Um Sonho Popstar 2 (Juke - JATP)

Capítulo 11 - Lista de promessas

Julie

Uma forte luz branca incomoda minha visão. Coloco a mão na frente dos meus olhos e tento observá-la pela fresta entre meus dedos. O clarão é convidativo, parece me chamar de alguma forma. Olho ao redor e me encontro em um vazio. Tudo está escuro. Pergunto se há alguém comigo e escuto apenas meu eco. Com receio, ando em direção à luz. Porém, ela parece cada vez mais distante. Corro até cansar. A respiração fica pesada, tento puxar todo o ar possível. Por que não consigo alcançá-la? Estico a mão e ainda estou longe. Como isso é possível?

Paro por alguns segundos e apoio as mãos nos joelhos. Com a cabeça abaixada, deixo lágrimas escaparem. Eu lembro de um carro me acertando, apenas. Será que eu morri? O que está acontecendo? Se o clarão é uma forma de escapar daqui e sobreviver, por que não consigo chegar nele? Talvez por não ter ninguém me esperando em Los Angeles? Será que minha partida é um livramento para todos aqueles que já fizeram parte da minha vida e ficarei presa nesse vazio por toda a eternidade? Sempre tentando fugir, mas nunca tendo sucesso?

Pelo visto, nunca terei as respostas dessas perguntas. Eu faria de tudo para ter uma garrafa de bebida alcóolica na minha mão ou uma caixa de cigarros. Qualquer coisa para tirar essa ansiedade do meu corpo e eu apagar. E já que estou fadada a ficar nesse espaço, nada melhor do que apagar para sempre.

O chão preto ao meu redor é iluminado aos poucos. Quando levanto a cabeça, encontro a forte luz em minha frente. Com muito cuidado e medo, adentro com os olhos fechados para descobrir o que há do outro lado. Ao abri-los, descubro que estou em uma espécie de jardim bem verde e florido. Olho para trás e o clarão sumiu. Ótimo...agora preciso desvendar o motivo de ter sido enviada para cá. Como fazer isso?

Enquanto tento pensar em formas de dar um fim a esse enigma, uma música invade o ambiente. Soa distante e a pessoa toca piano. Como não há nada por perto que possa me ajudar, sigo a canção para ver se alguém pode dar uma simples orientação. O volume aumenta, indicando que estou próxima, e escuto uma mulher cantarolando Somewhere Only We Know. Nesse momento, paro no meio do caminho sentindo meus batimentos cardíacos acelerarem drasticamente. Não é possível! Com lágrimas nos olhos, corro até o local e encontro uma mulher de cabelos cacheados e vestido lilás sentada em frente ao instrumento.

- Mamãe? - a chamo com a voz trêmula. Quando a pessoa se vira em minha direção, confirmo que é a minha falecida mãe.

- Olá, querida. Senti sua falta - ela levanta do banco e abre os braços. Quase tropeçando nos próprios pés, consigo alcançá-la e recebo o abraço mais reconfortante. Meu choro se intensifica - Está tudo bem, minha pequena Julie. Você ficará bem, mas precisamos conversar, filha - ela afaga meu cabelo tentando me acalmar.

- Por favor, só mais um pouco - fecho os olhos com força e a aperto mais - Faz meses que não me sinto protegida e amada.

- Não temos muito tempo, querida. Vamos caminhar um pouco, certo? Me dê sua mão - entrelaçamos nossas mãos e ela me guia pelo imenso jardim, que parece não ter fim. O pequeno contato me traz uma sensação de segurança. Sinto que nada de ruim acontecerá comigo enquanto a mamãe estiver ao meu lado - Nossa conversa terá quatro temas: Ray, Luke, música e seu novo vício - engulo em seco e passo a olhar para os meus pés - E não adianta fugir, minha pequena. Não importa onde se esconda, eu te encontrarei. Conheço esse mundo como a palma da minha mão.

- Tudo bem, mas...antes de qualquer coisa...eu morri? - pergunto baixinho por ter medo da resposta.

- Isso depende do que você decidirá após nossa conversa - balanço a cabeça, mostrando ter compreendido, e peço para a mamãe falar o que precisa. Sei que vai doer, independentemente do assunto. Porém, não tenho outra opção - Vamos começar pelo seu pai. Julie, estou ciente de tudo que meu marido fez. Sei que está magoada, e com razão. Ray cometeu muitos erros sérios e eu fiquei desacredita ao ver o que ele estava fazendo com a própria filha. A nossa pequena.