de sono, abraçando minha cintura e dando um selinho.

- Nós temos que conversar sobre isso - avisei, desvencilhando dos seus braços.

- Você se arrependeu - deduziu em um suspiro triste - Pode pegar minhas roupas no chão para a conversa não ser tão constrangedora? - entreguei e Zac se vestiu por baixo do lençol - Então...

- Primeiro, quero pedir desculpas por ter brincado com seus sentimentos. E por ter dado a certeza de que não me arrependeria.

- Eu suspeitei que isso aconteceria, pois viu em mim uma maneira de esquecer o Luke. Eu sabia que estava sendo um substituto qualquer e aceitei porque gosto muito de você, Julie.

- Desculpa, de verdade. Isso não vai se repetir - balancei a cabeça odiando a situação que criei - Se eu sugerir, você deve negar. Por mais que eu implore, o correto é me trancar em um quarto e buscar depois da crise - ele concordou rindo, o que deixou o ambiente mais leve - No momento, estou precisando bastante de um amigo, não de um parceiro de sexo.

- Compreendido, chefe - fingiu bater continência e tentei segurar a risada, mas foi impossível - É bom te ver sorrindo, nem que seja por um minuto. Como está se sentindo?

- Uma merda. Perdi um namorado incrível e acho que nunca vou recuperá-lo, nem superar nossa relação - as lágrimas caem com facilidade. O aperto no coração retornou, assim como o enorme peso nas costas - Às vezes, consigo esquecer do Luke, mas a dor sempre volta horas depois ou no dia seguinte. É sempre um efeito passageiro.

- Julie, tenho certeza de que encontrará algo que vai te ajudar a passar por esse momento. Se precisar conversar pode me ligar - enfatizou a palavra, levantando as sobrancelhas - Não importa a hora, estarei disponível.

- Obrigada - agradeci envergonhada olhando para minhas mãos - posso te dar um abraço sem segundas intenções?

- Quando as pessoas falam 'um dia, estará rindo dessa situação', eu pensei que levava, sei lá, uns anos para acontecer. Não horas depois do ocorrido - rindo, revirei os olhos. Ele abriu os braços e envolveu meu corpo - Se cuida, Julie. Tudo vai se resolver.

- Espero - nos distanciamos e ele apontou para a porta, informando que vai embora.

- Sei que está de férias, mas porque não tenta escrever algumas músicas? Elas nem precisam ser para o próximo álbum, apenas uma forma de colocar para fora tudo que está sentindo - sugeriu antes de se retirar do quarto.

- Vou tentar - sorri sem mostrar os dentes e ele pareceu orgulhoso.

Assim que escutei a porta da sala fechando, cai de costas no colchão. Bom, pelo menos, o cheiro de Patterson saiu da cama. E aqui estou eu, de novo, pensando nele. Mas que caralho! Por que tão difícil? Peguei um travesseiro, o apertei com força contra meu rosto e gritei até cansar.

Um Sonho Popstar 2 (Juke - JATP)Onde histórias criam vida. Descubra agora